Cortina do tempo
Flores se desmontam e entristecidas me olham, sentem essa falta,
Levam minha saudade que ao solo se enraiza, pensamentos que
Sobrevoam o lago parado do meu escurecido verão, feito as garças
que não descansam, sem vida.
Outros pássaros sobrevoam na leveza que chama a atenção,
Faz recordar fragmentos, ferimentos da poesia que não foi escrita,
Marcas inapagadas rastros do meu coração.
Alma calejada, gosta dessa melancolia sobretudo,
Gosta mesmo da escuridão,
Gosta do que voa inquieto sem direção, quando tudo fala,
tudo pede pra que eu fique bem, mas algo diz que não.
Fecho as cortinas do tempo.
Quanto às lembranças, haverão de esvair-se aos poucos
Até nada mais restar,
Talvez algum resto de sonhos insistam em ficar.
Não quero o infinito que conheci um dia, nada me deterá.
Fecho a caixinha antiga das lembranças,
Ao soprá-la, com a poeira junto a tristeza irá,
Quero a vida assim
Em preto e branco para a minha alma acalmar.
Tem pessoas que nos tocam, inspiram, para sempre,
depois evaporam feito água fervente.
Disso também esquecerei,
Ando meio sem tempo para pensar no amor, quero
Caminhar sem olhar para trás, ser livre de repente.
Queria transformar a larga janela em paredes sem inspiração
Olhar a vida do jeito que é, sem graça
Sumir com as plumas, pétalas, por certo tudo passa.