Pobrezinhos
Não era desse jeito que eu queria, meus versos... intermináveis. Gritos, sufocados, desesperados, de insônias! Desengonçados, cabisbaixos, iludidos. Escrevendo tudo, tudo sem sentido, não era desse jeito, ah não era, os versos que um dia, tentei dizer... deslizes sem rumo, com sonhos tortos, com os quais, não me acostumo. Não era desse jeito, pelas ruas, lidos sozinhos, sem paixão, versos solidão, sem fixar-se em nada, à esmo, em vão, pobrezinhos.
Versos dos beijos sem carinho, plumas soltas pelos ares, perdidos... sem saber de você, sem saber de mim, sem porquês. Não era desse jeito... Letras soltas ao vento, mãos sem poder tocar, versos sem braços e sem abraços. Desgarrados na vida, versos assombrados, feito um vaqueiro voltando, apavorado, no deserto, com sede, e suados versos... De desamor de laços sem condução. Versos buscando um rio sem leito...
Não era, não era desse jeito. Primeiro precisava de sol, da abundância das águas, daquilo e disso, os meus versos precisava. Não era desse jeito, queria a ilha só para nós dois, e nós ilhados, precisando das flores, e em suas asas, do alto eu via as cores. Aqui não queria ficar, preciso voltar para casa. Quero versos de amor real, e não sonhado. Esse fogo, pelos ventos apagado, minha alma segue o destino, pisando pelas brasas.