Textos
No
contexto do amor. CrônicaAs fachadas das casas tem cores diferenciadas, as calçadas nunca se harmonizam umas com as outras, umas rasas, outras bem altas, preocupante para quem usa muletas, para a fragilidade dos idosos ou para cadeirantes. Elas, à revelia, alquebradas ou exuberantes, contornam algumas curvas nem tanto perigosas... Amanheço borboleta, amanheço mãe, amanheço mulher, amanheço pensamentos, desses que a poesia domina...
A correria não rouba a minha essência que é só de amor,
eu amo tudo o que passa pela minha frente, eu amo os pombos em cima dos apartamentos, dos muros, dos fios de eletricidade, os abençoo por suas coragem!
Que pena... Ainda tem pessoas no canteiro da Avenida principal, deitadas no papelão, dormindo nas calçadas, sem um cobertor, amor? Nem pensar! Tem não.
Oh que coisa triste, à essa altura da vida uma cena assim, presenciar! E não consigo conter as minhas lágrimas de impotência. Daqui a pouco no processo natural do "Social"
E cômodo, esqueço... Trabalho com o social, por ironia do meu destino, mas sou um ínfimo grão, perdão!
E vou... Amando o resto do mundo, faço mentalmente as minhas orações pedindo a Deus a devida proteção aos meus,
e para o mundo, muita piedade. Agora estrada... Amo estradas, caminhos, becos, ruas, mas não gosto das vielas, elas malogram o meu olhar sedento de mistérios e de vida seja como for, vida!
Mais uma manhã de rotina a qual eu me adequo. Cheguei...
Atravesso o pátio que me absorve toda, restou na grama a brisa da madrugada, ainda está frio, e eles cantam lindamente, amo os pássaros demais, eles beijam o pequeno lago, me fazendo sentir forte a força da vida! E daqui até lá, há tantas florezinhas!
Existe um sol brilhando, rasgando as árvores, irradiando a energia de que preciso para continuar a ser.
Escuto vozes, vejo os sorrisos de todo dia e tantos desejos de bom dia! Que respondo feliz, também com um sorriso, e sinto, Eu sinto o brilho do meu sol querendo acordar a minha alma,
ordenando que eu apague qualquer tristeza causada por pessoas frias, me fazendo lembrar que sou feliz, me fazendo caminhar bem devagar antes de chegar e subir, sabe Deus... quantas milhões de vezes, a velha escada, que às vezes já me cansa, afinal eu estou muito longe de ser criança.
Antes... Vejo o jardineiro apanhando as flores e as folhas caídas, isso me enternece, me puxa à examinar o jardim, me dá vontade de pelo menos, antes de iniciar o meu dia, daqui a pouco, escrever... Dessas minhas besteiras que a alguns aborrece, mas que existe em mim.
Outro dia eu parei e pedi desculpas ao jardineiro, o ' Seu Francisco, por lhe incomodar, me sentei na grama com ele e juro, conversamos por alguns roubados minutos, ele meio desajeitado disse: - Mas a senhora sentando comigo? Só pode ser porque a Senhora escreve... "?" Sorri...
- Qual o problema, quem sou eu? Seu Francisco, eu sou um nada... Somos todos um nada nesse mundo tão maravilhoso e tão mal interpretado, seu Francisco, uns seres cheios de empáfia e etc. etc... Ele concordou satisfeito e me ensinou algumas experiências com as plantas, especialmente com as flores, digo, com as rosas... E por incrível que pareça, me pediu um dos meus livros, soube que eu gostava de escrever, aquilo me comoveu... Poxa! Fiquei humildemente emocionada... É claro que lhe presenteei.
Em casa estou tentando por em prática os seus ensinamentos, estou aguardando o resultado, ansiosamente esperando vê-las nascerem.
Descubro embora tarde, o quanto a vida é linda, mágica de verdade, e que não vale a pena desperdiçarmos o nosso precioso tempo que está sempre acabando, não com ódio, não com mágoas, devemos gastar o nosso tempo semeando amor, e flor! Com a nossa sinceridade que existe no fundo da alma, e é isso que eu faço, é isso que sempre fiz, eu pequei pelos meus excessos e sei que não vou mudar, porque o meu excesso de amor, só o enxerga quem o tem dentro de si, o amor incondicional pela vida, dessas pessoas que não rasga a ferida que a vida causou em nós, outro dia me disseram que eu sou linda, e eu entendi, porque eu não sou uma mulher bonita, mas sei que carrego dentro dos meus olhos e do meu sorriso o bem que é o amor em seu contexto.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 15/08/2017
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