As estações da alma
A alma voa, deixando os seus rastros em forma de poesia.
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Eurice e Davi


Antes era apenas um terreno ao lado do nosso, na infância, um terreno por onde apareceu um herdeiro jovem, ele só vinha raramente... e ficava pelo quintal com os meus pais e meus irmãos acompanhando a matança de porcos que de tempo em tempo o meu pai fazia porque gostava daquela festa no quintal... eu me apavorava, eu tinha uns cinco anos apenas mas lembro tudo... E aquele rapaz branquinho legal, gente boa foi se chegando e se tornou até hoje um grande amigo da família. Ele possuía um Jipp antigo!
E nos levava a mim meus pais e o meu irmão mais velho para uma plantação de cajueiros em todos os muitos outubros da nossa infância, traziamos tantos cajus!! Deliciosos e coloridos.. Depois a minha mãe ainda fazia doce perfeitos!
Um tempo depois arrumou a casa toda bonitinha ao lado e trouxe uma exposa, acabara de casar.
Chegaram e lá construiram suas vidas..
Hoje aos meus 58 anos... Vou chegando à casa de minha mãe quando saio mais cedo do trabalho... Eles estão alí, já com seus sessenta anos, sentados à frente da sua casa (que casa! linda!) Outro dia foram assaltados alí mesmo, rendidos, mas não deixam de sentar-se no final do dia comecinho de noite na calçada... Chego, estão lá os dois sentados um ao lado do outro, caladinhos...
Ao me verem descer do carro soltam os dois as vozes, com muita alegria! Jogafazemos uma alegria só... eu sempre com pressa, porque depois da mamãe eu tenho que correr pra fazer o jantar dos filhos..
Dou-lhes um bocadinho de atenção prometo aparecer e fujo, penso tanto neles quando saio dali...
Isso é lá pelas 19hs, entro na minha antiga casa brinco com a minha única irmã que ficou morando com a mamãe, sózinhas também e volto para casa. Pensando tanto!
Me dá um aperto, uma saudade penosa dos velhos tempos...
E como tudo vai ficando para trás na vida.
E eu antes com passos rápidos cheio de vigor, já volto então a pé, cansada do dia de trabalho... A rua em que eu fui criada...
e eles aquele casal ali na calçada, me fez lembrar de suas vidas:
Seus filhos os vi crescer, acompanhei todos os passos...
Seus filhos, seus sonhos.. Um, teve paralisia infantil, mas superou, com a dedicação e amor de sua mãe, até hoje é um vencedor, batalhador, casou teve dois filhos lindos e uma esposa.. hoje já estão separados mas estão bem...
O outro filho optou por morar sózinho há anos vive nos Estados Unidos.
Eles ficaram ali, com a certeza do dever cumprido.. São dois cidadãos de bem.. E saio me perguntando será que são felizes?
Gosto muito deles. Devo muito a ela, me ajudou muito no passado quando eu tive o meu primeiro filho e fui embora pra Manaus... Que Deus os abençõe.
Acompanharam de perto a morte da minha irmã adotiva, a morte do meu irmão com C.A. a morte da minha outra irmã também com C.A. a morte do meu pai e recentemente a morte da minha avó... Acompanharam todas as nossas etapas felizes e tristes e sempre ali... prontos a dar uma força!
Dona Eurice e Seu Davi... como eu gosto de vocês!
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 21/04/2012
Alterado em 24/05/2016
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