Dragão e marés
Essa terra não é minha antes dela eu sou,
ela me empresta um pouco de espaço, os
sonhos encerram a cada passo que dou...
Não sou mãe, não sou pai, não sou o irmão
que um dia desejou, não sou esposa e nem
marido, sou um ser, no mundo à queimar o
meu juízo... sol quente da estrada, o destino,
é morrer sem ninguém, um viver sem amor.
Um dia fui tudo isso agora sou o fantasma,
Dragão assustador em pleno oceano...
Propagado amor iludido! Desiludido nascer!
As primeiras palavras falei para minha mãe...
Recordo: - Porque vim parar nessa cidade?
Não gosto desse lugar, quero viver naquele
outro, onde as marés espumam bordados e
rendas, quero correr pelas praias lá viveu
José de Alencar, quero crescer e viver lá no
Ceará.
No Ceará tanto faz estar só ou acompanhado.
Por todos os lados que vá será um felizardo!
De um lado praia, do outro lado mais praias,
cada uma mais perfeita que a outra, e cores!
Sol, marés, água de CÔCO gelado... picolés.
Os ventos de lá, sopram poesia. As pessoas?
Falam com alegria, o sol não causa nostalgia.
Poetas encantam-se com com os seus ventos.
Eles se balançam de barco, ah violentas marés.
Depois de um dia e apoquentação, a canção!
Final de tarde, o sol fica alaranjado, e doura,
ponha os seus chinelos, um bom mergulho que,
reanima, dá força, respira, fundo! O amanhã?
Será outro outro dia, o Ceará é a cura certa...
para qualquer nostalgia.