As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos



 
 
Poemas secos
        Texto
 


 
 

Não sei ao certo se era sede pelas letras, ou pela vida, sei que buscava qualquer coisa que lhe faltava. Nos seus olhos a fome estampada, querendo qualquer uma frase só, que descrevesse, que tocasse, dando sentido não sei bem a quê. Quiçá, sarar alguma ferida. Mas não negava, apreciava quem tinha o dom de escrever. Lia e relia as suas linhas, e ficava mais perdida, tonta, tonta em meio àquelas palavras desconexas, soltas, loucas, que nada de um amor dizia. Poemas secos, complexos, que a alma, só entristecia.
Não havia má vontade em sua incompreensão, tal qual um quadro torto, pendurado com palavras aguadas, sem doce sem sal, sem emoção.
Os próprios sonhos pressentem quando vão morrendo aos poucos por dentro, até não terem mais nada para dizer. Sem imitar as letras que atravessam as portas e alucinadas percorrem as ruas, era dessas almas que gritam, sem eco, mas sabem que a vida continua. Sonhos desesperados que em palavras não sabem nunca se expressar, conscientes que em solo infértil não adianta plantar.
Mas no fundo eles escondem algo que jamais confessariam.  Era só um coração seco feito àqueles versos, feito a terra que rejeita a semente que nunca irá vingar. Finge ter uma pedra dentro do peito, sufoca palavras, mas só reflete no espelho o retrato de sua solidão que não tem mais jeito, um ser desses merece um descanso, porque busca, busca,
Sem se reencontrar. Nem no amor, pois vive perdido bem no meio da multidão.

 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 04/09/2017
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