Paixão desbotada
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Percorrer as mesmas linhas, o mesmo tema, sufoca a emoção,
queria uma vida real, amor gostoso no fundo do quintal,
Escrever não fazia sentido, não assim.
A sua alma precisava de cada curva que o vento dava,
Por isso se misturava às flores mortas, delas se fazia semente,
Levada pelo bico das aves,
Sem se perguntar em qual jardim iria florescer
ou se teria fim ao cair num lago qualquer,
Que com a chuva farta, escorreria rio abaixo,
Para se perder na boca de um peixe também sem rumo,
qualquer dia cabaria sendo engolido.
Queria uma nova história desenhada com nitidez,
Estava muito cansada daquela paixão desbotada.
Queria um coração aquarelado, não a transparência
das suas lágrimas, queria poesia sem marcas, sem saudade,
Sem dor, queria somente viajar sem direção,
Pisar mais longe, chegar ao horizonte azul anil, queria
esconder-se do sofrimento, para nunca mais chorar.
Era a própria cena fatalista,
Lançava para as teclas o mesmo olhar, com a mesma melodia,
E os seus dedos, sempre hesitando, tremiam.
Quando se dava conta a velha e cansativa história,
A sua pobre alma relutava, mas, presa estava à monotonia.