As estações da alma
A alma voa, deixando os seus rastros em forma de poesia.
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                        Pluma

                                      
Se era noite; Vagalumes.
Ela, pluma.
Pensava mundos, deitava nuvens
Cercando levemente, a fria lua.
Se era dia; Descia borboleta, às flores,
Viajava nas cores,
O amor não desbota.
Virando o tempo, despertando a aurora
Inquieta pluma solta, vagando
Voando voando
Sem descanso algum.
Habituando a alma ao desconforto,
Retornava. Misturava-se às ondas,
Ora peixe
Ora rio, invadia o mar.
Agora?
Retornando... Olhos vazios,
Do seu amor,
Não haveria de se cansar.
Em terra firme, grãos pisados, encharcados
Machucava a areia.
Ela pluma,
Passando pelas dunas sem motivo pra  parar.
Observava, pálida longitude,
Lamentos, duma ostra
Espelhava-se nela, com sofrimento,
Não escutava o canto das sereias.
Precisava ter consciência que era pluma,
Cujo destino, só, somente voar!
Vivia... Para cá para lá,
Precisando dum gesto, dum abrigo
Qualquer palavra, um acalentar.
Queria o impossível,
Só escutava gritos
Guerra dos ventos, alucinados gemidos.
E insistia, em ser? Não era nada,
Era somente uma simples pluma
Contrita, na cega vontade dele, mas... Silêncio.
Como desistir... Dele precisava,
Daquele rosto, dele, dele, era todos os seus gostos.
Queria, ah como queria àquele amor,
Ou por outra,
Arrancar do peito a dolorida saudade.
Olhando o infinito, outra vez cumpriu sua sina,
Voltou às
Nuvens, sem abraço, ao relento, relento...
O único que a acolhe, que bem conhece o seu eu.
E ele?
Sem ele, nada de felicidade.
Ela, pluma, triste, culpada, recordou:
Erros, excessos, sabia, que o decepcionou.
Mas,  o retrato dele, já não a contentava.
É... Sabia que o sufocou, destruiu o sonho,
Quanto arrependimento.
O amor estava ali, nela,  teria ele, solução?
Ainda haverá tempo?
Ela, a simples pluma, teria um  perdão?
Perder-te, perder-te, para sempre?
Não.
Seguirá, desejando um instante,
Será eternamente no pouco tempo
A mais infeliz, das plumas,
Pluma sem sonhos,
Àqueles mesmos sonhos, que não mais a acharão?
Precisava reinventar-se, voltar à acreditar,
Arriscar?
O que fazer? Não conseguia esquecer
Sem àquele amor não conseguia continuar.
                                          ...Quando,
Súbitamente, veio uma ventania forte,
E àquela  pluma, pra bem longe levou!
Num sôfrego instante,
Ela de olhos fechados, pensou; -Será chegado o meu fim?
Qual fim nada, estava ele, abrindo as tão amadas mãos
Num abraço insubstituível
Recebia de volta a pluma e o seu amor
Foi miragem, ao mesmo tempo sonho, que se realizou.
A pluma conseguiu, do seu amor, o esperado perdão.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 18/05/2016
Alterado em 19/05/2016
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