As estações da alma
A alma voa, deixando os seus rastros em forma de poesia.
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Andar de bicicleta…



Somos mesmo autores da nossa vida,
das nossas próprias histórias?
Até que ponto nós nos apropriamos de nós mesmos e conduzimos nossa existência, escolhendo nossos amigos, nossas relações?
E em que medida somos tão somente conduzidos pelo acaso permitindo que fiquemos, como barcos, à deriva dos bons e maus tempos?
Sabemos bem da quantidade de condicionamentos que, desde a infância, já nos limitam, nos restringem…
Que nem todos possuem uma paisagem da janela,
ora! se nem mesmo um abrigo todos possuem!  

Falo sobre a liberdade, por que me sinto livre ao andar sob as rodas, como se estivesse conduzindo não apenas uma bicicleta, mas toda a minha vida, ainda que nem esteja, sinto como se estivesse no controle, embora esse instante seja tão frágil e a qualquer vacilo meu tudo me fuja, inclusive eu mesma. Compreendo esse momento como uma analogia para algumas coisas, como para a amizade (empatia); pois o outro é
sempre lembrado por mim, tanto pelos riscos que pode me causar, tanto pelo zelo que devo ter por sua existência, é um momento doce de solidão acompanhada, porque ainda que me sinta distante - em um mundo só meu - sinto-me na companhia de todos.

É uma analogia também para o amor…Há grandes ladeiras, algumas
bem arriscadas, mas também fascinantes! Que só de imaginar percorrer dá um frio na barriga, mas como disse, algumas proibidas, então, pondero…Tenho muito receio de cair, por isso uso os “freios” e vou seguindo, usando-os de modo que não perca o controle, passo a racionalizar a situação, penso no momento da queda: “E se vier um carro e por descuido me acertar?”, “se me desequilibrar e cair lá do alto?”, “se a estrada ficar por demais estreita?”...

Há imprevistos no percurso, não há dúvidas, assim como há na vida, afinal estou viva! Mas a vida não chega assim tão impetuosa quando se usa muito os freios, assim como não parece tão viva quando não nos permitimos amar por temer a queda, mas os freios nos dão, quem sabe, uma sensação de segurança, no entanto, parece-me que para provar da plenitude do instante é necessário se permitir à queda. Porque a privação que os freios nos trazem anulam a possibilidade do frio na barriga.

Tentar dizer de um sentimento, de uma afecção é, como tantos já disseram, acreditar ao mesmo tempo que seria possível restringi-lo nessas linhas. Você me perguntou se eu conseguiria expressar a sensação de andar de bicicleta ouvindo música, bem , eis a tentativa...

Autora:

Lílian Cristiane Louvrier
 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 14/07/2015
Alterado em 10/05/2016
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