As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos
As nossas memórias



_ De repente,
Sem que ela esperasse,
a máquina chamada tempo, lhe arrastou para um passado
muito distante, quase apagado.
As nossas lembranças são ventos que não descansam em nós, são fragmentos do tempo que vai nos transformando, transportando, moldando-nos, mas não esquecemos as nossas raízes, nem as recordações que nos emociona.
Você vai juntando o que ouviu na infância, e muito mais o que vivenciou,
Então não quer que alguns pontos importantes para você mesma, fiquem esquecidos, ...Dos fatos marcantes que ao longo da vida você vai deixando para trás, sendo a bagagem do seu inconsciente para a sua formação como ser humano,
A convivência com a sua família, com a natureza, com as dificuldades,
Recordações dos esforços e responsabilidades de quase seis décadas,
Dos seus primeiros dissabores,
É você olhar para trás e sorrir recordando os cenários.
É você chorar de saudades, daquelas pessoas queridas que passaram por sua vida e que nunca mais voltarão, porque já não estão mais vivos, bem como os irmãos, avós, e seu pai. A forma como os perdemos,
Nem parece que foi real o que passamos, de bom ou de ruim... Mais se parece com pesadelos do que com os sonhos e com sonhos daqueles que ao despertamos, sentimos alívio ou sentimento de perda, então a saudade machuca.
Porque lembrar os sofrimentos,
Porque não ressaltarmos somente o que nos fez feliz?
Continuarmos o nosso caminho, nesse jeito antigo de ver o mundo e tudo o que nele está contido.
- Dá ainda mesmo que com a mente cansada, caminhar em lembranças, pelo jardim da casa da mamãe, mexer nas suas margaridas, nas rosas dálias, no amor-perfeito, nas boninas, nas rosas vermelhas, rosas cor de rosa, amarelas, brancas, nos bugaris, nos jasmins, nas espirradeiras, nas florezinhas de nome primavera que subiam à cerca da frente da casa, assim era o seu muro feito de varas. ...Dá para sentir o cheiro das flores, e mais adiante, a hortaliça, era tudo tão bom, tão verde, e da latada de maracujá amarelinhos. Ali não faltava todos os dias as borboletas, não mesmo, não faltava o beija-flor. Era muito mais bonito de se ver do que de se lembrar,
Não faltava também no enorme quintal da mamãe, longe do seu jardim à frente da casa, a criação de porcos, galinhas, patos, ... E no meio da tarde o café preto, sem leite, sem creme, era um café simples com tapioca com côco e o pão.
Lágrimas, de saudades.
Hoje, não tem mais nada disso, nem a casa está cheia de irmãos, todos seguiram suas vidas, ela, a minha mãe, está velhinha, quase sem poder andar, conta as mesmas histórias, e eu as ouço, repetidas vezes e gosto, fico olhando para ela e lembrando a mulher forte que ela foi...
Quando ela pergunta; - Tu se lembra?
_ Lembro disso mais não mamãe.
( respondo, esperando ela relembrar e me contar)
Ou por outra a ajudo à se lembrar.
Quantas vezes rimos e choramos juntas nossas saudades;
É a vida, são as nossas memórias, a alegria e a dor de cada um.
 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 28/09/2016
Alterado em 28/09/2016
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