As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos




                                      Lucidez




Há muito tempo, existiu uma flor que voou, voou demais, até se transformar em uma borboleta muito bela e atrevida. Todos naquela região, a conhecia, Borboleta-flor,
sempre debochava de uma borboletinha
que ficava no chão do jardim, frágil, tola,
Só sonhando, imaginem.

- Das flores mais formosas, o seu coração foi logo se apaixonar pelo girassol. Ela, sem poder alcançá-lo,
Porque havia desaprendido à voar, sonhava, sonhava com ele, sem se cansar. A borboleta-flor, dela,  ria, ria, enquanto se jogava à sorte.
Não gostava de bobagens, assim ela dizia, nem de poesia,
voava cega à lua, ao sol, à vida, sobre o amor, ela nada sabia...
- Que borboleta esperta essa, que não sofre por amor, queria ser assim.
- Pensava a apaixonada borboletinha. O girassol, nem existia!

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Pensando nas borboletas, acabei lembrando de mim,
do tempo em que sai juntando os pedaços de minha alma, sem conseguir recuperá-la. Algumas transformações não acontecem só de dentro para fora, o que nos cerca, nos ajuda a mudar.
Penso que já não sou mais louca, me sinto muito normal. Às vezes durmo borboleta, acordo mar, sou onda que se joga na areia sem saber se os sonhos ou algum barco vai quebrar, daqui a pouco sou pescador em alto mar, sem medo algum de naufragar. Agora no café sou a mesa posta, ouço os pássaros no meio da noite, sinto um mundo caindo sobre a minha cabeça.
Não sou mais louca, lúcida e racional sou, mas, ainda prefiro as buzinas, prefiro barulho do mundo, deixei o sossego para trás,
minhas alucinações de menina. Quero a realidade, ah essa me anima.






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Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 24/06/2018
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