A vida dispensa títulos
Lembro quando a vida me olhou pela primeira vez
Ela me chamou e disse vá ...
Acredito que ela se identificou comigo.
A vida
Detesta correntes em seus pés, em suas mãos.
Não marca território,
Não traz na mão nenhum carimbo ou tombamento,
A Vida Dispensa Títulos.
Não me perdi, à esta altura não vou me perder.
Peço, não me pergunte para onde eu vou
Nem eu mesma sei...
Uma coisa é certa, se eu for,
Não terei hora certa para voltar.
Se quiser me encontrar, já sabe;
Onde houver um mistério
Onde houver caminho,
Que seja, belo,
Verdejante, ou bem, torrão,
Seco, cheio de pedras, sem flores e sem espinhos.
Onde eu estiver, será um lugar quieto,
Silencioso,
Com sombra, e com vento fino,
Pelo menos em minha imaginação.
Um bom lugar
Para a minha alma cansada de gente,
Descansar...
Pode ir por aí tentando me achar, saberá,
Foi ali onde refiz o meu lugar.
Só vou avisando que, no percurso até aqui,
Não brinque com os espinhos, não rasgue as pétalas das rosas
Que por ventura encontrar,
Para não se ferir e antes de chegar não me ferir,
E ouvir de longe o meu grito - Dê meia volta,
Não estou para prosas, medeixe só, aqui.
Liduina do Nascimento