Uma viagem sem volta
( apenas um texto )
Ainda pude vislumbrar o vulto ao longe... Agora... Tão longe está dos meus ideais!
Foi quando ouvi falar mais alto o meu amor próprio, a minha dignidade de saber ser mulher que não se rasteja, não se deixa ser humilhada ou lamenta.
Chorar por que e pelo que? Tantas lutas ganhas, tantas conquistas!
Ninguém chora ao despertar dum sonho.
A arte de saber entender, as despedidas atada à sabedoria de abraçar o novo.
O desconhecido... Podemos nos matarmos aos poucos, em nome do que idealizamos e obstinados não entendemos o momento que se desfez...
É preciso desprendermo-nos de nós mesmos. E termos consciência de que viver é reinventar, renovarmos as nossas próprias estações da alma...
Quando falamos de amor achamos que falamos do sentimento que poderia completar o outro, como completar o que será eternamente incompleto? - Também em nós!
Enquanto o nosso egoísmo busca saciar o próprio âmago, a paranóia, nada mais é do que um escudo para não enxergarmos o caos que está o mundo, mas não perdermos a percepção de que o paraíso é algo particular, ele está em cada um de nós. Para que ao nosso redor tudo permaneça à contento.
A vida é essa, nua e crua que também traz os seus encantos, sorrir para tudo isso é fantástico! O mundo é maravilhoso e viver então! Se não está sendo valorizado, repense... A vida é sua! Essa é a sua maior conquista, é a vitória sobre as suas batalhas. A não solidão dos amantes, não deixa de ser também uma mentira, quando ambos se encaminham por suas vidas, alado e sozinhos. Somos estranhos à nós mesmos, nos acostumamos com o nosso jeito de ser! Convivemos com as nossas buscas, julgamos alguns fracassos infindos, mas no fundo sabemos até onde podemos ir, sabemos o que queremos, o que sacia e o que será uma eterna fome em nós. Há sempre tempo e jeito de reerguermos o nosso ser.
Sabemos quando somos um estorvo. Pra que?
Amar-se primeiro, depois aos outros... ...Ou não.
Algumas ilusões tentamos firmar, dessas que por algum tempo traz alento aos nossos anseios, percebemos então que do jeito que vem, se esvai de nós... Meras fantasias que alucinam e tiram-nos do foco que é o instante.
É que tem dia... E dias, que as nossas almas saem de nós e ficam vagando por aí julgando estar numa grande viagem, quando nos damos conta de que nem saímos do lugar.
Mas corremos perigo de escorregarmos pelos deseperos, as angústias que irão persistir. Não faça da alma de ninguém, seu abrigo... Não culpemos os outros...
Quando viver é urgente, que felicidade mesmo... É abrir os olhos para vermos que o sol está em nós, a luz está em nossa alma e não nos outros.
Liduina do Nascimento
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