As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos









As cores deste sábado



Você já acordou com a sensação de que a felicidade está
à sorrir para você? Porque rir é fácil, mas sorrir com os olhos,
É o que eu chamo de alegria de viver... 

O amor ele é um mistério que nos surpreende!
Acordei com essa imagem em minha alma, não foi sonho...

Alguém sorriu com gosto e com os olhos, direto para mim.
Não foi uma pessoa qualquer, foi exatamente, o amor da minha
vida! Assim estou à janela... Do tempo. Sorrindo também.

É raro eu fechar as janelas do meu quarto, se me fecho
em meu pequeno mundo, ao redor o que vejo são objetos
silenciosos, estáticos. Sinto vertigem, me imagino
dentro de uma prisão. Não posso manter as janelas fechadas.
Gosto de olhar para o movimento em cima dos telhados:
Lá tem um, dois, três, quatro, cinco... Dois correram, chegaram
mais três, coitadinhos dos pombos que não sossegam, os gatos
não os deixam pousar... São muitos gatos.

Agora bem abaixo, os costumeiros visitantes, seis ou oito
borboletas pequenas com cores variando entre o branco e amarelo,
daquelas borboletas simples, só tem uma bem grande e diferente
no meio delas. Lnda! Vem vestida toda de preto com amarelo,
deve ser a que comanda todas as outras borboletinhas, pois quando
dão o seu espetáculo, a borboleta grande vai embora e as outras
menores, todas somem.

Atribuo essa visita matinal e essa festa que eles fazem, por conta
do terreno cheio de plantas, flores, também as flores minúsculas
da árvore sinalizando que em breve teremos frutos.

Lindo de se ouvir em harmonia com a visão, é o canto dos
passarinhos, e descem e sobem e voam, de uma árvore
para outra, e desaparecem... Eles são demais!
Não descansam, e nem se calam, e o meu casal preferido, 
que não sei se são os mesmos não tem como saber, acho
que sim, mas todas as manhãs eles aparecem juntinhos,
eles não se misturam, e voam e cantam, depois um sobe 
no galho mais alto e grita, lá vai ela, ou ele, vai se saber
o gênero, o que importa? Sei que é um casal de 'Bem-te-vi'
Depois também eles desaparecem... Depois voltam...

A manhã vai se adiantando, o sol vai ficando muito quente,
num cenário desse, como posso fechar as janelas?
É como se estivesse proibindo os meus olhos de conversar 
com a minha alma que fica em festa! E o por do sol, então?
No entardecer, é quando eles todos voltam para os ninhos.
E os gatos voltam descem os telhados, correndo feito meninos,
e o dia vai embora...  Passam o dia pelo mundo, agora,
tudo vai se aquietando...

A minha alma também, daqui a pouco virá a noite, a festa
das nuvens, não. Esse espetáculo da vida, eu não posso perder.
Os meus olhos não podem se privar de ver o que a vida tem
para me oferecer. Tudo isso, bem no meio da cidade, onde
me refugio nesse meu mundo, esqueço o barulho dos carros
e nem reparo nas sirenas insuportáveis, e buzinas.
Afinal ainda estou de quarentena. Resta olhar os ipês floridos,
mais adiante um pequeno lago... E eu, pensando em você,
e a vida é... Uma festa! Que festa!

Não posso dizer que o meu mundo é restrito, é o que tenho, isso
eu chamo de saber aproveitar o simples e sentir felicidade.
Não posso sair, viajar, ir às praias, estou refém em minha cidade,
mas tenho um coração cheio de amor, lembrando que os jardins
de quem guarda no peito uma antiga paixão, também acorda
sorrindo olhando, amando o amor e as cores da vida, na verdade
este sábado ganhou uma cor inesquecível e especial demais.


 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 03/10/2020
Alterado em 03/10/2020
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