Mundo de Ilusão e palavras
Liduina do Nascimento
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Textos




Madrugadas




O que eu escrevo, não significa autobiografia,
escrevo devaneios desses que sonho, acordada.
Fantasio a vida, viajo no tempo, faço textos
poéticos, e sem pretensão, pelas madrugadas.

Não faço questão de aparecer, o valor
da poesia está em soltá-la com os ventos.
Não sou escritora, nem me daria esse título
de poeta, seria audácia, não sei sequer
a categoria exata, nem preciso saber.
Para mim, são versos soltos e iguais, sem 
a preocupação de competir com ninguém.
O importante é escrever...
Sobre coisas que a minha alma, insiste em dizer.

Caminho numa rua deserta, sem olhar para os lados
ou para trás... Escrever por si só, me satisfaz.
Da criança que fui, tenho doces lembranças. 

A chuva me representa, tudo no inverno
devolve a minha essência. As ruas lavadas,  as flores
lindas e orvalhadas, as trovoadas, o céu encoberto
pelas nuvens em tom escuro,
adoro o barulho da chuva intensa, e seu
efeito depois, quando se derramam as flores,
e as folhagens verdes sobre os montes e os muros.


Nasci no verão... Desconfio que fui entregue 
na estação errada. Sou do mês de agosto.
Nordestina, de Fortaleza-Ceará.
Adoro a minha cidade.
A poesia em mim, é feito chuva que chega
enchendo as cachoeiras... Vou sentindo,
vou dizendo, não me inspiro nos outros.
Tenho explosões de pensamentos,
escrevendo reconheço a felicidade.

O que flui são sentimentos sobre o amor,
sobre a delicadeza e beleza da vida,
escrevo sobre as dores duma alma, que 
não descansa, pode ser a minha, sobre almas vivas.
almas bem resolvidas e àquelas perdidas.

Escrevendo a fantasia do amor que criei,
então, que interessante,
descobri, nunca tive o amor que desejei...
Sou realidade e sonho, fugindo do meu deserto
permanente, sou a estrada, sou a flor,
a poesia é como um casamento,
sou os versos que componho, na alegria ou na dor.



Francisca Liduina do Nascimento



Suspiros perdidos



Em meus pensamentos
quantas vezes caminhei em sua direção,
sonhava acordada,
era você o meu mundo de ilusão.
O meu amor por você,
tão intenso, tão profundo,
tão cheio de esperança,
findou na falta de um adeus,
hoje vivo somente de lembranças.

Amar não significa ser amada,
aprendi com você,
que o amor não passa,
um vez que aconteceu,
ele deixa a sua alma marcada.

Os meus olhos, posso fechar,
posso ainda ouvir a sua voz,
e viajar na beleza do seu olhar,
que embora tão distante
nunca irei esquecer,
perdi um mundo cheio de cor,
os meus passos agora
não são mágicos,
nem as minhas fantasias tem gosto de amor,
porque para sempre perdi você.
Ontem a noite
senti uma saudade que era sua,
chorei sem consolo,
enfim dormi
abraçada com a tristeza,
desejando ter de volta a minha alegria.

Foi quando em meus sonhos,
juro,
mais uma vez você chegou,
incrível, é como até em sonhos
você faz tanto bem à minha vida,
mata um pouco da saudade,
com olhos de amor,
a sua voz, e os seus beijos
a minha alma acalentou
parecendo realidade.

Despertei
procurando por você que não está,
não está. Nunca estará.

À janela do tempo, percebo um trem ao longe,
e em pensamentos, sozinha,
baixinho pergunto;
Trem ...O que leva?
Trem ...O que traz?
  Ah ...Ele já passou...
Não importa,
sem respostas,
para onde o trem partiu.
Deixo a vida passar,
com a lembrança desse amor,
que da minha vida fugiu.

Amor solitário, de desejos contidos,
nos trens da vida,
à janela, meus suspiros perdidos.

Caminhos iguais,
são os de quem ama, sem poder amar,
sempre haverá alguém como eu,
desconsolado mundo à fora,
pensando num amor, sem nada esperar.

Eu ainda amo voce,
amo, amo,
para sempre vou lhe amar,
quero que você venha
assim,
mesmo que seja em sonhos,
os mesmos sonhos
que sabem como lhe encontrar.

Para o amor não existe o impossível,
um dia, quem sabe,
mesmo que sejamos bem velhinhos,
exatamente como você dizia,
as nossas mãos ainda possam se tocar.



Pouso Proibido




Você pode caminhar o resto da sua estrada eternamente sozinho,
relembrando coisas marcantes de sua vida
sem esquecer de nada, guardar tudo com muito carinho.
Siga com o que você guardou e forçadamente lhe amadureceu,
sem lamentar isso ou aquilo.
Você pode fazer de sua vida o que você quiser,
ser feliz e viver, basta você querer, a vida é o que vier!
A sua opção só diz respeito a você, mas você não faz, não vai,
porque você se fixou, no chão, você criou raízes,
nem que se esforce muito, você não sai,
projetou aquilo que hoje você conclui que de certa forma, se perdeu,
e nem assim desiste, é o sonho ao qual só você se prende.
Tudo se esvai por entre os dedos, nada é meu, nem seu.
Amigos ficam guardados,
Você só deve sofrer por aquilo que não viveu.
Família sempre será, sempre estará,
é como uma árvore que derrama seus galhos e sementes,
e que são levados com as folhas secas, pelos ventos...
Quando der outra ventania, se o destino ocasionar,
Ela, a árvore estará sempre à esperar, se encontrarão novamente,
Alguns galhos podem ter sido cortados, mas são ' seus.
Nunca esqueça, que as coisas marcantes
foram marcantes somente para você, por isso desprenda-se
junte-se ao vento e vá ser feliz.
O amor quando existe, volta, não esquece jamais à sua raiz,
O que você não deve fazer jamais é decolar num céu aberto,
sem ter direito à certeza de encontrar uns braços abertos,
Evite decolar no solo onde o seu pouso é proibido,
Há tantos outros caminhos, aconchegue-se onde terá o seu abrigo.



 
Meus filhos



Sei que a minha estrada foi sempre florida, muitas vezes eu ceguei,
tropecei em obstáculos tão absurdos que deixei de ver a beleza que há na vida, mas bem no fundo, a minha alma sabia que ainda muitas coisas lindas pra eu aproveitar, havia.
Sei que muitas vezes eu pensei em desistir, em sumir do mundo, mas os meus três filhos ali,
puros e inocentes que não pediram para virem ao mundo,
e eram responsabilidades minha somente,
eles faziam com que eu lutasse mais!
Porque o pai tem obrigações sim, quando ele tem amor e a consciência disso, mas uma vez que ele foge e se omite, o que nos resta fazer senão cuidar com todo amor dessas pessoas lindas que nasceram de nós?
Sei, a minha luta, foi grande demais,
mais do que um dia eu pude imaginar ter que passar por aquilo tudo,
mas venci, vencemos,
porque embora tenha chegado momentos em que eu colocava as mãos
na minha cabeça, chorava calada e pedia socorro aos céus,
eu achava que não ia chegar até aqui, e cheguei...
Nunca consultei um psicólogo, não tinha dinheiro, nem tempo,
era trabalhar muito, correr muito, faculdade?
Nem pensar, porque eu passava o dia inteiro trabalhando, ficava
louca pelo final do expediente para correr para eles.
Porque chegou um tempo em
que eles saíram do olhar da minha mãe que tanto me ajudou, depois,
eles passavam a maior parte do tempo, os três, sozinhos,
enquanto eu ficava aflita em meu trabalho, pensando direto neles,
tive a felicidade de assim contar com a união dos três,
um ajudando ao outro, cresceram, os meus filhos...
E eles estudavam em escola pública, onde tudo era negligência,
meu Deus!
Hoje são três cidadãos de bem, honestos, trabalhadores,
para meu orgulho e felicidade, sei que valeu a pena sim,
e que se fosse para começar tudo de novo,
algo bem lá no fundo me diz que apesar de cansada, por eles,
eu começaria tudo outra vez, porque o amor que eu sinto por eles nasceu junto com cada um, no dia em que vieram para minha vida,
para nunca mais sair da minha alma.
Hoje eu tenho a felicidade de escrever, de sonhar e fantasiar
a minha vida da cor que eu quiser,
hoje eu percebo se o céu está cinza, azul, se chove, se é sol,
vejo cada rosinha perdida pelos caminhos, ouço o canto dos pássaros,
Percebo a alegria no fundo do olhar das pessoas ou a sua dor.
A minha percepção do mundo, é colher só as coisas boas, para que a vida seja suave e a poesia seja o motivo maior em minha alma,
e acolher bem um amor que insiste
em nascer todos os dias em mim, do despertar ao adormecer.
Porque a minha maior alegria é saber que cada um dos meus filhos,
existe e que eu sempre vou contar com o amor deles, e eles incondicionalmente com o meu amor,
isso sim, é razão de continuar à existir.
E a minha oração por eles é constante, a cada instante peço para eles livramento de todo mal, o meu desejo pra eles é só de muitas felicidades.
Meus filhos, obrigada por fazerem parte da minha passagem por este mundo.



As ruas


As ruas não tem culpa do que acontece
com o mundo,
Elas acolhem os nossos passos,
escutam os nossos murmúrios causados
pelo temor à violência urbana...
As ruas permanecem
com os seus braços abertos
sempre,
À nos conduzir à outro destino,
E nos acolhe quando retornamos,
vencidos ou vitoriosos.
Ela assiste o vento soprando,
levando a poeira,
varrendo sonhos feito folhas secas,
Ela é o espelho do nosso rosto
cansado...
Depois, ela se ilumina ao luar
e deita com a gente para sonhar.
Porque como nós, o seu destino é ser,
É existir olhando a vida acontecer.



Inefável



As ruas me calaram, sem os seus dias alaranjados,
àquele calor intenso sufocando, também se foi...
A ventania quase cedeu, apagou um pouco a  poeira,
deixando nítida a busca da minha alma sem a sua visão.
As ruas me olham, sabem que o mundo está incolor,
nessa alma intranquila que tanto lhe procura.
Alguns pensamentos se renovam, já outros
bem guardados, mais aguçados, só pedem você e eu!
É caminhando pelas mesmas ruas,
que eu abraço o ar dum vento soprando ilusão,
Imagino que nele vem a poesia do seu olhar puro
feito semente, brotando no meu chão,
A semente dum amor calado, à compreender o meu.
E as ruas me perguntam para onde vou,
ouvem a minha alma,
e escutam as velhas batidas
do meu coração
que fala tantas coisas em seu silêncio.
Agora o mar, diante dele, cairá a noite da minha solidão,
Há tantas coisas que só posso sentir, só sentir,
O que me acalma, é olhar para além dele, e seguir.
Sei, o meu amor vai lhe encontrar, volto à sentir calor,
Minha alma hoje dormirá aquecida de  você,
Basta pensar por horas em sua vida, tudo volta à ter cor.


PAPAI
 


Um dos prazeres que eu mais tenho em minha vida, é sentir sem remorso ou culpas que,, Vivemos tudo!
Fomos amigos, fomos companheiros, cúmplices
e apaixonados pela vida!  N'um mesmo caminho.
Obrigada por ensinar-me a caminhar...
Obrigada por, desde os meus primeiros passos
o rumo certo sempre, mostrar-me!
Você me deixou ser criança e aconselhou-me
quando me tornei  uma mulher!
Se teve os seus defeitos quem não os teve?
Orgulharei-me sempre, de ser sua filha... Sempre.
Em seu sorriso e em suas palavras carinhosas
sempre eu fiz o meu ninho... E nunca lhe deixei sentir-se triste, nessa vida, nem sozinho...
Papai!
Por onde nós dois em cumplicidade, passamos
Até hoje ainda olho com saudades...
Ensinou-me a amar com emoção de verdade
Torcia pra que eu encontrasse um amor...
"Eu encontrei"
Ah papai, e como eu amo!
O senhor com certeza iria estranhar esse amor louco,
Iria perguntar-me se isso seria possível?
Lembranças tantas suas, ah como lhe recordo!
Hoje, só lembranças. Ah se ainda estivesse
aqui, mas o tempo o levou. .. Corremos tanto juntos! Brincávamos feito crianças.
Já por último, caminhava devagarzinho.
E eu com carinho, seguia os seus passos lentos
FICO, À DIVAGAR sobre o TEMPO!
Que não te trará de volta jamais. S a u d a d e s..



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Inocência

As letras ficam soltas passeando em minha mente,
querendo se juntar para dizerem o que não tem explicação
e nem precisa, mas eu sim, preciso escrever,
Preciso buscar no fundo de minha alma a resposta do que sinto
quando olho apaixonada para os seus olhos,
e não quero parar de viajar na sua meiguice, na sua calma,
Há em seu olhar uma expressão de inocência,
um jeito anjo que me conforta e além do desejo de tocar o seu rosto,
existe uma ternura deliciosa nesse mistério tão seu,
E nem precisa, mas tenho vontade de lhe protejer do mundo.
Você é uma poesia silenciosa, um pensador com olhos de sonhos.
Depois me sinto muito feliz em saber que posso pensar em você
sem receios, posso lembrar de você e amar amar amar,
E ter essa estrada maravilhosa à seguir, querendo a sua magia.
Porque além de amar você intensamente,
Tudo em você me seduz e atrai, você mexe comigo completamente.
E assim, amo, flutuo nesse rumo do meu destino.
Houve um tempo em que eu  ficava seguindo as borboletas do quintal,
desejava que amanhecesse para no dia seguinte, repetir tudo,
Já não sonho com as borboletas, o meu sonho colorido é você.
E de sonhar ninguém pode me proibir, nem de amar.
A alegria que é amar, compensa os dissabores da vida,
Faz você despertar e olhar o mundo de dentro para fora,
podendo ser feliz com a chuva que cai,
com um simples caminhar em volta
duma praça e se sentar para ver o crepúsculo,
Feliz! Com o vento que passa e mais ainda quando
depois de um dia de trabalho, banhar-se na árvore da ilusão,
A minha alma vai tonta de emoção e alegria, se recostar em você,
A menina das borboletas, ficou para trás, perdida no tempo,
Já essa que hoje sou,
pode até não realizar mais nada, mas me dou o direito de sonhar
acordada, ou dormindo, em casa ou em qualquer lugar,
e não me perco mais... Nem nos sonhos.
O meu jeito de viver é assim,
Viver pensando dia e noite em você que é o meu sonho mais lindo.



 Isso é viver



Enfrentamos os grandes desafios de nossas vidas,
achamos que o mundo vai desabar,
pensamos que a felicidade esqueceu de nós.

Esquecemos que há tanta beleza no mundo!

Deixamos de acreditar em nós mesmos,
abraçamos um cansaço mental,
onde tudo nos desanima, sendo que
os nossos próprios pensamentos...
É exatamente àquilo que nos faz mal.

Até que um dia,
vencendo os nossos medos, colocamo-nos à prova,
para recebermos tudo o que a vida quer nos dá,
seja o que for.

Quem sabe no final de tudo possamos recomeçar?

É quando a nossa alma se liberta e o que era pesadelo
torna-se um grande sonho.

Um sonho,
Faz tanto bem à nossa vida!
Você passa à ver beleza em tudo,
as coisas mais simples já lhe traz alegria,
Isso é que é viver!





                  O Amor e a flor




A flor ficava ao sol das manhãs,
reclamando de sua vida, o sol por sua vez
não gostava, porque ele trazia a sua luz,
o seu calor para aquecer a terra,
às vezes se ausentava para a chuva resfriar um pouco e assim equilibrar a vida da flor...
E ela reclamava se chovia, reclamava o calor, reclamava porque não saía do lugar,
ela queria correr o mundo, atravessar o horizonte
e encontrar um amor bem guardado em seu coração
e não conseguia... Que drama,
que loucura era ficar perto daquela flor descontente que nada enxergava ao seu redor,
somente valia para ela o que estava depois do arco íris,
lá, bem distante. Até que um belo dia,
quero dizer: um triste dia, o sol não mais apareceu,
nem a chuva, nem o horizonte,
fez-se um vazio naquela flor, o seu mundo caiu,
e o que fez a flor? Conseguiu sair do chão, voou
e voou alto, foi encontrar o seu amor.


.

ASSim  eu vivo...
                              
Você é assim no meu dia a dia,
Arranca-me o mais puro sorriso nas simples coisas,
Basta que eu pense em você.
Você em mim, vai pintando paisagens,
De repente as folhas secas criam vida, o azul marinho do céu mostra uma lua mais iluminada, é quando você perde o seu olhar que é levado pela brisa fria e mágica que passa para o outro lado do horizonte, com desejo de tocá-lo suavemente..

Só quem sabe o ser especial que você é sou eu, no meio de uma multidão quis o destino que eu lhe encontrasse, pôs em minha alma a sua alma,
Fez com que onde quer que eu esteja sinta a sua presença e me encha de alegria pensando na beleza da sua alma,
e eu não fujo desse amor, eu vou sentindo aos poucos essa sensação de alegria que é ter você em minha vida.
Se é noite eu me ponho à refletir,
O meu amado ele é o lugar mais perfeito onde os meus olhos e os meus sonhos gostam de findar o dia,
E pela manhã os meus pensamentos voam beijando, abraçando você onde quer que você esteja.
Como eu amo você!
    



... Rua



Caminha só, enquanto tudo o que mais queria
era poder caminhar com ele mesmo por um dia.
Cala a voz,  guarda o amor.

Segue,
pensando no quanto
e em como seria tudo,
sem querer desistir.

No seu caminho, cada rosto é estranho,
A rua é sempre um deserto
quando se ama e o amor mora tão longe
e tão dentro de nós.


Sinto-me fora do meu próprio mundo,
num anseio crescente, tão individual,
Irremediável!

Repensa...

Trabalha a leveza de sua alma sem carregar
com pesar a sua existência.

Perde-se em pensamentos
sem perceber o movimento do tempo.

Vai,
caminha olhando além da sua rua,
Cruza a esquina, engana o seu desejo
de fitar àquele olhar de perto,
tenta se encantar com a solidão sua e da lua.
.



MAMÃE

A sua fé, o seu amor, sempre lhe traz de volta, é isso que você
sempre me diz quando vence algum obstáculo.
- O amor de vocês me dá forças para continuar vivendo, e a minha fé
em Deus e em Nossa senhora de Fátima. - Isso me comove,
e faz a gente chorar, faz com que eu não consiga escrever tanto
sentimento de amor que tenho por você.
Confesso que não consigo descrever tanto amor!
Falar sobre mãe, ouvir ou ler todo amor de qualquer filho,
É algo que me emociona, quantas vezes quero escrever
sobre a minha mãe e o meu coração se comprime e se nega, porque
ao mesmo tempo que satisfaz, dá uma dor que eu não consigo explicar
e nem gosto de sentir, ou aceitar que as palavras saiam, por isso recuo,
mas, hoje preciso primeiro agradecer a Deus, a sua vida,
agradecer a você minha mãe, tudo tudo tudo e muito mais,
o que nesta vida você representa na minha.
Você sabe o quanto é importante para mim.
Sabe o quanto eu amo você. Você é a certeza de que posso acreditar
no amor incondicional, mas, principalmente acreditar em Deus
e em milagres, porque foi Ele quem devolveu a sua vida, minha grande
Guerreira linda!  Hoje, depois de longos meses, de tanta luta para
ter de volta a sua saúde. Vê-la novamente sorrindo, caminhando por toda casa, conversando, feliz, lúcida em seus 90 anos de idade...
É uma felicidade sem tamanho, sou só gratidão à Deus, por nos devolver a sua vida que nos dá vida a cada dia. Ser sua filha, ter o seu amor e a sua compreensão por toda a minha trajetória,
toda a minha louca adolescência, e saber que entre nós, nada mudou,
Pelo contrário; quando estamos juntas, você sempre ressalta o orgulho
que tem de mim, como ser humano, e eu? De você, o que direi?
Que em sua simplicidade, você é a minha maior riqueza!
Quando estamos diante uma da outra, parece que o tempo não passou,
ter o seu amor constante, e também o seu amor pelos meus filhos,
pelos meus netos, faz com que eu caminhe nessa vida com a certeza
de que tudo tinha que ser do jeito que foi, estamos iguais,
o tempo não levou a nossa parceria, e muito menos o nosso amor.     
O mesmo brilho no olhar quando o seu filho chega, a alegria, as perguntas
sobre como está a sua vida, ou se está com fome, o seu cuidado infindo,
só tem um nome; Mamãe, essa doce incansável palavra.
Ela, nos abençoa na nossa chegada, e quando dizemos até amanhã, ou depois, - O certo mesmo é domingo, viu? - Deus te abençoe minha filha,
te proteja, te dê saúde e muita paz... Eu te amo, viu? - E eu muito mais.
Ela, hoje tem noventa e dois anos, lúcida, e realizada, cada filho seu, cada marca que cada um faz ou deixou,
(aqueles que partiram para sempre),
são rastros de muita luta, muita parceria, compreensão, dor, resignação
e muito amor.
Dona Áurea, essa mulher forte, guerreira, traz na sua alma, amor intenso por cada um de nós, para uma vida inteira. As suas perdas e suas vitórias, é para mim, exemplo de perseverança, sou sua fã número um, por conhecê-la à fundo, minha mãe é o meu referencial de maior amor do mundo.
Minha mãe, essa guerreira que sobreviveu a tudo, pelos filhos que restou.
Falar do nosso passado, não nos convém, deixemos descansando no tempo os nossos sofrimentos, avante nesse país chamado futuro, uns nos outros em união e amor nos apoiamos. Pois só o amor consegue riscar a sua garra, nos livros, e nos muros as suas sábias frases que aos poucos com amor, foi nos ensinando. Basta somar as muitas alegrias, da infância, da adolescência, e resgatar vez por outra as nossas lembranças, a elas nos agarramos, com fé, mantemos a nossa esperança.
Você com certeza tem uma idade junto a uma história de tantas vitórias tanto quanto de batalhas as quais venceu a todas!
Uma boa parte da sua vida eu acompanhei... Acompanho.
com olhos e ouvidos atentos às suas lágrimas e tantos prantos.. quando menina eu já queria te proteger do mundo!
E sonhava com isso e cresci, ajudei com todo amor a criar os teus filhos mais novos, todos eles nunca desgrudaram de ti...
As dificuldades  nos uniu... Só o destino, a vida, a morte foi nos separando um a um.
E ao longo dos anos acompanhei a vitória dos filhos todos criados e todos pessoas de bem... E quando mais tarde veio a perda de tres filhos seus, e a perda do meu pai, e agora recente a sua mãe... Fatos naturais da vida que tão bem superou, em termos.
E esses seus olhinhos vivos, ativos diante do seu sofrimento que tão vitoriosa venceu mais uma vez...
E ainda hoje consigo arrancar seu sorriso, gosto de fazer você sorrir...
E me chamar de louca. É mamãe é porque a vida não é pra ser tão levada à sério sabia? Aprendi isso como defesa...
E a senhora, está aqui hoje, linda e maravilhosa, fazendo mais um ano de vida!
Mamãe, eu te amo mais do eu pensei! Eu te amo numa condição de filha e de admiração pela sua trajetória de mulher guerreira e admirável!
Não. Não tenho o que te falar. Me faltam realmente as palavras para te dizer   "palavras apenas"
Apenas quero te dizer que por mim você seria eterna.
O amanhã a Deus pertence mas aqui deixarei a minha alegria e a minha gratidão e felicidade de tê-la como a minha mãe..
Perdoa a tua filha, que já te deu tanto trabalho mas que nunca deixou de te reconhecer como uma mãe exemplar!
Que tendo tantas dificuldades no passado, nunca hesitou na guerra para sobrevivermos e nunca nos faltar o essencial para chegarmos até onde chegamos dignamente...
A nossa história, nós sabemos. Sem palavras...
E sobreviveu há mudanças, há evoluções entre choques de gerações...
E das lições e da educação que tão bem e com tanto amor e dedicação nos ensinou a sermos gente, que faz de você essa mulher linda da qual eu me orgulho tanto de ser filha.
Que Deus te cubra de felicidades e de saúde, e que ainda possamos ter a benção de comemorarmos por muitos anos a sua vida.



Paredes



Às vezes eu saio um pouco de mim e das minhas fantasias,
vou viver o que as pessoas que se dizem normais vivem,
confesso que não gosto muito,
sinto-me estranha, esquisita e um pouco evasiva,
Será mesmo preciso?
Acho tão urgente voltar para casa...
Quando eu deixo as paredes do meu quarto falando sozinhas,
eu sinto falta do que elas me falam todas as noites,
há uma parceria inigualável entre nós,
Elas me falam das minhas crianças
que se foram cedo para os ninhos que eles construíram,
Elas me dizem pra eu não me culpar pois em nada eu errei com eles,
Será?
Dizem pra eu aproveitar o tempo...
Que tempo?
Dizem também pra eu acreditar no sonho de viver à lua cheia,
Àquele amor sonhado, que é a minha lua, o meu encanto.
Dizem também pra eu dele não desistir jamais,
Falam que eu sou muito chata, e que procure
sair por aí com as minhas poucas amigas,
enquanto o dia desejado não chega e pra eu me preparar
para a surpresa de ser barrada pelo tempo se esse dia não chegar.
Ranzinzas elas são, como eu,
as paredes do meu quarto estão envelhecendo comigo,
de vez em quando eu as mascaro, troco as suas cores,
Mas elas, como eu, não esperam muito da vida não,
acho que o nosso tempo acabou.



Flores



FLORES ... Sinto um estranho amor por todos os tipos de flores...
Eu nunca gostei de recebê-las, nunca.
Amo vê-las, tocá-las, delicadamente, mas olhando bem para lindas flores em suas fragilidade, nasce em mim uma sensação de medo do fenecer,
Nesse meu perdido mundo de ilusões. Pois o que somos nós, senão flores perdendo a graça, o viço, somos um nada, pétalas secas lançadas aos vendavais.
Não me dêem flores nem em vida, nem na minha morte,
Deixem-nas quietas lindas no campo, e eu quieta com as minhas fantasias, sabendo sermos sempre páginas em branco esquecidas num canto a cada dia.



Alma das matas



Naquela manhã de final de dezembro, o sol estava tímido, as nuvens o encobriam, as folhas secas já haviam cumprido a sua missão, os galhos secos agora estavam verdinhos novamente... Desligou-se de tudo,
A brisa lhe trazia inspiração, trazia desejos de viver, viver tão somente.

Embaixo das árvores ficou à ouvir o alvoroço dos pássaros, achava incrível como sendo no meio de asfaltos, buzinas, tanta gente por ali passando, pudesse ainda assim existir um bando de pássaros de várias espécies fazendo morada como se estivessem na selva, e cantavam ainda mais intensamente depois daquela manhã de chuva...

Aquilo fazia com que os seus pensamentos lhe retirassem da sua monotonia, assim passava alguns instantes distante do chão, viajava querendo reviver o contato com a natureza, como gostava da sua alma das matas.

Com um olhar perdido na grama bem cuidada, lembrou do trem rasgando o espaço, sentiu falta de escutar o galo cantando de madrugada, sentiu falta do cheiro do café forte, torrado no velho tacho, das conversas banais, das casas sem muros confundindo-se os quintais.

Gostava dos matos, quando ficava na casa tão antiga, cercada de serras, atravessando a pontezinha trabalhada com tanto amor, feita pelo seu pai, queria mais uma vez ver a água transparente do riacho passando por baixo da ponte, ah que saudade deles todos que se foram, saudade das prosas do meu avô. Restou esse bálsamo guardado em minha memória, para aliviar a minha alma, lembranças de infância, só de pensar, já me acalma, amo o céu e a terra,
O que faço com essa ansiedade de chegar...


Escrevendo ...



Um olhar que não me olhava,
ainda assim me levou pra si.
Palavras que não escrevia para mim,
e delas tomei posse...


Escrevia, escreve...
Escrevi... Escrevo...
Lembro de antes, cada instante.
Sinto o agora... Amo o agora.

Escrevendo antes,
As palavras não saíam com gosto de se espalhar,
As verdades do amor, antes era só poesia e ficção.

Eu escrevia, viajava caminhos desconhecidos,
Era uma vontade imensa de chegar,
Sem saber aonde.
Havia angústia, uma distância e uma falta
Entre o papel e a minha alma.

O fundo do sol
era apenas o centro das minhas margaridas.

Hoje escrevo com todo amor do meu coração.
A vida sentiu-se vida!
A minha poesia
antes letras apenas,
Animaram-se.

Os meus sonhos, entrelaçaram-se com a sua autenticidade,
Com uma gostosa ilusão.
Conheci o seu doce e o seu amargo,
O seu eu suave e o seu avêsso.
Amo tudo que é você.

Compreendendo que o sol queima,
Mas a sua luz me aquece.
Nem todo dia ele brilha, mas está lá!
Hoje não sinto dor, nem tristeza pelo meu passado,
A minha alma confunde-se na sua...
Consigo caminhar serena,
Já desço das montanhas e sem medo, pego a estrada.

Pelo retrovisor
Através da lembrança do seu jeito lindo de olhar,
Vejo o céu, vejo você, sorrindo para mim,
aguçando a minha vontade de nele voar para você.

Pensar em você é tocar com a alma o infinito,
A cada hora eu me sinto voando para encontrar
o seu olhar que apaixona, que faz bem à minha alma,
e que fala coisas, sem a poesia.

É como um lindo segredo e silêncio
esse olhar
que sempre desejei em mim
e que desejo cada vez que lhe olho.
Foi escrevendo que descobri em você o amor,
Amor, que me faz viva,
Transforma  e dá à minha vida, mais cor.

E foi assim que me apaixonei,
Desde as primeiras palavras suas.
Junto veio a tímida alma, essa que me abraça,
Que causa-me a sensação de tocar o impossível,
O meu impossível nessa vida é você...
E como é maravilhoso saber que é possível
Beijar, beijar apaixonadamente
Esses seus olhos que eu amo.



Verde  esperança


Há quem nos toque sem ter sentido o calor da nossa pele,
Há quem nos nota sem nunca ter olhado em nossa face,
Há quem nos mostra o céu, e faz com que voemos...
Há quem enxergue em nós uma pureza já esquecida...
Alguém que quer nos ver bem,
Alguém que faz com que sejamos uma pessoa melhor,
Alguém que nem precisa de nós, mas... Sem dúvidas,
Desse alguém, preciso e muito, muito!
Alguém que em meu complexo mundo, me acolhe,
Alguém que chamo de meu amor intenso, onde ponho sonhos,
Sonhos, que é uma cidade tão nossa, onde eu sei morar,
Nela cabe somente nós dois,
Nela, estendo o meu jardim chamado verde esperança,
E todas as minhas vontades guardadas, e amo, amo demais!
É claro que esse alguém é você que rega os meus sonhos,
E que acredita no meu amor, e me estende as suas mãos,
Você é mais que um alguém, é a outra face da minha alma.


... ia



Nas mãos trazia algumas sementes, que no solo seco e quente, as espalhava,
                            Mas não chovia, não chovia. 
Ela plantava, queria colher felicidade, nela insistia.
O sol aquecia os seus sonhos, e no imenso deserto,
o seu amor acreditava, porque os ventos cada vez mais as suas sementes espalhava. Foi quando: 
Cada flor de sentimento nasceu transformando-se nas mais lindas ilusões, avivando as suas intensas fantasias, enfeitando os seus caminhos,
alegrando os seus dias. 
E a paz foi invadindo a sua alma, sabor de realidade em seu coração.  
Agora... 
Caminhava livremente pisando descalça, firme, sentindo o calor do chão,
sem ansiedades, derramando mais sonhos no calor do dia.
Eram as  flores enfeitando a sua vida,
Quando vinha da noite, a solitária escuridão,
Havia uma lua em seu interior, havia uma luz em seu pensamento,
era ele, o seu amor, que não deixava ela se perder dele, Não.
Quando o procurava e não encontrava, mirava o seu espaço, voava o mais alto que podia, em busca do seu amado. 
E  ela  ia ... ia 
Sempre acreditando encontrá-lo, num suposto lindo novo dia.


                          
       Estações




Vivo onde não há chuva durante o ano inteiro,
Às vezes nem tem chuva, mas em minha alma chove,
Chove o amor, chove desejo de tudo que é bom,
Com você.
Aqui quem predomina qualquer estação é o sol,
As flores se confundem no tempo,
Tem folhas amarelas caindo, como agora,
que se misturam com a poeira, levadas, vento à fora,
Não temos estações definidas.
Fico sentada olhando o tempo, rindo com tudo,
Eu faço parte desse mundo, você é o meu mundo.
Fico tonta sem dramas, sei que é de amor,
Amor, regado pelo inverno que há em mim,
Vou... À mercê
da falta que faz os seus passos e os meus, juntos.
Quando o frio aqui em minha alma é intenso,
Coloco-me ao calor do sol que é você,
Quando recebo a sua luz que me aquece, tanto!
Tanto!
Conformada com as minhas estações, lhe tenho amor,
Sou repleta de você.



Café da tarde



Hoje eu não tive tempo direito
para correr pra você.
Só agora
No cheirinho do café, à janela
Nesse finalzinho de tarde você vem mais intenso para
as minhas preciosas lembranças
de quando você chegou em minha vida
Pela primeira vez...
Segunda vez...
Terceira vez... Quarta vez...
Nunca mais vai sair,
E para sempre, fará morada em mim.
Faz algum tempo, mas parece que foi ontem.
Você está no meu café, está na estrada
em minha volta para casa, está
Na mesa, na cama, no trabalho, em casa,
Está em tudo o que eu faço,
Você, meu cantinho gostoso... Está,
No gosto do café quentinho, penso e sinto saudades
Saudades das nossas conversas,
Saudade, saudade. Como eu amo você,
Que vontade de lhe dar um abraço.


As promessas do tempo


Sorriso fácil, dando sinal de alegria,
Por opção de vida, decidiu não chorar,
Deixar o sofrimento passar bem longe,
Viver à revelia da conjugação lamentar.
Fez uma promessa de dar tempo ao tempo,
E nunca mais perder da vida,
Um segundo sequer chorando à toa.
Jamais perder a esperança,
As promessas do tempo, tendem à se realizar.


A    Flor



Por encontrar-se sob um escaldante sol
Os seus olhos ardiam, a pele queimada
De tanto peregrinar
Os seus pés estavam bem cansados,
Sofrida, largada, ela só, se sentia.

Foi quando viu àquela flor
que não reclamava de nada,
E nada a bela silenciosa flor pedia,
Apenas mostrava à sua beleza
por entre folhas secas, à luz do dia.




Linhas



Como não sonhar com essa sua timidez que me seduz
Não sonhar com os seus doces pensamentos,
Que me convidam, à percorrê-lo, com calma.
                Como não sonhar com seus beijos,
Como não sonhar com seus abraços...
             Com as suas palavras, meu desejo e meu silêncio.
Com o seu corpo, quem sabe um toque na sua alma.
Meu olhar percebe o mundo que em você habita,
Quero por um segundo ser parte do que você acredita.
A sua vida,
As suas poesias, suas linhas bem traçadas,
Sinto a luz que emana, com nitidez,
                      dessas suas mãos, abençoadas.
Tudo em você é tão bonito,
As linhas, as suas linhas, tão suas,
Tão minhas, tão de ninguém,
Poeta não tem dono, o seu mundo é a liberdade,
Seus horizontes estão sempre sempre muito mais além.


As nossas memórias



_ De repente,
Sem que ela esperasse,
a máquina chamada tempo, lhe arrastou para um passado
muito distante, quase apagado.
As nossas lembranças são ventos que não descansam em nós, são fragmentos do tempo que vai nos transformando, transportando, moldando-nos, mas não esquecemos as nossas raízes, nem as recordações que nos emociona.
Você vai juntando o que ouviu na infância, e muito mais o que vivenciou,
Então não quer que alguns pontos importantes para você mesma, fiquem esquecidos, ...Dos fatos marcantes que ao longo da vida você vai deixando para trás, sendo a bagagem do seu inconsciente para a sua formação como ser humano,
A convivência com a sua família, com a natureza, com as dificuldades,
Recordações dos esforços e responsabilidades de quase seis décadas,
Dos seus primeiros dissabores,
É você olhar para trás e sorrir recordando os cenários.
É você chorar de saudades, daquelas pessoas queridas que passaram por sua vida e que nunca mais voltarão, porque já não estão mais vivos, bem como os irmãos, avós, e seu pai. A forma como os perdemos,
Nem parece que foi real o que passamos, de bom ou de ruim... Mais se parece com pesadelos do que com os sonhos e com sonhos daqueles que ao despertamos, sentimos alívio ou sentimento de perda, então a saudade machuca.
Porque lembrar os sofrimentos,
Porque não ressaltarmos somente o que nos fez feliz?
Continuarmos o nosso caminho, nesse jeito antigo de ver o mundo e tudo o que nele está contido.
- Dá ainda mesmo que com a mente cansada, caminhar em lembranças, pelo jardim da casa da mamãe, mexer nas suas margaridas, nas rosas dálias, no amor-perfeito, nas boninas, nas rosas vermelhas, rosas cor de rosa, amarelas, brancas, nos bugaris, nos jasmins, nas espirradeiras, nas florezinhas de nome primavera que subiam à cerca da frente da casa, assim era o seu muro feito de varas. ...Dá para sentir o cheiro das flores, e mais adiante, a hortaliça, era tudo tão bom, tão verde, e da latada de maracujá amarelinhos. Ali não faltava todos os dias as borboletas, não mesmo, não faltava o beija-flor. Era muito mais bonito de se ver do que de se lembrar,
Não faltava também no enorme quintal da mamãe, longe do seu jardim à frente da casa, a criação de porcos, galinhas, patos, ... E no meio da tarde o café preto, sem leite, sem creme, era um café simples com tapioca com côco e o pão.
Lágrimas, de saudades.
Hoje, não tem mais nada disso, nem a casa está cheia de irmãos, todos seguiram suas vidas, ela, a minha mãe, está velhinha, quase sem poder andar, conta as mesmas histórias, e eu as ouço, repetidas vezes e gosto, fico olhando para ela e lembrando a mulher forte que ela foi...
Quando ela pergunta; - Tu se lembra?
_ Lembro disso mais não mamãe.
( respondo, esperando ela relembrar e me contar)
Ou por outra a ajudo à se lembrar.
Quantas vezes rimos e choramos juntas nossas saudades;
É a vida, são as nossas memórias, a alegria e a dor de cada um.




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Fonte da letra do amor


Por essa razão, eu me entrego ao meu amor, a todo instante. Eu me jogo de olhos fechados, acreditando que o meu céu está perto, porque o meu céu é você.
Passeio livre no céu da sua alma e amo amo.

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MARCAS DO TEMPO III
                



Recordações de uma vida real, muito pobre,
Uma vida sem muita crença, mas, cheia de amor
e de lindas recordações.

Depois de muito choro e muita confusão, para que aceitassem levar a menina cheia de vontades e de vestido cheio de laços, para àquela cidadezinha onde todos os anos era costume acontecer a mesma missa campal, para comemorar o dia de São Francisco das Chagas.
- Ela venceu,
Nos braços do seu pai, ela sem nada entender, satisfeita seguia a multidão que ia caminhando lentamente à sua frente.
Era uma grande movimentação, vozes, cânticos, rezas,
Espalhados pelo caminho, vendas de picolés, pipocas...
Gritaria. A menina não sabia se era uma manifestação de fé ou baderna.
Cansada e sonolenta, ela mentalizava um cântico repetitivo em coro, mais parecendo um lamento, era o fundo musical da procissão, até fazê-la dormir enjoada com tudo aquilo, sem ver o final, só acordando quando já estava de volta para a sua casa,
A sua avó perguntou-lhe se ela havia gostado...
Ela não quis falar sobre o assunto. Queria esquecer àquela manhã junto com a procissão. E ... de todas as suas lembranças de infância, esta vem tão forte em sua mente, que parece estar sendo vivida agora.

Deles, a trajetória -
Os meus pais...
Se não tiveram um casamento programado, nem um amor arrebatador,
para àquela jovem provinciana cujo primeiro amor havia sido sua grande decepção, a insistência do novo amor, à levou para o altar.

Enfim casaram-se,
e logo deixaram a pequena cidade cercada de serras, onde nasceram, saíram sem nenhum filho ainda, foram tentar melhorar as suas condições de vida, buscando outras opções de trabalho na capital, ele,  pedreiro, filho rebelde que não se adaptou ao comando do seu pai, mestre de engenho, acostumado à mandar em seus moradores, à ter a obediência e o controle sobre os outros filhos, este não, preferiu sair das rédeas curtas do pai e ir à fora com a sua esposa, ela era filha única de uma agricultora, com muita dificuldade, havia aprendido à ler e escrever, também aprendeu à costurar.
Ela, junto com o seu marido, trouxera a mãe e seu padrasto, os quatro aventureiros, chegando à nova terra, nada tinham na vida, além de seus sonhos, e mãos calejadas, e uma vontade danada de vencer, chegando na Capital, o máximo que conseguiram foi uma casa de taipa, num lugar com no máximo três vizinhos que ficavam bem distantes uns dos outros, mas trabalhavam para o mesmo patrão.

 



      Casa de taipa (etapas)



Ali nasceram os seus dois primeiros filhos, um deles faleceu aos dois anos de idade,
o que causou um grande transtorno para o casal.
Algum tempo depois nasce mais um filho,
e mais outro filho nasceu, dessa vez uma menina, para a alegria do seu pai.
Um ano depois do seu nascimento, faleceu o  marido da avó, que sendo muito jovem ainda, seguiu em frente, morando junto à filha e dedicou a sua vida, aos netos. Agora uma família de seis pessoas, três filhos, o casal e a mãezinha (avó), viúva, que nunca mais se casou, optou em não separar-se da sua única filha. _ A nossa mãezinha... vindo à falecer muitos anos depois, aos noventa e sete anos de idade, com toda a sua lucidez, de certa forma feliz ao ver os seus netos, bisnetos, trisnetos.  A mãezinha era àquela avó que fazia todas as vontades dos seus netos e ainda por cima encobria as suas danações, sim, porque a mãe (era pulso firme)  totalmente o contrário da avó, foi uma grande educadora, que com seu amor, não aceitava falhas e cobrava muito dos seus filhos, porque queria que eles fossem no futuro;
Homens de bem, e ... conseguiu.  A nossa mãe, estava sempre muito séria, trabalhando, mas sempre arrumava um pouco de tempo para brincar um pouco de boneca com a sua filha, fazia vestidos para elas, parecidos com os vestidos que fazia para a sua menina, dona das bonecas.
Não havia outras crianças ao redor, a menina se entretia com os dois irmãos, brincava também de soltar pipa, fabricada por eles, brincavam de arrastar carrinhos de metal, feitos das latas de óleo, ou carrinhos de madeira.
Mas quando silenciava um pouco a noite, ela só sabia chamar pelo seu pai ou pela a sua avó, para lhe contar histórias, antes de dormir, ou então pedia que ele lhe cantasse a mesma música sua preferida, que só era bonita na voz dele, falava de um "Senhor da floresta, um indio guerreiro da raça Tupy, que andava caçando nas matas do rio Chuí..." 
Por aí ia o pai cantarolando até ela dormir. Os seus pais formavam com o tempo, um retrato do amor, eram parceiros, alegres, motivados, empolgados com a vida e com os seus filhoS.  A plantação
Era o costume de todos àqueles que moravam às margens daquele rio, ou mesmo os que moravam um pouco mais distante, em toda época de chuva, plantarem para o próprio consumo, feijão, macaxeiras, batata doce, milho, melancia e abóbora, era impressionante como sem fazerem cercas marcando os espaços, à campo aberto, todos respeitavam as plantações uns dos outros, também se beneficiavam naquele mesmo rio, de pescarias, havia muito camarão, tilápias e outros tipos de peixe, com fartura. Eram dias animados, porquê juntavam-se as poucas pessoas que moravam naquele lugar ainda sem qualquer sinal de civilização, eram todos amigos, que proseavam ao redor do rio contando as suas vantagens de quem pegou um peixe maior ou quem tinha colhido melhor seus legumes, tudo isso ao som das cantigas tristes das lavadeiras de roupas que ali mesmo na beira do rio lavavam suas roupas e também ao sol, nas salsas as estendiam para secar. Dava gosto de ver a plantação, depois a colheita, os adultos se animavam e à noite chegava mais que necessária, porque o cansaço era grande.
            Durante a chuva



_ A estrada na frente da casa dos meus pais, é até hoje muito larga, tornou-se a avenida principal do bairro, trocou de nome por duas vezes, fixou no último nome, somente a alguns anos, dessa feita, uma homenagem.
Naquele tempo a rua era só areia e matagal, quando chovia muito, era tanta água que mais parecia um rio, juntávamos muita areia molhada, fazendo uma barreira enorme atravessando a rua enquanto estiava. Quando a chuva voltava, ficávamos eu e meus irmãos, agora éramos em quatro, havia mais um irmão, o Clécio, que não largava do meu pé, cinco anos mais novo que eu...
A barreira com madeiras ia embora levando a gente, descíamos água abaixo, ouvindo a minha avó aos gritos embaixo de chuva, zangada, nos trazendo para dentro de casa.                
Depois quando o sol voltava, a criançada fazia festa até o final do dia.
A terra estava molhada e firme, bonita, areia branca, marrom, um sonho.
Na frente da nossa casa do outro lado da rua, não havia nenhuma casa, era uma mata fechada, na nossa inocência achávamos que era uma floresta, onde éramos proibidos de entrar.
A minha avó dizia pra não entrarmos por causa das cobras e dos sapos, a menina morria de medo.
De noite era a festa deles, e os seus croachás, e dos grillos, ao longe, que lembrava a serra.
-Onde sempre a minha avó nos levava, outro pedacinho de céu...
Onde até hoje vou para banhar a minha alma de verde e de infância.
Todas as cinco horas horas da tarde,
A minha mãe se levantava da máquina de costurar e nos dava banho, enquanto a minha vó fazia o jantar, então arrumadinhos ficávamos esperando o papai chegar de mais um dia de trabalho. Quando ele chegava, ao longe o avistávamos e era uma carreira só, de dar gosto. Ele nos abraçava com a maior alegria.
Quantas saudades, como é bom recordar. A menina e os vagalumes
Os poucos vizinhos se reuniam à noite para conversar olhando a lua, nas noites que ela surgia, os vagalumes sumiam, e os meus irmãos guardavam os vidros de prender vagalumes, vazios, chateados.
Quando era noite de lua...
Quando era noite escura os vagalumes se exibiam e enfeitavam as matas,
era uma beleza de dar gosto aos olhos. Hoje, beleza das lembranças, pois
quando criança não sabia o devido valor daquele verde, no escuro, mas já
gostava.     Nuvens e lua
Quando o meu pai contava histórias com os vizinhos, ficávamos deitados no chão olhando a lua, ao redor deles, a lua parecia conhecer a gente, ela nos olhava e as nuvens a encobriam, ela brincava de esconde-esconde, o chão forrado com aqueles sacos macios, sabiam do nosso sono, dormíamos, assim. Eu dormia com a lua.
Nos meus sonhos ela era diferente. Fogão à lenha
Quando entrávamos, era a luz de lamparinas que tínhamos, algum tempo depois, lampiões, a energia elétrica era algo bem distante.
Bem como o nosso café, enfim toda a refeição era feita no fogão à lenha, 
As chamas e as brasas era muito bonito, eu gostava.
Porém, enquanto fumegava, eu disso não gostava, não suportava o cheiro da fumaça, via a aflição deles querendo logo que viesse o fogo e depois ele apagava e mais lenha mais fumaça...
Sempre detestei cigarros e fumaças de todo jeito, até de fogão à lenha, sendo o cigarro ainda muito pior, o antigo, de fumo mesmo e nem esses modernos... Não suporto até hoje, acho cigarros primitivismo e desumano até, é de muito mal gosto encher os seus pulmões de fumaças.
Naquele período, vinha da serra muitas frutas, legumes, nesse tempo os meus pais já haviam deixado de plantar à beira do rio Cocó, não tinham tempo, pois precisavam ganhar mais dinheiro, o meu avó Marcolino que continuou morando lá na serra, e os irmãos do meu pai que ficaram pela serra, sempre traziam no caminhão muita fartura. O que compramos hoje aos poucos, vinha naquele tempo em fardos de legumes, arroz, feijão, milho, banana, rapadura, E passávamos muito tempo sem comprarmos mantimentos para sobrevivermos.
O papai comprava café, ainda para ser pilado, lembro dos tachos enormes e a minha avó torrando os grãos de café, eles iam se derretendo e soltando um líquido grosso tipo mel muito escuro não sei, não lembro o processo todo...
Lembro depois ela colocando a massa escura do café em algum lugar que se apagou da minha memória, mas do gosto eu lembro, com pão passado na manteiga, ou com nata do leite... De cabra, sim, fui criada com leite de cabra,
Pensando assim, me sinto ainda mais velha entrando no miundo das minhas memórias tão antigas e tão presente aqui. Vida nova
Com o passar do tempo os meus pais construíram uma casa bem maior, de alvenaria.Uma festa! A casa construída por toda a família, o cheiro do cimento era marcante, antes um chão batido, passou à ter cobertura diferente,
o pai era o pedreiro e os ajudantes eram a sua mãe a avó e os seus irmãos mais velhos. A casa ficou pronta, dessa vez a civilização estava entrando naquele lugar,
Ficávamos os quatros em cima de bancos, na janela, engolindo poeira, para vermos os tratores alargando ainda mais a rua... Iriam calçar a nossa rua, chorávamos porque não teríamos mais os rios e barreiras que construíamos 
para esperarmos as chuvas, quando havia inverno. Crianças inocentes,
Nem sabíamos o valor de tudo aquilo.
Estava chegando um novo tempo... 


Continua...





Manias

Eu não gosto de roupa estampada,
Não gosto de filme pornô,
Não gosto de missa aos domingos,
Não gosto de me sentar com vizinhos na calçada,
Nem de falar pra onde vou.
Não gosto de vinho seco, gosto de queijo,
Detesto feijoada.
Acho horrível quem conta as suas intimidades,
É para quatro paredes, quando o assunto é amor.
Não gosto de gente metida, mas adoro uma noite enluarada.
Raramente eu me introso,
Gosto do meu isolamento, preciso, não conseguiria viver sem.
Por favor deixem-me no meu canto, no esquecimento,
Não me dirijam a palavra, eu não quero, passei dessa fase.
Não quero falar com ninguém.
Gosto de viajar sozinha,
cantarolando baixinho olhando as paisagens da estrada...
Assim...
Pensando, sonhando.
Sou bem esquisita, a vida me tornou assim,
Gosto da cor preta, e de batom rôxo, é o meu gosto.
Gosto dos sábados, nessa calmaria,
Lendo, à portas fechadas, sou muito chata, nenhum pouco engraçada.
Gosto de ir vivendo aos poucos, eu escolho os meus amigos,
Quando eu não gosto, fujo, nem aviso.
Gosto da minha companhia, vou dizendo aqui minhas sanidades.
Gosto de estar em paz com as minhas manias e verdades.
Não insistam,
E se me olharem não conseguirão me ver,
estarão olhando apenas para uma pessoa como outra qualquer,
Não saberão nunca, o que lhe vai por dentro, já eu sei.
O que escrevo é tão pouco, teria muito à dizer.
Penso... Penso...
Saio de mim, até que não me alcancem mais, sou inatingível, e gosto,
Quanto mais distante vou, mais me reencontro.
Eu percebo com profundidade as palavras doce e amargas,
Sei o sabor de cada uma delas, e vejo sempre além,
Sigo no meu rítmo, nada a minha felicidade estraga,
Sou esses passos que vão e que vem,
Alma viajando, nesse azul sem fim,
Escrevendo sobre o amor que sinto, essa, a melhor parte de mim.
Corpo parado à vida se entregando, da forma que lhe convém,
Querendo ancorar num único porto, esse não é um segredo...
É onde aporto feliz, esse é o meu sossêgo.

Alegria

Afaste a tristeza esqueça a depressão,
acostume-se com a sua vida,
Não dê asas à sua solidão.

A alegria quer ser,
Não suporta ser passada para trás.
Ame,
Fuja do negativismo, o amor, é uma cura eficaz.

Escreva um poema, tente soltar seus versos,
Coloque para fora da sua alma, os problemas.

Anime-se,
agradecer a Deus, tem um poder curativo
Ele vai dissipando qualquer sofrimento...

Dispense a dor, dispense o pessimismo,
Seja mais; Você!
Viver não é um tormento.
Ponha em prática o seu humanismo...

Leia,
Um bom livro tem um jeito bem sedutor,
Ele fala, silencía, ele, grita,
Desabafa o que deixa a alma aflita.

Ame verdadeiramente,
sem nada pedir em troca...
Pratique a alegria,
A tristeza por si só, não é um bom caminho,
Envie sonhos ao seu coração,
Seja feliz
Se for preciso, fale, mesmo sozinho.



Jeito de amar

Com os olhos bem fechados,
Silenciosamente,
Há várias maneiras de dizer
Eu te amo...
Bem juntinho da alma...
Assim, o amor vai
aos poucos se entregando.
Ou...
Pelas ruas, sozinha,
Muito longe de você, sem esperanças,
O amor sobrevive e se esconde.

Com ou sem cor
Vou olhando o meu caminho.

É um jeito de amar assim,
Faz com que cantemos
pelas ruas sob o sol, quente...
Vamos, vamos enfeitando
A vida com nossas lembranças.




Areia



Os olhos se voltam para as mãos fechadas,
Confunde-se,
Por entre os dedos os ínfimos grãos,
Sujas de areia molhada com lágrimas, concha o coração.
Cabisbaixo reflete na água o que não une mais
O amor desprezado, resume um futuro morto,
Não mais ânsia de dizer, nem uma outra de calar.
Tem saudade que se faz necessária
Para se tornar um entardecer só, no cais do porto.
Dor, dor , que vai com as águas para muito longe.
Ah como era bom sentir o vazio, que já não é mais!
Sentir o absurdo que é, só ser.
Sentir o que era viver por viver.
Apertando nas mãos a areia, deixou-se molhar pelas ondas
Quão absurdo é o infinito mar,
Quão absurdo é essa forma doida de amar.
Agora alma lavada com gosto de sal,
Sal, sol, saudade, saudade, que saudade
dos nossos rastros que não haverão de se espalhar.
Ondas altivas, fruto de cegos ventos,
Ondas mornas que abraçam o nada.
Coração que ama se entrega não vê
Ondas que vem, aquece o corpo e a alma,
Banham abismos em nós,
Lavam a tristeza, não arranca pela raiz a causa.
Você.




Minha mãe



Olhando as flores naturais, me faz lembrar
da minha mãe,
Dona Áurea...
Que quando cultivava seus jardins,
sem escrever uma só palavra,
ela era a pureza da poesia.

Ela plantava as sementes,
colecionava rosas, as regava.

Aos domingos ela fazia vasos, coloridos,
com tanta alegria,
vasos bonitos, repletos de flores e de amor,
ela ficava pelos cantos da casa.

Ela cantarolava,
enquanto o cheiro do almoço fugia pelos ares,
depois nos reunia à mesa, junto ao meu pai..

Ela falava das rosas e das flores, com empolgação.

Hoje, ela está bem velhinha, lúcida, mas,
daquele tempo, sentimos muitas saudades,
O Mestre Pedro, ah ele agora está do outro lado da vida,
chega à apertar o meu coração,
esta saudade é uma doce ferida.
Esperança Colorida

Recanto dos ventos

As portas pareciam falar, na verdade falaram,
Pedindo para que fosse...
Foi de olhos fechados,
por não ter pressa de chegar,
parava em cada estação.
Atravessou mares e multidões,
cansado da maresia,
Foi esconder os seus sonhos com zelo,
um a um por trás das montanhas.
Depois de resgatá-los da ilha dos segredos
onde os deuses eram proibidos pisar.
Dali se podia ver dos homens,
sentir os seus medos,
a falta de esperança, eram oceanos
de fragilidade e insegurança.
Belo mesmo a rara simplicidade
verdadeira nos gestos e olhares de alguns.
Triste era perceber a vaidade invadindo
as almas que sem sossego iam de um lado
para outro sem chegar a lugar nenhum.
Assim permaneceu no recanto dos ventos
Num recanto onde só os ventos,
conseguiam chegar.
Imutável mesmo era o amor,
descansando tranquilo
sem se preocupar, fazendo-se cumprir
seu destino...
Ciente de que existia, não tinha como mudar
porque o amor era teimoso, mimado
feito um menino cheio de atenção.




Nascimento


Com o meu peito apertado, tento escrever, segurando a emoção.
Uma das coisas que o meu pai me dizia sempre, era: - Minha filha eu lhe admiro tanto por ser essa mulher que se você tornou. E eu fico me pergundando: - No que foi mesmo que eu me tornei? Uma tola apaixonada, que continua acreditando no amor. Como seria maravilhoso se o meu pai ainda estivesse aqui. O que ele mais queria era que eu fosse muito feliz. - Eu continuo tentando papai, vou aqui de degrau em degrau.
Aprendi a arte de ser mãe, com a minha mãe, e de ser pai, com você, Pedro Florêncio, aprendi a ouvir mais do que falar, aprendi a me colocar no lugar de cada um dos meus filhos, antes de qualquer julgamento em alguma atitude deles, aprendi que dando amor demais aos filhos, não os estragamos em sua educação. Aprendi a viver com sua simplicidade, humildade, fazendo aos menos favorecidos, a caridade acima de tudo, incondicionalmente a entender que liberdade com responsabilidade, é muito importante. Sempre me refiro ao meu pai, como uma pessoa feliz, porque ele vivia sorrindo, não possuía um inimigo sequer... Gostava de gente.
                              Contava tantas histórias, e ria com facilidade, que saudades das suas risadas papai...
                       Grande amante da vida.

Dói muito remexer com as lembranças sobre o meu pai, pela falta que ele me faz, por ele ter sido um homem muito especial em minha vida ... A falta dele não descansa em mim por um dia sequer. Eu tento fugir de um momento assim; Escrever falando sobre ele... Mas, não dá para calar, sufocar algo forte assim. meu pai, meu amigo, Pedro Florêncio do Nascimento.

                                              - Nascimento -

Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete, em agosto, mês o qual eu julgo o ano quase pronto! Parece que nesse período do ano tudo vai dando mais certo, até o calor vai se resfriando, efeito dos ventos que sopram mais forte pelos lados de cá. Para a alegria do meu pai. Considero agosto,  ' a cereja do bolo! Gosto de agosto, acho que foi pelo fato de eu saber que fui ansiosamente esperada pelo meu pai, até acho graça às vezes quando a minha mãe me fala; Que ele guardava lacinhos para os meus cabelos, esperando a minha suposta chegada. ...Lá vem a dona cegonha dois anos antes do meu nascimento. - Mas, que sem vergonha! Ele dizia. Não foi dessa vez.
Nascia o meu segundo irmão, Francisco. - (In memorian)                                                    ...Que por coincidência nasceu em outubro, quase no mesmo dia do aniversário do nosso pai. Então não nascia a menina que ele tanto esperava, os lacinhos, tiveram que esperar, só que o meu nascimento, veio quase dois anos depois do Chico, e eu ganhei também como primeiro nome: Francisca, ...Chica.
...Não era esse o nome que o meu pai queria, o meu nome também já estava programado por ele, junto com os laços, "Aurenir"  Era assim que ele me chamava com tanto gosto, nome que ele associou ao nome da minha mãe Dona Áurea.
O que ele não sabia, é que a minha mãe já havia feito uma promessa a outros santos para que eu fosse chamada de Francisca... Liduina... do Nascimento.
-Voltando ao meu irmão, Chico. Naquele futuro, hoje tão distante, nós fomos grandes amigos, eu, o Chico e o meu pai... Três malucos felizes que bebiam a vida, como as marés brincam com os ventos! Hoje, eu sinto essa saudade irreparável... Eu não costumo reclamar sempre da vida, só às vezes, deixo os meus queixumes para o outro o outro mais outro dia, e assim no dia seguinte eu já esqueci o que era e sigo... Sempre fui um ser desprovido de traumas, recalques ou preconceitos... Vivo em meu canto sem incomodar as pessoas, a vida é harmonia, é maravilhosa, o que acontece ao meu redor se às vezes não me agrada, se não posso mudar, eu me fecho no meu mundo... Fui e serei de paz. Das confusões eu fujo, e de competições de qualquer gênero, fujo muito mais.

A herança que meu pai me deixou foi a alegria de existir, e comemorar as manhãs e o discorrer de cada dia...  ...Da minha inocente juventude revolucionária da qual eu me apropriei em meu egoísmo próprio da mocidade, trago satisfação, sempre fiz tudo o que eu quis fazer sem me preocupar com as opiniões alheias. Amei e amo o caminho que tracei  para a minha liberdade que à duras penas eu conquistei. Sou livre! Embora não tenha como ir para o 'Lugar que eu mais desejo, ainda assim vou em sonhos... Ainda, mas... Um dia irei de verdade.
Não consigo entender como um ser humano consegue prender-se sem querer sentir o gosto da liberdade. A vida é uma só.

Um dia,
Quis de certa forma ter os meus filhos para serem mesmo somente meus! Sim, sou mãe solteira... Não tive paciência para um relaciomanento duradouro, aceitando o machismo como coisa natural. Venho de uma época em que essa, de produção independetnte, era uma grande vergonha para as famílias, eu nunca me preocupei com isso. Eu sofri muito preconceito na década de oitenta, quando dei a luz ao meu primeiro filho, Jean Antonio, depois vieram as meninas, Lídia Áurea e também a minha Lílian "Chris Louvrier"  -  Meus tesouros!
Então, nunca me importei com o quê, nem com quem... Importei-me sim, em dar bom exemplo pra eles, amar e cuidar dos meus filhos,  e até hoje cuido, até onde eles me permitem. Reconheço que a minha alma é impetuosa, louca! Assim como reconheço que sempre fui ansiosa irreverente, atropelando o tempo tempo .. Tempo, hoje .. Meu grande aliado. Caminhamos...
E os meus filhos sempre me aceitaram assim do jeito que sou. Mas, amo a humanidade, lamento o caos no mundo por conta da ambição, dela, vem o desamor.
Quando um filho é bem amado, ele sairá sim distribuindo amor por onde passar. Quando eu penso em algum motivo maior pra eu ter vindo a esse mundo... Não tenho outra explicação: - Meu pai, você e minha mãe, quiseram que eu viesse.
E me ensinaram e me guiaram... Não segui muito à risca, mas não foram tantos erros meus, até que tentei acertar quando veio o meu amadurecimento. Foi um bom saldo. Enquanto pessoas seguem os seus caminhos e vão em busca não sei do que, sem encontrarem os seus rumos... Eu me sinto gratificada, realizada, pois eu encontrei o meu caminho.

E ...Por falar em pai, se você ainda estivesse aqui, eu lhe diria; - Muito obrigada meu pai, por ter me feito ver a vida assim de uma forma gratificante, do jeito que apesar de tudo, continuo mirando e apontando o horizonte... Você sabia meu pai sobre quase tudo de mim, pois saiba: Eu não me perdi. Continuarei sendo a sua Aurenir e lhe amarei enquanto eu existir, é muito bom saber que o meu nascimento foi tão esperado por você, papai. Ah e eu continuo amando o lugar que você nasceu, ali mesmo onde hoje dorme para sempre.



Somos sozinhos

Lamentamos do percurso e da demora cansativa, depois de mais um dia, não sei porque, se o amanhã será quase o mesmo. Isso se o tivermos.

O jeito de ir, é saber sentir o que a lua pálida, tem à nos dizer, parar um pouco, sentar no banco d'uma praça, sem encher-se de outros pensamentos que não seja o de beber o seu instante de vida, sentir o vento, tornar-se uma árvore ou até uma criança que corre inocente e de vez em quando retorna à saia da mãe.

Os pássaros fazem uma bela algazarra, escute-os, sinta-os, entenda o que eles querem dizer, afinal eles não estão ali por acaso... É festa!
Junte-se à eles, faça festa dentro de você mesmo, comemore a sua vida.

Corra ao lado daquela criança, se canse, volte à se sentar e respire, fundo, vá fundo dentro de você, resgate o que estava perdido. Sonhos vencidos, Reanime-os, alimente os pássaros, mas não se esqueça de alimentar àquilo que está morrendo dentro de você... Os sonhos, deixe-os livres!

Os pássaros! Os gritos das crianças, se eles incomodam?
Não, não incomodam, eles retiram a sua dor, quebram o silêncio da sua alma, acalmam alguma coisa quando lhe convidam à ver o outro mundo ao redor, além daquilo que não faz bem.

Quando a minha alma está aflita, passo algum tempo embaixo das árvores à escutá-los. Analiso a solidão de cada ser humano, somos sozinhos, sempre sozinhos em meio à multidões,o que não nos impede de sermos felizes.

Ah essa minha alma louca! Que aos poucos, ela volta, aquieta-se em mim e me leva de volta para casa... Acabo ouvindo a voz do meu coração e passo à amar ainda mais a vida, passo mais à compreender as pessoas, sem exigir ser compreendida. A sua opção de ser você mesmo, é individual.


Findo os  sonhos

Como podia algo aparentemente tão simples
Reportar alguém, à tantas lindas lembranças.
Sentia sempre uma estranha, mas feliz sensação
Enquanto via os restos das suas flores
Varridas pelos ventos, pararem num canto do quintal.
Concentrava a sua atenção e pensamentos
Àquelas cores desbotadas e o cheiro de mato,
Era tão gostoso,
Sempre lembrava dele e de suas poesias,
De suas conversas que lhe davam vida!
Era como se ao invés de jogar aquilo tudo fora,
Enviasse com elas, mensagens através do tempo,
Em pensamentos de amor.
Era como uma promessa de poder unir suas vidas
Mesmo que fosse por algumas horas, de um dia.
Até brincava dizendo;
-Vento, esses restos não são restos
São inspirações para obras de poetas crédulos
Nas suas fantasias. Vento,
Leve-as consigo, lindas, meio frescas, ainda com vida,
Elas serão sementes daqui a pouco
Renovarão sonhos em outro quintal.
Agora tudo morria em sua alma.
Porque me deixou tão sozinha?  Sem ele,
O que fazer com a minha vida.
Pensou na duração do que se sonha acordado,
Enquanto olhava o acúmulo de flores e folhas secas
Causando tanta dor, ao seu coração,
Deixando sem vida o seu olhar.
Era tal e qual a duração das borboletas,
Desilusão que de tão cruel
A ajudava a varrer junto com elas, o que não tinha mais
Qualquer sentido, tudo era somente lixo.
As folhas, as flores, as borboletas...
Dia após dia, definhando vinha a esperança.
Como é triste sentir-se morrendo
Junto com os sonhos dum amor não acontecido
E tão forte assim dentro, invadindo tudo.


Lagos

 
São dois...  Eles,  que são os seus olhos
Profundos...  Amados, neles me perco.

Dois lagos encantados, onde mergulho.

Um lago, de perdição...
De doce desvendar.

O outro, me faz enlouquecer
Sem neles poder descansar.

Fuga...
Escondo-me de mim mesma.

Seus olhos, meus lagos,
Do começo da manhã, até o anoitecer,
Neles,  há uma cor tocante, escura,
Que faz nos olhos meus,
Reluzir um pouco das minhas verdades.
Amo você, amo seus olhos...
Continuarei deles, fugindo.
E amo, amo o que fala
Amo tudo o que cala.  Morro de saudades.


Pluma

                                      
Se era noite; Vagalumes.
Ela, pluma.
Pensava mundos, deitava nuvens
Cercando levemente, a fria lua.
Se era dia; Descia borboleta, às flores,
Viajava nas cores,
O amor não desbota.

Virando o tempo, despertando a aurora
Inquieta pluma solta, vagando
Voando voando
Sem descanso algum.
Habituando a alma ao desconforto,
Retornava. Misturava-se às ondas,

Ora peixe
Ora rio, invadia o mar.
Agora?

Retornando... Olhos vazios,
Do seu amor,
Não haveria de se cansar.

Em terra firme, grãos pisados, encharcados
Machucava a areia.

Ela pluma,
Passando pelas dunas sem motivo pra  parar.
Observava, pálida longitude,
Lamentos, duma ostra
Espelhava-se nela, com sofrimento,
Não escutava o canto das sereias.

Precisava ter consciência que era pluma,
Cujo destino, só, somente voar!

Vivia... Para cá para lá,
Precisando dum gesto, dum abrigo
Qualquer palavra, um acalentar.
Queria o impossível,
Só escutava gritos
Guerra dos ventos, alucinados gemidos.
E insistia, em ser? Não era nada,

Era somente uma simples pluma
Contrita, na cega vontade dele, mas... Silêncio.
Como desistir... Dele precisava,
Daquele rosto, dele, dele, era todos os seus gostos.
Queria, ah como queria àquele amor,
Ou por outra,
Arrancar do peito a dolorida saudade.
Olhando o infinito, outra vez cumpriu sua sina,

Voltou às
Nuvens, sem abraço, ao relento, relento...
O único que a acolhe, que bem conhece o seu eu.
E ele?

Sem ele, nada de felicidade.
Ela, pluma, triste, culpada, recordou:
Erros, excessos, sabia, que o decepcionou.
Mas,  o retrato dele, já não a contentava.
É... Sabia que o sufocou, destruiu o sonho,
Quanto arrependimento.

O amor estava ali, nela,  teria ele, solução?
Ainda haverá tempo?
Ela, a simples pluma, teria um  perdão?

Perder-te, perder-te, para sempre?
Não.
Seguirá, desejando um instante,
Será eternamente no pouco tempo

A mais infeliz, das plumas,
Pluma sem sonhos,
Àqueles mesmos sonhos, que não mais a acharão?
Precisava reinventar-se, voltar à acreditar,
Arriscar?
O que fazer? Não conseguia esquecer
Sem àquele amor não conseguia continuar.

                                          ...Quando,
Súbitamente, veio uma ventania forte,
E àquela  pluma, pra bem longe levou!
Num sôfrego instante,
Ela de olhos fechados, pensou; -Será chegado o meu fim?
Qual fim nada, estava ele, abrindo as tão amadas mãos
Num abraço insubstituível
Recebia de volta a pluma e o seu amor
Foi miragem, ao mesmo tempo sonho, que se realizou.
A pluma conseguiu, do seu amor, o esperado perdão.



Poeta sem alma


Era tanta, tanta vida acontecendo lá fora,
Calor, fogo e faíscas, algazarra, enfeites do arraial,
Amores, quadrilha, com o  cheirinho das comidas,
Sanfona tocando, na festa junina, .
Sem balões, ah os balões, proibidos como um certo amor.
    No peito nada mais lhe doía, não queria um amor artificial.
           As vontades se foram como a fumaça da fogueira,
           Um olhar distante, comemorando a leveza de só ser,
Sem amanhã, sem brilho, nem as estrelas lhe restaram,
No semblante, refletido o lado de dentro, que ninguém vê.
Da penumbra do quarto, contempla um céu seu, diferente,
Fêz-se um dia morto.  Uma noite, não vivida,
Engasgando com as pipocas doce, inibindo o seu anseio.
Sombras pairavam, memórias de uma felicidade prometida,
Esperança há dias, morrendo. Vencidas.
Lembrou de fantasias que não lhe causava mal.
Em sua alma,
Era véspera constante de sonhos perdidos.
Era festa! Linda estava a fogueira,
Desnudando a dor, desse poeta sem alma, sem verso
Sem um rascunho sequer,
Já não escrevia, não falava, poeta que hoje,
Caminha pela vida, feito um ser, qualquer.



Pássaro menino


Um dia eu desenhei uma escada para um pássaro que estava com frio, fora do seu ninho, sem querer voar. Desejei que ele fosse muito feliz! No desenho da escada havia flores, folhas verdinhas e cada degrauzinho era para fazer ir valendo a viagem até chegar na estação felicidade, mesmo quando a primavera confusa, pensasse que era inverno, quando o verão pensasse ser outono, porque às vezes a alma se confunde com as estações, mas o que ela quer mesmo é ser feliz. Quando desenhei, ele gostou e foi batendo as suas asas com um jeito puro e inocente, tão inocente que fiquei encantada com àquele pássaro menino, ele voava de um lado para o outro me dando atenção e me ensinou coisas, eu uma ave madura cuja asa quebrada  impedia a vontade de voar... Subi meio em voos rasos, junto com ele cada degrau, fui contemplando a sua galeria de sonhos pendurados, desenhados no percurso, cada poesia era um quadro lindo que a sua alma escrevia.
No final da história era ele quem estava me devolvendo a felicidade só que desta vez de cara nova, dum jeito que eu jamais pude imaginar sentir, ele me fez voar tão alto! E foram tantos sonhos lindos que ele trouxe à minha vida estagnada, eu passei à dormir nos espaços sem paredes sem chão, flutuando na paixão, acordava banhada com as suas tintas, acordava procurando por ele, e pensava: -Mais tarde ele vai voltar. E ele sempre voltava, até hoje é assim...
Àquele simples desenho era uma dupla passagem para a felicidade, hoje ele mora em meus sonhos, mora em minha alma, eu o amo tanto tanto tanto! Para sempre eu vou lhe amar... Sim, ele é um pássaro adulto que refez o seu ninho, vive muito feliz e isso me faz tão feliz, mas continua sendo um pássaro menino, tem o coração mais lindo que eu já pude conhecer, ele é entre toda a floresta de sonhos, o pássaro que o amor enviou para mim.
O amor não é palpável, é sentido com toda a força da alma, é assim que eu o amo. Ele é o meu amor, meu amigo, meu tudo. Quero que nunca mais precise de escadas, que voe voe voe porque o seu infinito combina com o mar, com as florestas, com o céu mais lindo feito para você meu Poeta querido, você faz parte da minha vida, enquanto eu existir eu vou assistir os seus voos e vou sonhar com você mesmo acordada, porque você é um encanto de amor.



A folha


Ela havia sido violentamente jogada fora, pelo vento, desses ventos que vadia sem piscar os olhos...   
.....Caída em algum lugar, abriu a sua alma,
Depois duma longa seca devastadora.
Agora, lia, lia o rio solto disfarçado de livro,
que às vezes vinha molhando a ribanceira sem qualquer sentido naquela vida,
que ardia ao sol batendo em sua solidão,
e criou vida e ia lendo e modificando o que nela havia de errado.
Um livro que a transformou, transportou,
Fez melhor, fez feliz, levou àquela folha seca pelas galáxias,
banhou de estrelas à sua visão, dividiu com ela, parte da lua, cheia...
E ela banhou-se de letras, lia, relia, sem se cansar, nele mergulhou de olhos fechados,
O livro mágico, de incontáveis páginas, algumas em branco, caminhos não desbravados que a empurraram para àqueles infinitos olhos de mistérios
mas de uma beleza que preenchia qualquer busca sua,
não matando a sede mas, aumentando a cada instante a vontade de tocar suas mãos, lindas mãos de anjo.

- Ainda hoje...
Quando eu penso em mudar o meu rumo, procuro as veredas solitárias de suas páginas, pouso mas de tanta emoção e dor volto a voar,
de preferência para um outro tempo, sem ouvir nada além da lembrança amada das suas doces e suaves respostas.

A folha sentada... Questionava triste,  se podia viver sem o som da sua voz.
Sua voz,
suas palavras ditas, escritas, tantas coisas lindas, como esquecer?
Dessas coisas que você não consegue.

Memórias e gravuras de um rio livre que era feito de palavras que nem sempre traduzia o seu silêncio,
silêncio que invadiu como enchente acordando um mundo já esquecido.

De volta ao chão, o livro em suas mãos, e suas fotografias...
- Como ele é lindo!
Meu Deus! 
Precisava mudar os seus pensamentos, ia doer menos.
                                                          ..... ( suspiros )



Teia do tempo



E quando no fim do dia dentro da alma da gente, chove...
Chove, e eu estou por dentro me sentindo calmamente feliz.
Olho para fora, além do quintal e concluo que
Houve um tempo em que do tempo eu fugia, hoje não, hoje eu senti vontade de, consciente juntar o passado com o meu presente.
Hoje eu não julguei os meus atos, não me culpei ou aplaudi, somente quis ficar um pouco falando sozinha, e sozinha eu senti o tempo afagando os meus cabelos brancos, disfarçados.
O tempo...
Ele, me abraçando, foi me dizendo que deu certo, tudo...
E por alguns instantes, o passado e eu caminhamos em grande parceria, foi demais a sintonia, causando em mim o efeito do dever cumprido.
Os desejos são linhas imaginárias que vamos tecendo ao longo de nossas vidas, neles vamos nos agarrando, com medo de cairmos.
Recordo quando um pouco de papel e lápis era o suficiente para me fazer viajar por lugares que só existiam em minha imaginação, algumas páginas guardei, porque nelas havia um desejo de conquistar um espaço impossível, era estranho pois, por mais que eu escrevesse havia uma distância sem fim entre a realidade e os sonhos, até hoje quando penso e escrevo, há uma falta de palavras entre o teclado e eu, mas permanece inteiro esse amor que hoje é vivo dentro de mim, a teia do tempo era a busca de você.
Quando ao invés de escrever, sinto...
Sinto algo tão intenso que não consigo dizer, mas consigo alcançar um rosto o qual uma vida inteira eu sabia existir, era o seu.
Agora é uma outra fase... A fase de amar sem medidas e saber que nem sempre tudo o que a gente quer, não necessáriamente tocamos.
Nem por isso deixamos de amar e de querer.
Lembro quando perdi a esperança, por outra esqueço de acreditar...
Lembro quando me enganei e quando tentei novamente, mas acima de tudo o que fiz até aqui me mantém plena por saber que desse amor eu não irei desistir.
Posso continuar por ele, tecendo mais sonhos... Neles posso lhe encontrar,
De repente, tudo na minha vida se ilumina.
O que me une às letras é que nelas eu me vejo sempre, sempre escrevendo para você e será assim enquanto eu viver.

                                 
Amor de Poeta



Adentrando a noite. Feito eremita em seu ermo caminho,
Agora, sem você, sentindo a brisa no rosto,
Na imensidão da noite. Um rodopiar de folhas caídas, molhadas,
Tanto pelas chuvas quanto pelo olhar molhado das minhas lágrimas
Pela brusca ausência sua, pela qual fui tomada, me restou seguir.
Uma vida inteira sem por um dia sequer,
poder tocar os seus lábios uma única vez. Com isso não me acostumo.
Cada vez mais me sinto perdida, perdida, perdida...
Morrerei com a tristeza,
Essa,
de não poder conhecer você. Tanto que eu quis entrelaçar as nossas mãos,
Desejei lhe tocar.
Você meu doce mistério, quanto mais olho pra você, mais quero!
Existe um brilho à iluminar a minha negra escuridão na passagem do tempo...
Sem medo sigo em busca de você, atrás de mim ficam rastros,
que tem seu brilho.
A minha esperança, é a de que venha ainda um dia, à me seguir.
Impossível?
Não nos conhecemos... E tanto sei de sua alma linda!
Que acredito numa volta.
Bem sabe, que já voltou uma vez...
Um  "Eu te amo"   Fico repetindo o seu nome que eu amo, volto à dizer
que eu te amo,
É pouco, ultrapasso e fecho os olhos para os seus mistérios, todos.
Amo tudo em você, amo as suas buscas. Embora tenhamos seguidos rumos opostos, esse que sigo é meio sem rumo, só sei ir pra voce, que se esconde.
Não esqueço o quanto ' foi em minha vida, o quanto me deu a sua mão,
Deu o seu ombro, a sua paciência comigo... Obrigada, querido. Obrigada.
Um dia muito distante, ainda arriscarei lhe convidar, pela terceira vez;
-Vamos voar  meu Poeta! Isso, um dia! 
Voa um pouco comigo, vamos fazer poesias, amo-te assim... Poeta,
Homem, Menino. Cujo olhar nunca vi, mas a sua alma, senti.
Amo você assim, sonhador, com olhar e pensamentos fúlgidos,
Às vezes até consegue enganar o próprio coração dizendo que ama.
E ama. Do seu modo enraizado em suas origens, ama...
Amor de Poeta.
Quando, não consegue a si mesmo encontrar, você cata estrelas perdidas.
É assim que eu te amo muito mais. Essa sua alma desencontrada.
Meu pássaro,
Coração e olhar nas noites sem luar, inquietos.
E eu perdida, em ti me encontrei. E voltei à me perder ...
Para mim o que importa, é o fato de que você existe, e eu te amo amo,
Amo a sua intensidade, amo até quando é grosseiro, é sua identidade.
Ser dócil, meigo, anjo e o resto que, só eu sei...
Amo, amo. A sua capacidade de transformar-se, em doce amargo...
Encanta-me, seduz... Faz feliz essa sua maluca.
Mesmo que esteja arredio,
sem nada me dizer, sem nunca me procurar, sei que me ama;
Com seu Amor de Poeta.
Você é o meu horizonte, nas noites e nos dias...
Não sei o que seria de mim sem você pra eu amar.
Não me importo com a distância... Te amo demais.
Continuarei misturando tu e você, sendo você, um só que eu amo.
Cada vez que eu caminho pela praia.. Lembro de nós.
Seria injusto duvidar do amor de um poeta, com seu imenso
coração.


Inexperiência


Quando o amor é o primeiro, há um prazer incomparável da descoberta, curiosidade da emoção que em sí frenéticamente domina, você se sente premiado, se sente especial entre os seres.
E a falta de raciocínio e a busca no outro, a felicidade flutua e páira no ar que você respira! e quando essa loucura acaba se lhe deixam de súbito, você se julga morrer.
A vida exige que continuemos vivos...
Até que um belo dia, lá está você novamente juntando os pedaços de seu coração e recomeçando tudo... amando outra vez.
Ah dessa vez vai!
E nem vai... mas o coração não tem memória!!!
... E nunca se vai saber ao certo qual amor foi o amor maior.
Acredito que a gente sempre acha que é o último!
O último amor... |
Deve ser o mais ardente, o mais emocionante...


Redenção-Ce.


As feiras livres...

Na infância tudo tem uma dimensão maior às nossas vistas, lembro que uma vez eu falei pro meu ex-marido, na verdade, que a casa do meu avô lá em cima da serra em Redenção-Ce., era uma casa enorme de varanda rodeando toda a casa... com terra que se perdia na visão... não menti na dimensão da terra, mas a casa... era grande, aliás ela até hoje é grande! Mas não tão imensa como falei pra ele...
E passei muitos e muitos anos sem visitá-la. Quando já tinha meus três filhos bem pequenos, resolvemos subir à serra com as crianças...
Ele amou a subida e o cheiro de relva!
Encantou-se....
Quando chegamos à casa, a primeira coisa que ele observou... _ Você não falou que a casa era enooooorme!!! Op's, passei uma vergonha!
Na cidade ainda citada de onde vieram os meus pais, o que eu mais amava eram as feiras dos domingos...
As feiras nas cidades pequenas especialmente em Redenção, ah são incríveis! Até hoje, adoro.
Pra mim era algo fabuloso ficou em minha memória até os dias de hoje... sempre vou por lá, caminhar, rever antigos e velhos lugares e amigos dos meus pais, e a minha família.
Ali era ponto de encontro dos meus antepassados..
HOJE QUANDO PASSO POR UMA FEIRA IMENSA... COLOCO
UM OLHAR COMPRIDO...
DE LEMBRANÇAS... QUE ACALENTAM.
Recordo com amor
e como um tesouro.. bem guardado!
Estavam todos lá, espalhados por todos os lados... todos as manhãs de domingos; Papai, meu avô paterno, avó materna (madrasta), os tios Manoel, Raimundinho novo, Raimundo o mais velho, Expedito, Zé Maria, Joaninha, Mazé, Rosinha, Chiquinha, e tantos primos... A mãezinha e irmãos dela: João Setúbal, Antonio branco, Antonio preto (Toinho), Luiz, Geraldo Piaba, e algumas esposas.. Todos esses personagens faziam a feira (festa!)
E a visão linda! Verdes e todas as cores, frutas verduras, fresquinhas, tinha de tudo!  Muita fartura!
Era gente demais invadindo o centro da cidade ao lado da matriz (Igreja), descíamos cedinho da serra para a pequenina cidade, em todas as minhas era as férias de julho...
Era as festas matinais pra minha infância aos domingos..
Dessa família toda hoje, apenas nos restaram poucos, um tio único (Zé Maria) amo meu tio... ele retrata toda uma história, já falei pra ele que ele está proibido de morrer rsrs  fofo!
Tem a minha mãe... e alguns apenas..
Os outros estão enterrados no cemitério de lá mesmo entres as serras verdes... todos... Inclusive, dois irmãos meus minha avó (mãezinha)
Saudaaaades!
As feiras continuam, sempre retorno  por lá...
Mas  aquelas feiras!
Nunca mais as terei...


Uma viagem 

 

Ainda pude vislumbrar o vulto ao longe... Agora...  Tão longe está dos  meus ideais!
Foi quando ouvi falar mais alto o meu amor próprio, a minha dignidade de saber ser mulher que não se rasteja, não se deixa ser humilhada ou lamenta.
Chorar por que e pelo que? Tantas lutas ganhas, tantas conquistas!
Ninguém chora ao despertar dum sonho.
A arte de saber entender, as despedidas atada à sabedoria de abraçar o novo.
O desconhecido... Podemos nos matarmos aos poucos, em nome do que idealizamos e obstinados não entendemos o momento que se desfez...
É preciso desprendermo-nos de nós mesmos. E termos consciência de que viver é reinventar, renovarmos as nossas próprias estações da alma...
Quando falamos de amor achamos que falamos do sentimento que poderia completar o outro,  como completar o que será eternamente incompleto? - Também em nós!
Enquanto o nosso egoísmo busca saciar o próprio âmago, a paranóia, nada mais é do que um escudo para não enxergarmos o caos que está o mundo, mas não perdermos a percepção de que o paraíso é algo particular, ele está em cada um de nós. Para que ao nosso redor tudo permaneça à contento.
A vida é essa, nua e crua que também traz os seus encantos, sorrir para tudo isso é fantástico! O mundo é maravilhoso e viver então! Se não está sendo valorizado, repense... A vida é sua! Essa é a sua maior conquista, é a vitória sobre as suas batalhas. A não solidão dos amantes, não deixa de ser também uma mentira, quando ambos se encaminham por suas vidas, alado e sozinhos. Somos estranhos à nós mesmos, nos acostumamos com o nosso jeito de ser! Convivemos com as nossas buscas,  julgamos alguns fracassos infindos, mas no fundo sabemos até onde podemos ir, sabemos o que queremos, o que sacia e o que será uma eterna fome em nós. Há sempre tempo e jeito de reerguermos o nosso ser.
Sabemos quando somos um estorvo. Pra que?
Amar-se primeiro, depois aos outros...     ...Ou não.
Algumas ilusões tentamos firmar, dessas que por algum tempo traz alento aos nossos anseios, percebemos então que do jeito que vem, se esvai de nós... Meras fantasias que alucinam e tiram-nos do foco que é o instante.
É que tem dia... E dias, que as nossas almas saem de nós e ficam vagando por aí julgando estar numa grande viagem, quando nos damos conta de que nem saímos do lugar.
Mas corremos perigo de escorregarmos pelos deseperos, as angústias que irão persistir. Não faça da alma de ninguém, seu abrigo... Não culpemos os outros...
Quando viver é urgente, que felicidade mesmo... É abrir os olhos para vermos que o sol está em nós, a luz está em nossa alma e não nos outros.


De repente...


...Pois não é que sem querer deixei a brisa entrar nessa minha cabeça fechada, retrógada, voltada para o pulsar de um velho coração cego, surdo, mudo que nada mais sabe fazer que não seja se machucar, resolvi me entregar a essa vida que me sacudiu, me fazendo acreditar nas possibilidades de resgatar em mim, não restos de planos, mas todo um plano lindo de continuar bebendo os sonhos mas com realidade e respeito por mim mesma! Porque viver é fazer quebrar as correntes, é abrir os cativeiros e correr o mundo inteiro, livre e solta, enquanto as auroras não nos deixam adormecer, para dos pesadelos, nos retirar. Hoje é um novo amanhecer.
De repente  senti que vou, vou seguir a minha estrada sem olhar para trás... Nunca fui dada ao passado, senão, dele aprender as lições e do bem, guardar as minhas recordações.




A felicidade volta



Ainda ontem estàvamos assim planejando, sonhando
de repente os sonhos se desfizeram...
E não ficou o vazio.
O que restou foi uma experiência gostosa de vida
algo para ser muito bem lembrado, e sentido e a saudade virá mas encontrará cada um no seu lugar assim livres.
É que o amor é bom,
mas acorrenta e você fica o tempo todo como se estivesse
guardando um cofre cheio de brilhantes,
cujo segredo foi descoberto e a qualquer hora
alguém nos viesse roubar...
Se roubaram é porque não tinha jeito
ninguém é de ninguém.
A felicidade voa e volta!





Doce Sonho



Quando o bem desnuda a sua alma,
Faz desabar a arrogância, o orgulho, o egoísmo,
Mesmo que seja por um instante.
Faz o ser mais desprezível tornar-se nobre.
Há momentos em que o coração está endurecido,
Implacável!
E num passe mágico,
Até numa visão de um simples quadro,
mexe com a nossa emoção,
Os olhos enchem-se de lágrimas
e o nosso corpo estremece...
E o pensamento sintoniza o amor...
O amor.
Um bem imenso nasce dentro da alma,
E você deseja o bem para a humanidade inteira,
e o desejo de que não deveria haver inimigos,
Porque o mundo é lindo,
Tudo é tão belo, e eu penso...
Como seria bom se todos os dias,
Todas as pessoas se sentissem assim.
Com um coração e uma alma desarmados,
vivendo a vida em toda a sua essência,
Numa funda e eterna  harmonia...


TRÊS FILHOS   II

  
Um dia essa carta será lida com saudades... quando os nossos destinos 'apenas o destino' nos afastarem...
Porém o amor plantado dentro de cada um de nós nos marcará a cada um incondicionalmente.
 

Lílian,
Em vocês... A certeza de nenhum arrependimento, a certeza da luz, vocês luz da minha vida! Vocês... Nenhum engano, nenhum obstáculo, meus companheiros amados para sempre, em todo o processo, tanto de lutas, de derrotas, como das conquistas. Em nossa guerra particular, fomos vítimas e fomos vencedores, vocês são os meus troféus. Tesouros! de incalculável valor... vocês. Companheiros...

Lídia... Maravilhosos são os três.
Das quedas, do choro, das humilhações passadas juntos, da fome de tudo! Sofremos injustiças mil... Perseguições sofremos... Meus choros e palavras engasgadas, das noites desconsoladas, vocês foram e são meu consolo, não tinhamos nada e tinhamos tudo tinhamos um ao outro e temos... Companheiros amados, das manhãs... dos tantos 'Problemas'  pequeninos, sempre ao meu redor, das minhas mãos na cabeça sem ver saída, vocês foram a minha saída só de lhes olhar desprotegidos, contando apenas comigo... meu Deus! Que louca fui expondo vocês a esse mundo!  A minha insônia... 'Foram sem saber, os meus psicólogos meus analistas,
 
Jean...
em suas inocências nunca me deixaram entrar em depressão... eu não tinha esse direito egoísta de colocá-los no mundo... Companheiros que não me deram o direito de me deixar cair, de me deixar vencer entende? Meus degraus... nossos degraus se fizeram um só!
O objetivo o mesmo por isso nós quatro somos um só! Suas mãozinhas que me levantaram de cada queda... Não não estou triste, só agradecendo a cada um... meus filhos!
Jean, Lídia e Líliam:
Testemunhas dos balanços que quase me derrubaram, mas não,  eu nunca caí, nunca caimos... Meus amores tanto do amanhcer quanto do anoitecer, da esperança de uma esperança lá no fim do túnel... Ah me empolguei lembrando de ver que estamos no túnel hoje vitoriosos!
Meus filhos! Dos sonhos ao os verem lindos correndo sorrindo puros inocentes! Companheiros da minha vitória da nossa vitória, meus filhos!
Hoje já todos encaminhados, cidadãos respeitosos e exemplos de sua geração... como eu sou feliz por ter vocês.
Eu sou uma mulher realizada sim, por ter sido uma mãe sozinha sem o amparo de um pai presente, sou pai e mãe de vocês com muita humildade da alma e orgulho por sermos vitoriosos! Que Deus dê a vocês todos muitas felicidades!
E também ao Pedro, ao Jeanzinho, a Maria Clara e o Eduardo, meus netos queridos, lindos!!!! Amoooo



Pena


E porque não deixar fluir uma dor,
expressá-la em um pedaço de papel,
nas palavras que não dizem tudo.
Porque não deixar fluir essa dor
que aos poucos vai levando esse pesar
para muito longe até quem sabe,
um dia encontrar a cura.
E quem sabe , outras poesias relatando,
Com as penas da alma, espremendo a alma
que pena. Outra pena,
com essa pena escreverei a felicidade.



Vire as páginas


A vida é choro, é sorriso, alegria e vontades,
assim absorvendo o que é aprendizado;
Apostando, acreditando, e duvidando de tudo,
perdendo o medo absurdo, esse que lhe trava.
Esquecer o ontem que lhe machucou,
avante alma enlouquecida, acalma, respira,
arranca de dentro toda sombra, faz por fora irradiar
a sua luz.

Saiba o que é o certo, olhando adiante,
não queira morrer, nem duma só vez, ou aos poucos.
Nem um amor merece tantas lágrimas.
Tentar uma nova etapa, virar as páginas de sua vida,
superar todo mal, se a sua alma por dentro sangra,
não se detenha diante da dor.

Ah tudo é contraditório, eu contraditória, tento acertar.
Giramos num ciclo, a felicidade vamos buscar...
Sentir os estragos dói, mas, cessar os lamentos,
sorrir, ser feliz driblando as decepções, reconstrói.

Nada é melhor do que um dia após o outro,
se hoje você está triste, amanhã tente ser mais feliz.

É preciso sorrir, sentir alegria  e vontade de viver,
assim absorvendo o que é aprendizado,
apostando, acreditando, duvidando de tudo,
perdendo o medo absurdo, esse que trava.

Esquecer o ontem que lhe machucou, avante,
alma enlouquecida, acalma, respira,
arranca de dentro toda sombra
faz por dentro e por fora irradiar a sua luz,
a vida sorri para você.

Saiba o que é o certo olhando adiante,
não queira morrer por dentro, nem muito,
Nem aos poucos...
Nem um amor merece tantas lágrimas.

Chegou a hora de uma nova etapa, de virar as páginas.
Supera todo mal, quando a alma por dentro sangra,
não se detenha diante da dor.
Viaje nesse sorriso tão lindo da vida que lhe chama,
ah tudo é contraditório, eu sou contraditória,
Giramos num ciclo, em busca de ser feliz, sem amor.

E tudo se resume em vida num sopro perfeito
e em desalinho. Sentir o estrago dói, mas, sessar os lamentos,
sorrir, ser feliz driblando as decepções,
nada é melhor do que um dia após o outro.
Se hoje está triste, amanhã esqueça os tormentos



Contei sobre o mar


de amor que inundou minha alma;
Rejeitada, aos prantos por você fiquei.
Tomou tantos outros caminhos, oposto aos meus.
Distante de tudo, ainda com você sonhei...
Tentando acompanhar o tempo, sem razão fiquei.
Nada mais me restou, mas, não desisti.
Por muito tempo sem esperanças, amei, amei,
sem saber para onde ir, juntei-me ao vazio,
ao desencanto, só os pensamentos tristes, abracei.



Sem rumo



Vasculhei no cofre secreto de dentro de mim mesma, quis encontrar palavras, temperei em prosa e verso, quis encontrar algo bem gostoso, como calor, amor, saudade, ilusão, quis resgatar o sussurro guardado em minhas lembranças... Nada encontrei, nem um restinho de minhas fantasias, e tudo estava tão vazio, sem ais nem suspiros, sem sonhos sem nada, como se eu estivesse morta. Nada encontro, dentro e fora de mim.
Pergunto à essa linda manhã, como será o meu dia se eu continuar estranha assim, se não me reconheço, essa não sou eu... Agora o dia já passou, a noite vai chegar, espero que a poesia volte para dentro do meu ser, que tanto ama viver.


Meus rabiscos



No embalo dos sonhos, com os ventos sempre vou junto,
depois outros, mais outros ventos me trazem de volta;
Já não sou igual. Outro dia me julguei forte,
no outro dia, eu tão frágil.
Quando diante de obstáculos recuo, me desprendo
de sofrimentos, de pensamentos,
para fazer valer a vida, vejo que ser feliz é o certo,
seguir lutando é gratificante.
Olho no olho, desejo...
Vida que chama, que destroça e arruma,
querendo abrir o coração para o amor.
Agora está chovendo lindamente...
Os dias por aqui normalmente são quentes,
hoje especialmente faz frio,
com a brisa, a alma leve, grata, que dá tréguas aos rabiscos,
deixando a sonhadora descansar,
nesse dia maravilhoso de festa!
Tenho um teto que chamo de meu, um trabalho,
à noite um lençol com cheiro de paz e sem cor,
uma cama macia, sem cheiro de amor.
Se amar algum dia, me deixou marcas,
toda marca de amor deixa no peito o vermelho duma flor.
Que seria a minha vida sem rastros?
Eu e meus rabiscos... Neles não sou real,
não somos donos de verdade nenhuma, além dos nossos medos,
e muitos segredos. Os meus pensamentos se ordenam
e se desorganizam
em busca de entendimento que não quero encontrar.



Ruazinhas


Os caminhos de pedras, de chão molhado e batido, com flores, com cores, às janelas nunca deixo de observar cada ruazinha até o seu final, fico imaginando o que por lá se esconde, são destinos acontecendo por onde os nossos olhos não alcançam. Percorro estradas, asfaltos invadindo as paisagens verdes... Adoro as minhas viagens por terra.
Encarando a vida, como se o mundo fosse real, com a impressessão de que eu me basto, e penso; Será que sou normal, feito tudo o que se esconde no fundo das ruazinhas?


Trégua

Retira de dentro, essa solidão,
vence a saudade, não se deixe consumir.
Buscar com essa ânsia saciar a alma,
não descansa o seu interior.
O desprender-se de um amor é doloroso,
impede a plenitude do ser...
Amar cegamente sem volta, prejudica.
A obstinação apaga a luz natural do ser.
Impede a verdadeira alegria de viver...
Enxergue além do romantismo,
cega cada detalhe em cada canto da vida,
sem o pesar tente libertar a sua alma.
Dá uma trégua para os pensamentos,
não vai à lugar nenhum entregar-se ao desalento,
uma busca incessante rouba a sua calma.
                                                          

Apavorada


Quando caminho pelas ruas desta cidade,
sinto-me abandonada, sinto-me ameaçada.
Não temos segurança, apenas  habita  em  nós,
a velha esperança de melhores dias bem distantes.
Somos seres que temos tudo para sermos felizes
Mas convivemos.
É assaltante armado de revólver por todos os
lugares, é tudo a cara do
medo...
Vivemos felizes  em paradoxos...
Sim...
Assim caminhamos pelas ruas, com
Pavor, estou apavorada de verdade.
Mas não perco a fé por dias melhores.



Descrença



Não fale coisas,
que não pensarei coisa alguma,
nada espero, nada quero,
não queira me fazer sonhar,
ficarei calada sem em nada mais acreditar,
não me convença de nada,
não me engane,
não se engane, dessa vida nada quero levar,
nem pense que eu ainda espero algo,
nada, nada,
nasci para ser feliz, e quanta decepção,
em nada mais irei me agarrar.
Cada degrau alcançado,
nenhum sonho de amor
realizado…
Desisti, descrença me tornei,
da vida nunca sei se fui ou se voltei,
estou no mesmo lugar.



Não vivi
 
 
 Por mais que eu tente expressar,
 não sei dizer
 o que se passa aqui por
 dentro.
 É meio louco, seria melhor
 sentir o vazio
 que por certo eu teria,
 Um oco...
 Por nunca haver tocado o céu,
 não toquei.
 Não,
 não vivi um grande amor,
 Não.
 Não do jeito que eu sonhei um dia.

  

Sou Vida!


...Sou uma flor seca ao vento, repleta de sementes por debaixo de todas as pétalas que em outros campos florescerão vida e poesia!
...Sou uma folha que insiste em sobreviver, que sonha ser ainda colorida que se perpetuará nos sonhos alheios, vou...
...Sou a paz no olhar, buscando amor no olhar perdido, das pessoas, não suporto o desamor do mundo, o amor está sempre escondido em minha alma, esse é o motivo da minha vida...


Uma nova mulher


Eu não era assim, mudei por mim, na tentativa de ser feliz. Modifiquei o meu jeito para fazer você feliz... Consegui. Foi por pouco tempo, mas fomos felizes... Deixei muitas coisas sim, por você. Tentei ser uma nova mulher, não agradei... Eu gosto dessa na qual me transformei.
O que eu busquei, foi exatamente o que eu tive... Só não daria mais para reviver porquê o encanto acabou, saímos um do outro nos querendo, saímos sem querermos sair.  Agora serei essa outra que acabo de conhecer.
                          


Perdoar


A pessoa que magoam e machucam
um coração inocente, pensando que
está agindo corretamente.
Não sabe o quanto é triste!
Ah meu Deus, me ensina a perdoar.

Liduina do Nascimento.





MEUS FILHOS



A minha vitória, é nossa vitória...
Mas,  a minha vitória em particular!
Dedico a vocês, meus tres filhos queridos...
As perdas... Eu as recuperarei por vocês...
As decepções... Trocarei  todas por incentivos.
Não deteremos  a vida no caminho.
Os motivos que nos fazem seguir
são milhões!
Recomeçaremos sempre!
Toda solidão disfarçada de coragem.
Sempre nos faremos companhia em festa!
Não desisti... Não desistiremos.
Ás vezes que eu caio,  e  falta-me  o ânimo
quando enfraqueço... Reflito, e esqueço.
Um dia ainda, quando estiver mais velha,
por escrito deixarei:
Que tudo vale a pena...
Amo cada amanhecer, cada anoitecer...
E cada sorriso lindo de vocês meus filhos.
E amo vocês mais do que tudo nesse mundo...
Um dia quando eu estiver muito cansada
pelos anos que o tempo me deu, certamente
eu direi: Já deu certo.
Para:
Jean - Lídia - Lílian
Meus três queridos filhos




Tão meu, o amor



O amor é uma casinha escondida

num recôndito da alma

Num mundo encantado.

Quem ama

não tem medo de nada,

não tem vergonha, nem orgulho!

Sem remorsos, sem mentiras,

é assim aqui dentro, o amor.

Aquele gosto unicamente meu.

Quando nele eu penso,

essa história,

não sei dividir com ninguém.

Assim é o amor,

ele é algo de tão seu, tão seu!

Esse sentimento gostoso,

que quando se torna recíproco

Vão juntos perderem-se

entre abraços sem medo.

O mundo do amor...

É encantado o que é para dois,

Criando dia após dia mais segredos.                 



Se vale a pena


Não podemos fugir de nós mesmos. Os nossos pensamentos não deixam o coração sossegar, a vida pulsa inquietante. Você fica sem argumentos, sem razão,  mas a vida pede para ser vivida.
Em cima do muro, não podemos ficar, quando a sua alma não sabe repousar. No momento em que me encontro comigo mesma diante do espelho, me pergunto o que aconteceu?
Digo a mim mesma: -Essa não é você! Sim por que nunca tive medo de viver... Que medo é esse agora de enfrentar o amanhã?
Porém, não é medo o que sinto, é ansiedade, depois da tempestade...
Mas, pensando friamente depois de tanta emoção... Valeu a pena? Tudo vale a pena quando somos conscientes de nossos atos.


VOLTANDO AQUI

O futuro veio
veio visitar o meu passado
e trouxe o sorriso
verdadeiro de volta...
Pelas esquinas da vida
dentro de uma sala
ela se esconde
Olhando tudo pela janela
do seu quarto.
Com medo da vida
Já machucou-se demais
Agora só assiste a vida,
Este é o seu estado natural.



Sonhadora


O tempo passou e não matou
a menina que sonha demais.
Continuará em sua alma
sendo sempre uma menina sonhando.
Quem sabe um dia...
É dia, com os traços de uma nova manhã.
De uma nova vida!
Quem sabe esse novo dia venha trazer-me
alegrias verdadeiras.
Abrirei o meu coração
Acolherei a minha alma
Sem culpar o outro pelos meus erros.
Alimentarei a minha esperança,
Nesse meu sonho por dias melhores!
Um amanhecer,
O meu olhar no mar imenso,
até a linha do horizonte, numa rápida viagem,
Com um pensamento feliz de ver o sol aparecer
por entre as nuvens...
Aves,  céu, vida!


Não quero voar


Os pássaros cativos
quando ganham a sua liberdade
Não sabem para onde ir...
Ficam frágeis presas fáceis.
Seguem sem rumo, perdidos
Voltam cheios de saudades.
Alma marcada por amor
Não anoitece com sonhos findos
Eles fluem... incessantemente.
Desejo inteiro se faz a dois
Amar nunca é só a metade.
O amor nunca fica pra depois.
Copiando a minha alma,
Sempre explosiva emoções dentro de mim!
Presença gritante aqui dentro
irrecusável!
Mostrou-me um mundo novo à seguir
Até perder-me no ar
Desta vez eu ficarei aqui...
Apenas em pensamentos quero voar!
para os seus caminhos ... Ah sim.


 

Egoísmo
 

Tentando fugir do nosso egoísmo.
Corremos de nós mesmos, com riscos.
Nem nos damos conta, que fugindo,
retornamos ao mesmo lugar,
Sem realização, e com acúmulo de dores,
Nesses implacáveis desejos, misto de sonhos,
dominando nossos próprios passos,
À revelia do mundo ao nosso redor,
Com a sensação de que daqui a pouco
seremos pessoas melhores e, não conseguindo...
Continuamos... Exatamente iguais.
Aos poucos fluem as maiores ansiedades,
E mais e mais, confundindo-nos...
Nisso, esquecemos sempre do outro.
Será que a vida exige muito de nós,
Ou somos nós que muito nos cobramos?
Não é fácil admitir os nossos defeitos,
Assumirmos a incoerência marcante
de não fazermos um sacrifício por ninguém,
Muitas vezes, nem por nós mesmos.



Teus olhos meu ninho

           
Olhando a sua fotografia eu imagino tantas coisas.Tantas. Não, eu não quero que ela me conte os seus segredos. Prefiro o seu doce mistério. Cada imagem sua é mágica, nelas me reconheço, miro tão intenso e adormeço. Tornam-se mais que uma visão somente.
Fotografo a sua alma em voo tão rápido,
como se os meus olhos fossem dois pássaros que vão além do topo que os limitam. Vivo além...Em busca de chegar bem perto Muito perto. Para nada lhe pedir nada, além de amar... Sobrevoo sonho vivo amo... Isso é fato. Às vezes desço... Percebo o mundo ao meu  redor, sinto-me nele uma pessoa estranha. O meu estado normal é de olhos fechados pensando em você.
Eu nunca pensei em voar, não como agora que não faço outra coisa na vida desde que tomei como porto, as suas asas. Sinto... Sei que não voo a esmo num espaço vazio. Sempre encontro você que é um lindo sonhador.



O amor e os girassóis


Já desbravei muitas estradas,
mas uma em particular me prendeu, um lado havia a mata seca,
tão triste de se ver, um cacto ou outro quebrava a sequidão...
Do outro lado, a cada poucos centímetros um girassol,
tentando animar a visão, de quem passava.
Em minha imaginação criei, fantasias,
sonhei que havia tantas chuvas por aqueles lados,
nenhuma planta esturricada, muita comida e água para os gados.
Desejei a abundância, para que saciasse suas sedes, suas fomes.
Pensei na minha fome de você, da palavrinha chamada nós,
pensei nesse amor que sinto, sem ser regado,
Ah se o amor espalhasse sementes feito os girassóis            


A carta

Você é a minha música preferida. Você é a razão d'eu  haver chegado à terra, você é a minha vida! Pode acreditar... O meu amor por você harmoniza qualquer guerra. A sua  vida está em minha vida... É como fechar os olhos e viajar direto para o imaginário céu...  Você é a descoberta do amor que a vida inteira eu sonhei... Eu quero... Eu necessito que calmamente durante vários dias nessa falta de tempo, leia cada letra aqui escrita, já lhe falei tantas coisas, atropelei a sua vontade e ficaram tantas palavras nunca ditas. Quero dizer um pouco de tudo o que você é. Você... É o meu amor ideal, é perfeito o qual ponho em um pedestal. Que venham os seus defeitos, pra mim você é sensacional. Você tem a consciência do tanto que eu amo você, desde que eu me apaixonei só sei querer... E querer. Você foi uma dor adormecida, foi chegada e foi partida. Foi esperança de um dia retornar, enquanto não voltava, eu só ensaiava o meu jeito de amar, de amar. Você é uma estrada ainda não desbravada... É o meu momento de solidão, é sonho... É a minha maior realidade da qual eu precisava. É uma promessa de um mundo sem maldade, é descoberta, é verdade é sensibilidade é falta total de decepção, eu sei que você é do jeito que eu sei, não, não é força da minha imaginação... É um mar molhando os meus pés, é um voo alto sozinha É amor demais, é justiça, é a apropriação indevida de um convés. Da prova mais difícil e importante... Você é a minha nota dez!  Você é a próxima página do livro mais interessante da minha coleção, feito o desassossego de Fernando Pessoa, ainda não lida. Você me anima me rejuvenesce você é a minha vida. Você é um sonho, de todo ainda não sonhado, se eu mandasse em meus sonhos eu não lhe sonhava apenas acordada... Você é aquelas mãos ainda não tocadas, é a flor desejada ainda não refletida pelo brilho do meu olhar, você é a minha vontade infinda de amar e amar... você é na solidão a minha lucidez. É um fechar de olhos e tentar encontrar ser feliz de vez. Você meu amado é a minha loucura mais gostosa, é Chopin, é a sinfonia de Beethoven que eu ainda não ouvi... Você é o meu derradeiro amor que eu jamais esqueci. É emoção, é poesia... É um simples café em qualquer lugar com risos de alegria... É qualquer cidade. É uma noite é um dia em uma cidade, guardado para a eternidade, repito, é inverno é verão, é o endereço certo da felicidade estacionando pra sempre dentro do meu coração. É amor, depois uma imensa saudade onde a minha salvação única será a poesia triste com sabor de de sal, e lágrimas de felicidade.  ...Felicidade.


MEUS INVERNOS


Sou alguém que adora escrever cartas, assim, mesmo que não tenha para quem as enviar, escrevo para os que nunca mais vou ver, escrevo para quem eu nem conheço, e falando sempre de amor, das suas horas alegres, e dos momentos triste, em que eu morrendo de amar, enquanto o outro nem sabe que eu existo. Outro dia escrevi uma carta para minha alma, agradecendo por ainda não haver desistido dos meus  anseios e devaneios, saiba que eu não sou louca. Enquanto rego as plantas eu vou conversando com as flores, reanimo aquelas que estão entristecendo, me sento, e conto o que já passei...

Depois que vivi a minha última separação, tomei a decisão de nunca mais me envolver no amor, dei um basta à ilusão de que o amor a dois cumpre as suas promessas, passei à escrever todas as bobagens que fosse me passando pela mente, e que afligisse ou acalentasse a minha alma, e até mesmo o coração, que responde às minhas tristezas e alegrias, pulsa descompassado, como a me pedir pra eu tomar juízo, e me pede para descansar, cheguei ao último degrau do amor, resta agora os invernos abraçar, correr na chuva feito criança, sem medo de nos rios me afogar...

Cada um de nós, de agora em diante vai viver a sua vida, muitos invernos virão, e eu por amar a chuva, certamente serei feliz... Assistirei a estação do ano, que me traz as melhores emoções, a água, a areia molhada, os trovões, os relâmpagos, e o medo, gosto de sentir o medo, quando os raios riscam os céus, mas é um medo gostoso, sou confiante, espero de olhos fechados o estrondo gigantesco do trovão, e mais outro, e mais outro, amo chuva, repito, sou do mês de agosto. Fico o ano inteiro olhando para as nuvens, e feito a minha antiga geração, canto a música pedindo chuva, seja primavera ou verão. Os meus invernos foram mágicos, todos tem uma história linda para contar, às vezes as conto para mim mesma, e durmo, sem medo de não acordar. Preciso escrever, preciso dizer que gosto de ser só sem me lamentar, apenas escrevo.


Meus dias e noites


A chuva vem forte, quebrando os barrancos,
ainda assim antes que a noite caia sobre os meus sonhos
O sol vem intenso,trazendo o calor do qual necessito.
Alimento esse' que se espalha através das cortinas do meu tempo,
dando sentido à minha vida.
Chega com o seu brilho, pelos cantos da minhalma,
Invade-me, sopra e ilumina fantasias...
Percebo o efeito dos seus raios, que deixam
mais sabor de esperança em tudo.
Alma minha,
que por sua vez
nem percebeu que cicatrizaram-se todos os seus arranhões.
Agora quando entardeço, amo esperar as noites,
Depois os dias e dias lindos e todos os seus sentidos.
As rosas estão ainda mais belas, o mundo mais bonito!
Esse amor é feito árvore à beira do lago, traz vida,
faz com que eu corra ao encontro do que eu acredito.



A sua falta


Quando a vida nos mostra o quanto é dura,
vamos
acumulando lições e decepções...
O que sentimos de amor,
mesmo que seja de tão distante é muito importante,

Alguém ter o poder de...
De tão longe
,
com as suas palavras,
com a um jeito unicamente seu,
transformar o coração, o dia e as horas de uma mulher.
É tão difícil falar na íntegra sobre nós mesmos
ou reclamar da vida... dizer-se feliz ou infeliz.
Só que aquele vazio,
àquela dor do existencialismo,
Saber ser possível alguém preencher e deixar você
tão cheia de amor
!
Que loucura, na ânsia de ter você.
Contentando-me até com a sua falta.


Abrigo
 

Onde a minha alma mora tem mar, aves,
céu aberto, tem árvores,
Tem um menino que dá gritos de alegria,
tornando mágico os meusrumos.

Vozes, anjo,
Sonhos e coração risonho e sinfonia.
Tem poemas de diversos temas,
verdades nuas, vestindo-se de fantasias.
Tem tanta vida!
Num único homem tem tudo o que eu quero,
Tudo isso, dentro de um só querer!
Belezas, surpresas, esse amor é o meu abrigo.
Tem paixão acesa, e a certeza, eu amo você.


MARCAS DO TEMPO I
 
Estar à frente da antiga casa do seu avô paterno, não era uma tarefa fácil, em tempos difíceis de locomoção, devido a distancia, pois a sua casa fica no alto das serras, fiquei olhando o mundo de árvores e flores no que a sua vista conseguia alcançar, por mais que fosse invadida por tantas recordações, não fugia a admiração, pela beleza do lugar que agora parecia estranho, faltava a alegria dos tios, os primos, as tias, os jovens que mais tarde nos tornamos e que ainda assim conseguíamos chegar num final de tarde e nos juntarmos para as conversas, na casa grande, ali era o ponto das noitinhas, onde a luz que alumiava a noite era a dos lampiões, mas era tão divertido, de algumas reuniões cheguei a participar, mas lembro que nunca conseguia ficar, o meu desejo era de andar, conhecer pessoas do lugarejo, aqueles que nem me conheciam, mas sabiam que eu era a filha do Pedro, neta do Mestre Marcolino. Dia seguinte acordava com o canto dos galos, eram muitos,  e me recebiam com alegria, um cafézinho pilado fresquinho, adoçado com rapadura, eu não gostava, mas tomava... Quando eu ia passar alguns dias de férias na serra, eu e a minha avó ficávamos na casa do irmão mais velho do papai, tio Expedito, casado com a tia Nestina, pais de seis filhos, e era uma festa na hora do jantar, à mesa com vários acentos, que lembrança maravilhosa! O baião de dois da tia Nestina, com feijões escassos, mas o peixe frito, dava todo sabor, o tio Expedito, antes de vir da roça, pescava, e trazia para jantamos, ele era um homem muito diferente do meu pai, falava manso, era sempre muito engraçado mas com discrição, contava estórias e enquanto todos riam, ele ficava bem sério. Homem de índole admirável, nasceu, viveu e morreu naquele solo abençoado, o melhor lugar do mundo em minha opinião, para se viver e ali findar. 

No alto da mesma serra, a poucos metros da casa do tio Expedito, morava a tia Terezinha, dos irmãos da primeira família do meu avô Marcolino, ela era a mais nova, irmã legítima do tio Expedito e do meu pai, eu adorava ao anoitecer, descer um pouco mais àquele caminho estreito, para chegar à casa dela, e ficava até um pouco da noite, depois subíamos para a casa do tio Expedito, muitas vezes nos reuníamos todos os primos e primas e minha avó materna a De Lourdes, e pegávamos três a quatro lampiões e descíamos para além da casa da tia Terezinha, atravessávamos córregos no meio do capinzal para irmos para a casa do meu avô, que também ficava próxima, e aos poucos um filho dele, e mais um neto ia se casando e contruindo outra casa e aumentava o número de pessoas, mas, a magia das tardes eram os banhos na fonte, eramos em cinco, quando a minha irmã mais velha também viajava com a gente, a Graça, que era muito parecida com a nossa prima Luciene, filha do tio Expedito, os dias de férias no Riacho das Pedras, parece ter sido um sonho, mas não foi, todas as minhas lembranças irão me acompanhar para o resto da minha vida, o verde dos matos, o cheiro de relva, os galos cantando, o cheiro do café, era tudo diferente. Com o passar do tempo, amadureci, comecei a trabalhar em mil novecentos e setenta e sete, ainda cheguei a viajar para lá, em um final de semana, mas não cheguei a subir a serra, fiquei na cidade de Redenção, a minha cidade de coração, nascer em Fortaleza nunca foi a minha paixão, então naquela época, fui dando uma pausa às idas para a serra.


MARCAS DO TEMPO II


Nas madrugadas, muitas vezes eu acordava com as vozes vindas da rua, era os meus tios vindo lá da serra, nos caminhões carregados de surrões com legumes e frutas, vinham deixar para a nossa família, era fruto do trabalho árduo que eles faziam pelos roçados. O papai se casou com a minha mãe ainda bem jovens, e vieram morar em Fortaleza, assim que se casaram, ele não quis ficar junto com os seus irmãos na serra, cuidando das coisas do meu avô, que depois seriam dele também.

Os meus pais gostavam muito de sair, no começo eramos ainda em três irmãos, sendo eu a única filha mulher, e o papai e a mamãe estavam sempre nos levando para algum lugar diferente, a primeira lembrança de infancia, das marés me chegam pela metade, ou seja, eu vejo somente as marés, não lembro do mar, lembro de uma varanda, alguns bancos de concreto, e as águas mohando os nossos pés, o meu pai segurando a minha mão e a mamãe nos chamando para voltar para casa. 

A nossa casa era de taipa, no meio de um terreno imenso, cheio de plantação de feijão, geremum, macaxeira, batata doce, e coqueiros, mangueiras, sapoti, goiabeira, abacateiro e limão, a minha mãe criava galinha, perus, patos, porcos, parecia casa da serra, a rua da nossa casa ainda era caminho de matos e bem na frente da casa tinha uma mata onde eu e meus irmãos íamos sempre com a minha avó apanhar gravetos secos e alguns troncos caídos de árvores para fazer fogueira de noite para clarear as conversas dos poucos moradores da nossa rua para conversarem e contar histórias, sentados em frente a casa e ouvindo as suas histórias que nem me lembro quais eram, eu dormia. Tenho lembrança do meu pai ou a minha avó De Lourdes me levandi para dentro de casa em seus braços. 

O tempo foi passando, a minha mãe era muito ativa, costurava bastante, alternava entre cuidar da casa e as costuras, juntou algum dinheiro e aos poucos foi construindo a nossa casa com tijolos, lembro da nossa empolgação pela mudança da casa, agora com mais espaço e mais conforto. Já havíamos enfrentado muitas chuvas, onde a nossa casa de taipa que era ainda de chão batido, inundou, tivemos que ir passar um tempo a família toda, na casa de um dos meus tios que morava também em Fortaleza, ele nos acolheu, foi daí que a mamãe se apressou em fazer a casa nova, o meu pai era pedreiro, ele construiu.

A nossa rua que era de areia, e estreita, foi projetada avenida, não tinhamos energia elétrica, e um dia chegaram alguns tratores e alargaram a nossa rua em pouco tempo, a minha vontade de ver aquilo tudo, era grande, a minha mãe fechava as portas por causa da poeira em montão, eu ia devagar e abria a janela pra olhar... Depois veio o calçamento, os postes a energia elétrica.

Ganhei mais uma irmã, essa já veio morar com a gente aos doze anos de idade, era a Graça, a mãe dela havia falecido e o irmão adotivo da minha mãe pediu pra os meus pais ficarem com ela, então ficamos em quatro, o Zeca, O Chico, a Graça e eu, deois de mim, veio mais um filho, o Clécio, depois a Aurineide, e a Auricélia. Eramos seis irmãos e com a vinda da Graça, ficamos em sete, a nossa casa era cheia, morava com a gente a minha avó que cedo ficou viúva e só tinha de filha a minha mãe, o meu pai e a miunha mãe... Dez pessoas para conviver, e convivemos durante anos, em mil novecentos e setenta e nove, a Graça foi assassinada, uma cena terrível, triste, marcou muito as nossas vidas, a Graça era uma mulher muito séria, uma dona de casa, uma mãe, uma esposa que só vivia para a família, a sua vizinha a matou, no dia em que ela ia se mudar, a razão já era exatamente pela implicância da vizinha que era mulher de um policial e achava que era a dona da rua, cismou coma Graça, que não lhe dava a mínima atenção aos seus insultos, no dia da mudança da Graça com a sua família, foi atacada por ela no portão da sua casa... deixou uma filha, e um marido, que ao fazer dois meses de viúvo já estava aprocurando se casar, e casou... Levou a filha da Graça para bem longe e nunca mais soubemos dela.


POEMA DO AMOR AUSENTE

Num dia primeiro de janeiro de um ano qualquer, a minha alma despertou de uma forma diferente. Olhou para o mundo e pensou  _ Como é bom viver! Que dia mais incrível! Foi uma luz inconfundível que voltou derramando mais sonhos em minha vida, quando tudo parecia haver se apagado.

Uma luz! Avivando o branco puro das nuvens, por onde desce o brilho do amor quando chega em sua vida. O amor é o sol do dia, a lua da noite, acontecendo, modificando tudo em nós, por dentro.

Foi nessa sensação que senti as estrelas, e senti a minha alma de repente, refletida na sua alma luz, Amor que veio pra ficar para sempre, caminhou suavemente em minha direção, amado e único.

_ E fica assim o tempo todo, pulsando vida.
Você é o próprio amor, é a essência da mais linda poesia.
Às vezes some, mas deixa seus raios de sol,
aquecendo, me fazendo sonhar com algum amanhã,
que sei, muitas ainda virá.
Fazendo a minha esperança brotar como se todo dia
fosse o primeiro dia do ano.
Físicamente, você nunca estará, porém um dia você veio
e da minha alma, nunca mais você sairá.



Não julgue



Um dia eu julguei que chegando ao futuro,
os meus sonhos do fundo do quintal, envelheceriam
e àquela menina, das belas borboletas; esqueceria...
Essa menina teimosa, ficou bem para trás,
ela, que sempre via cor, onde não existia,
Mas, deixou tantas marcas dos seus intensos sonhos,
que até hoje
eles insistem em transformar dor em fantasia.
O mundo engana e a felicidade, mente.
Bem dentro de um ser desiludido, cansado...
Existem dedos insistindo em escrever o que a alma sente.



Impressão


Quando busquei luz, a

claridade parecia distante. 

Sem perceber 
te encontrei.

Para te seguir e amar
para sempre assim.

Adoro caminhos!

E hoje, 

todos eles me dão a leve

Impressão de que  me levam até onde estás.


D i s t â n c i a


Hoje eu senti uma saudade danada de mim,
Não aquela saudade vaidosa
Querendo ser o que fui de volta,
Porque gosto de ser como sou agora.
Saudades sim, dos meus sonhos impossíveis
Tão gostoso de dormir, desses
Que alimentei por uma vida inteira.
Tempo
No qual me lancei, achei improvável, mas acreditei
Que poderia tocar os teus lábios...
Não como se tocaria uma estrela,
Tocar de verdade, com minha alma, lhe amando
Com as pontas dos meus dedos
Teu rosto, teu corpo, invadindo teus segredos.
Tudo agora é duma distância sem medidas.
Como fugir sozinha, dessa realidade?
O mesmo tempo que não leva de mim essa vontade
Sem mais sombras de realidade, pois
Transformou tudo numa ilusão perdida
Deixou em mim só esse vazio,
Só a saudade sem que eu saiba qual a saída.
O que falar para tanto amor que em mim ficou,
Agora eu e ele, infinitamente distantes...
O destino é de uma indiferença e frieza,
Sem que nada consiga apagar tanto amor,
Conviver tudo isso é a minha única certeza.
O mais curioso é que persiste aqui,
Qualquer coisa que ainda acredita em nós dois...
Que não admite essa distância, mostrando
Quão louca ainda mais do que pude, me tornei.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 06/07/2012
Alterado em 11/12/2021
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