Prosa matinal
Sem ter o que fazer é como dizer sem ter no que pensar. Estamos sempre pensando, ou fazendo alguma coisa. Quando a gente gosta das pequenas e simples coisas, encontramos uma satisfação interior e assim, sentimos com mais força a vida. Hoje acordei às cinco de uma manhã com cheiro de flor do mato, aquele cheirinho frio que parece nos abraçar... Não gosto de sair de casa antes de dar essa voltinha matinal, é onde respiro feliz e calmamente, troco o néctar dos beijinhas, vejo uma flor nova que nasce, e até dou uma conversadinha com elas todas.
Parei... Descobri num cantinho lá no meio das ripas do alpendre um ninho, além de amar os passarinhos eu gosto dos seus ninhos, da sua arte, porque é uma arte maravilhosa! Entrei por instantes, pois percebi que tinha um serzinho com olhos assustados, que ainda assim acabou voando... que confiança! Com tantas árvores nos vizinhos escolher ali para por seus ovinhos, voltei e fiquei por ali regando as plantas, pois o sol quando vem não tem piedade, deixa tudo bem sequinho, se não houver cuidado, elas rapidinho ressecam, e isso eu não deixo acontecer...
Confesso, tive uma vontade danada de ' por hoje ficar em casa, e calmamente tomar o meu café e do mundo lá fora, por um tempo esquecer, mas não fiquei. Não sei se o que gosto mais: Poesia bem cedinho, ou do meu quintal. Muitas vezes fico com vontade de num final de semana fugir pra serra, pegar a estrada que eu amo, penso: - E digo pra mim mesma, depois eu vou... falta coragem, acho que a idade por fim chegou, prefiro ficar na preguiça, sentindo a alegria de ficar ali, sozinha na simplicidade do meu recanto do lar e calada, pensando na vida, sem precisar conviver, sendo totalmente quem eu sou. Então... A estrada ficará para depois, quando eu tiver mais tempo.
Liduina do Nascimento