As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos




Resiliente



 


Tem algo nessa viagem que estamos ainda tendo a chance de fazermos, que se chama vida... e que não podemos fugir, é a realidade... que é a idade e a nossa fisionomia, o cansaço natural do corpo, por mais que disso tentemos mentir para nós mesmos, não adianta as selfies, os filtros, o anonimato... as fugas, os disfarces. Outro dia, eu estava olhando alguns perfis, a maioria das pessoas que tem a mesma idade que eu, ou muito mais, não colocam às vistas, a sua idade no Recanto das letras... sabe, à essa altura das nossas vidas, não adianta, enganar-se, acho bobagem, o tempo não é implacável, somos nós quem sabemos o percurso da nossa estrada, se foi árdua, suave, de certa forma, curta, ou longa demais... costumo sem orgulho, enfrentar a realidade vivida e aquela que ainda terei por viver, a nossa viagem, a nossa estrada eu suponho, nos trouxe a lugar nenhum, ou a lugares inesquecíveis e surpreendentes, satisfatórios, ou não. Resta-nos agradecermos ou lamentarmos, e eu no caso, só tenho a agradecer, porque eu fiz sim, tudo aquilo que eu quis, vivi cada segundo de vida como se fosse o último, gritei, chorei, sorri, reivindiquei, e se nada valeu a pena, eu digo que para mim, valeu cada gota de vida, cada história, cada hora, cada ano, cada milímetro de tempo e de estrada... fui esposa, fui amante, fui namorada, hoje; sou essa senhora centrada, meio sábia, meia tola, meio lua, meio sonhadora, resiliente, eu sou a velha expectativa das coisas que me aguardam nessa nova estrada, ou poderei ser o fim, daqui a pouco. A certeza que eu carrego é a de que não adianta se esconder, o tempo vai lhe encontrar. Dos invernos, sou... Poesia, caminho, pedras, deserto, oásis, parando em cada estação... desencontro e encontro de sonhos, em invernos, enxurrada de fantasia e muita paixão... paixão por um poeta, e por sua poesia, paixão pelo amor e pela vida. Os meus invernos não foram muitos, mas os poucos que enfrentei se fizeram fonte eterna de inspiração, em meus invernos o amor me aqueceu, mesmo que em sonhos, ao despertar, era somente o amor que como botão cor de rosa, floresceu.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 30/08/2021
Alterado em 01/09/2021