As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos



 


Camisa
de
Força
 



( Crônica )
Do Livro:
A VIDA DISPENSA TÍTULOS
                De:  
- Liduina do Nascimento

 



Camisa de Força


 
A primeira vez que fui chamada de louca, eu me senti estranha, sabendo que desde cedo eu nunca fui por mim mesma, tida como normal, depois com o passar dos dias, me senti em casa, foi aí que eu me redescobri. Foi aí também que eu percebi que era tão bom ser eu mesma, que fosse louca ou uma tola que está sempre buscando algo em vão.

E se não for poesia? E se não sei realmente fazer poesias, eu faço frases curtas, ou longos textos, faço apenas a vontade da minha mente que quer dizer, quer escrever coisas, conectas, porque sente coisas que não cabem em si, em mim... Por isso preciso falar.
 
Aos poucos construí um mundo diferente, para nele eu poder viver os dias que me faltam para completar a minha jornada por aqui onde vivem os simples mortais. Não necessariamente precisamos conviver com os noticiários sangrentos, com com a essência amarga da vida. Há tantas maravilhas à serem absorvidas, há vida no sopro de cada instante. Há vida no avião que passa em seu voo rasteiro, cheio de passageiros sem destino, ou outros, no alto do céu, em voo livre, por dentro, alguns voam para onde quiserem, já outros aqui embaixo, não tem o direito sequer de sonhar em voar... É a vida... Mas há um consolo para a alma; Há vida até mesmo nas prisões e em todo lugar, até mesmo ao observarmos alguns de nossos sonhos pendurados, os nossos sonhos? - São lencóis no varal, ao vento, loucos para transformar em realidades seus devaneios!

A vida?  - É a nossa eterna fuga da solidão e do sofrimento, todos somos e seremos eternamente sós... E... Se não for poesia, é mesmo essa loucura de buscar a vida no riso, na flor, no vento, em... no... - Ou num estranho amor.

Sinto-me uma folha seca comum, caindo num solo seco, à beira dum abismo. Olho para a andorinha com alma de inverno, procurando o seu bando para aceitar os verões e verões uma vez que jamais verá a neve... Contudo, ainda assim buscar um oásis, pelo menos, no seu grande deserto. Que essa solidão de certa forma, em minha loucura; satisfatória... Seja exemplo de plenitude, do não ser nada e tudo ser, tudo buscar e nada encontrar. 

Ser quase, é ser correto, ser louco, é ser o excesso que foge aos padrões, é um jeito de ser... E se não agrada? Fazer o quê?

Eu sou feito àquele pássaro que com ele ninguém se importa, ninguém vê,  sou àquela louca, prestes à entrar numa camisa de força, porque só sei nessa vida, amar, e continuarei voando, voando... Até um dia desses, a morte me levar, mas o amor que há em mim, não haverá de morrer.

Autora:    - Liduina do Nascimento
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 02/11/2016
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