Ser livre
é essa vontade de não sentir, de não dizer,
essa vontade de não me contentar,
de não ter que escrever,
deixar o inesperado acontecer, voar,
e não me chocar, não lamentar
e  mais adiante num banco de praça,
a minha alma acalmar.
Esquecer a ira, ignorar o perdão, ser só amor,
seja com quem for, e dividir o pão.
De ouvir a música que eu gosto,
que me faz viajar,
enquanto esqueço a pancada do pilão,
o tilintar das correntes,
da escravidão,
dum tempo passado e tão presente.
No futuro não quero ter esquecido,
dos ritmos
de ferramentas trocadas, escondendo
a dor e os gemidos.