As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
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                                         A  ÚLTIMA AUDIÊNCIA



Cada vez que se aproximava o dia para mais uma maçante e pesarosa audiência, inconveniente para sua cabeça que gostava de ser livre... Sentia uma vontade de morrer. Mas não podia. Tinha que ir até o final do túnel. Naquele instante jurou para si mesma que jamais viveria algo igual, estava ali uma situação em que poderia pronunciar com convicção, a palavra "Jamais". Lembrou que a oito anos atrás, longos oito anos, era sempre a mesma coisa, aquela mesma sensação de perder tanto tempo sem saber se iria por fim ganhar aquilo que sabia ser seu por direito.
Até mesmo passar em frente ao Fórum, já lhe causava náuseas. Era a vida real... Quanto poderia ter sido economizado de tanto desgaste físico e emocional. Certos processos se arrastam, desgastam em demasia, que levam junto com eles para os arquivos públicos, um tanto gigante assim, de vida, Porém era uma questão de proteção para os seus filhos. Daqui a pouco teria a definição, não sabia se estava preparada quando o Juiz decidisse por fim o que iria fazer com o resto de sua vida. Porque a única meta dela era vencer, Isso amenizaria o seu sofrimento, se sentiria recompensada.
Ainda pensou no quanto deveria ter escolhido ser uma advogada. Sorriu por dentro, sabendo que com muita garra, ainda haveria tempo para tal... Quem sabe, doravante, pudesse lutar por outras causas, a favor de pessoas frágeis, sensíveis e injustiçadas.
Não. Não tinha mais essa força ou tal garra, estava muito cansada, sentiu uma melancolia profunda.  Respirou fundo, abraçou aquela tristeza, depois repensou. Uma dor tomou conta daquela mulher, até ela cair em si e na  sua realidade. Sabia que na última audiência, não poderia fraquejar... De repente, olhou com um olhar firme e com simpatia, mostrando uma tranquilidade que não sentia, para o diretor daquela Vara Cível, que acabara de lhe chamar. Era chegada a hora.
Os confrontos às vezes se fazem mais do que necessários, para alcançarmos a nossa vitória que muitas vezes não está nas mãos de nenhum Juiz, mais dentro de nós.
Vitória que não significa ganhar bens materias, mas recuperar a dignidade. Ela sentia ter sido uma vencedora desde que nasceu.

Liduina do Nascimento





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Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 11/06/2015
Alterado em 12/06/2015
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