As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos




Contraste
 

Os trovões vieram despertar a todos nós. Depois, seria impossível continuar dormindo, mesmo um sono pesado que fosse. A intensidade dos raios clareava o quarto, a madrugada toda foi de muita chuva, de céu muito escuro, até mesmo a eletricidade parou, não daria para sonhar nem acordada, ouvindo os estrondos de um trovão seguido de outro. Medo? Muito medo, afinal estamos assustados demais, um risco daqui, outro dali. Não tem como fugir da nossa fragilidade, achamos que conquistamos algo, fomos capazes de vencermos tantas batalhas, até percebermos que sempre estaremos em guerra, aflição de quem vive, podendo ser as internas, as externas, e àquelas invisíveis.

Lembrei sim, do nosso sertanejo que chora por chuva, olhando a terra seca, sem uma folha verde por onde a vista passa, e contra os céus, atravessando os garranchos ressecados, quebrados pelos ventos, morre um homem muito mais de desgosto que da fome, sem perder a sua fé, os que ficam, ainda conseguem erguer os olhos, em reverência retirar o seu chapéu e pedir que chova, para que possam trabalhar e alimentar suas famílias.

Ainda acredito que apesar de tudo, devo agradecer, e render-me diante das graças alcançadas, qualquer coisa por dentro vai acalmando, a alma vai sarando, afinal, do que estou reclamando? A paz interior de certa forma vai aos poucos se encaixando. Não adianta espernear, o mundo não gira por minha causa, nada se resume nas minhas vontades, ou temores. Nada.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 17/03/2021
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