As estações da alma
A alma voa, deixando os seus rastros em forma de poesia.
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Nascimento



 


Com o meu peito apertado, tento escrever, segurando a emoção.
Uma das coisas que o meu pai me dizia sempre, era: - Minha filha eu lhe admiro tanto por ser essa mulher que se você tornou. E eu fico me pergundando: - No que foi mesmo que eu me tornei? Uma tola apaixonada, que continua acreditando no amor. Como seria maravilhoso se o meu pai ainda estivesse aqui. O que ele mais queria era que eu fosse muito feliz. - Eu continuo tentando papai, vou aqui de degrau em degrau.
Aprendi a arte de ser mãe, com a minha mãe, e de ser pai, com você, Pedro Florêncio, aprendi a ouvir mais do que falar, aprendi a me colocar no lugar de cada um dos meus filhos, antes de qualquer julgamento em alguma atitude deles, aprendi que dando amor demais aos filhos, não os estragamos em sua educação. Aprendi a viver com sua simplicidade, humildade, fazendo aos menos favorecidos, a caridade acima de tudo, incondicionalmente a entender que liberdade com responsabilidade, é muito importante. Sempre me refiro ao meu pai, como uma pessoa feliz, porque ele vivia sorrindo, não possuía um inimigo sequer... Gostava de gente.
                              Contava tantas histórias, e ria com facilidade, que saudades das suas risadas papai...
                       Grande amante da vida.
 
Dói muito remexer com as lembranças sobre o meu pai, pela falta que ele me faz, por ele ter sido um homem muito especial em minha vida ... A falta dele não descansa em mim por um dia sequer. Eu tento fugir de um momento assim; Escrever falando sobre ele... Mas, não dá para calar, sufocar algo forte assim. meu pai, meu amigo, Pedro Florêncio do Nascimento.

                                              - Nascimento -

Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete, em agosto, mês o qual eu julgo o ano quase pronto! Parece que nesse período do ano tudo vai dando mais certo, até o calor vai se resfriando, efeito dos ventos que sopram mais forte pelos lados de cá. Para a alegria do meu pai. Considero agosto,  ' a cereja do bolo! Gosto de agosto, acho que foi pelo fato de eu saber que fui ansiosamente esperada pelo meu pai, até acho graça às vezes quando a minha mãe me fala; Que ele guardava lacinhos para os meus cabelos, esperando a minha suposta chegada. ...Lá vem a dona cegonha dois anos antes do meu nascimento. - Mas, que sem vergonha! Ele dizia. Não foi dessa vez.
Nascia o meu segundo irmão, Francisco. - (In memorian)                                                    ...Que por coincidência nasceu em outubro, quase no mesmo dia do aniversário do nosso pai. Então não nascia a menina que ele tanto esperava, os lacinhos, tiveram que esperar, só que o meu nascimento, veio quase dois anos depois do Chico, e eu ganhei também como primeiro nome: Francisca, ...Chica.
...Não era esse o nome que o meu pai queria, o meu nome também já estava programado por ele, junto com os laços, "Aurenir"  Era assim que ele me chamava com tanto gosto, nome que ele associou ao nome da minha mãe Dona Áurea.
O que ele não sabia, é que a minha mãe já havia feito uma promessa a outros santos para que eu fosse chamada de Francisca... Liduina... do Nascimento.
-Voltando ao meu irmão, Chico. Naquele futuro, hoje tão distante, nós fomos grandes amigos, eu, o Chico e o meu pai... Três malucos felizes que bebiam a vida, como as marés brincam com os ventos! Hoje, eu sinto essa saudade irreparável... Eu não costumo reclamar sempre da vida, só às vezes, deixo os meus queixumes para o outro o outro mais outro dia, e assim no dia seguinte eu já esqueci o que era e sigo... Sempre fui um ser desprovido de traumas, recalques ou preconceitos... Vivo em meu canto sem incomodar as pessoas, a vida é harmonia, é maravilhosa, o que acontece ao meu redor se às vezes não me agrada, se não posso mudar, eu me fecho no meu mundo... Fui e serei de paz. Das confusões eu fujo, e de competições de qualquer gênero, fujo muito mais.

A herança que meu pai me deixou foi a alegria de existir, e comemorar as manhãs e o discorrer de cada dia...  ...Da minha inocente juventude revolucionária da qual eu me apropriei em meu egoísmo próprio da mocidade, trago satisfação, sempre fiz tudo o que eu quis fazer sem me preocupar com as opiniões alheias. Amei e amo o caminho que tracei  para a minha liberdade que à duras penas eu conquistei. Sou livre! Embora não tenha como ir para o 'Lugar que eu mais desejo, ainda assim vou em sonhos... Ainda, mas... Um dia irei de verdade.
Não consigo entender como um ser humano consegue prender-se sem querer sentir o gosto da liberdade. A vida é uma só.

Um dia,
Quis de certa forma ter os meus filhos para serem mesmo somente meus! Sim, sou mãe solteira... Não tive paciência para um relaciomanento duradouro, aceitando o machismo como coisa natural. Venho de uma época em que essa, de produção independetnte, era uma grande vergonha para as famílias, eu nunca me preocupei com isso. Eu sofri muito preconceito na década de oitenta, quando dei a luz ao meu primeiro filho, Jean Antonio, depois vieram as meninas, Lídia Áurea e também a minha Lílian "Chris Louvrier"  -  Meus tesouros!
Então, nunca me importei com o quê, nem com quem... Importei-me sim, em dar bom exemplo pra eles, amar e cuidar dos meus filhos,  e até hoje cuido, até onde eles me permitem. Reconheço que a minha alma é impetuosa, louca! Assim como reconheço que sempre fui ansiosa irreverente, atropelando o tempo tempo .. Tempo, hoje .. Meu grande aliado. Caminhamos...
E os meus filhos sempre me aceitaram assim do jeito que sou. Mas, amo a humanidade, lamento o caos no mundo por conta da ambição, dela, vem o desamor.
Quando um filho é bem amado, ele sairá sim distribuindo amor por onde passar. Quando eu penso em algum motivo maior pra eu ter vindo a esse mundo... Não tenho outra explicação: - Meu pai, você e minha mãe, quiseram que eu viesse.
E me ensinaram e me guiaram... Não segui muito à risca, mas não foram tantos erros meus, até que tentei acertar quando veio o meu amadurecimento. Foi um bom saldo. Enquanto pessoas seguem os seus caminhos e vão em busca não sei do que, sem encontrarem os seus rumos... Eu me sinto gratificada, realizada, pois eu encontrei o meu caminho.

E ...Por falar em pai, se você ainda estivesse aqui, eu lhe diria; - Muito obrigada meu pai, por ter me feito ver a vida assim de uma forma gratificante, do jeito que apesar de tudo, continuo mirando e apontando o horizonte... Você sabia meu pai sobre quase tudo de mim, pois saiba: Eu não me perdi. Continuarei sendo a sua Aurenir e lhe amarei enquanto eu existir, é muito bom saber que o meu nascimento foi tão esperado por você, papai. Ah e eu continuo amando o lugar que você nasceu, ali mesmo onde hoje dorme para sempre.




















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Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 12/08/2016
Alterado em 26/09/2016
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