Pedacinho de chão
Corríamos descalços, na areia quente, felizes, unidos,
eu e os meus seis irmãos.
Feito menino, com eles, eu soltava pipa, brincava de bola de gude.
Findo o dia; Algazarra, banho raso, água transparente,
Dava para ver ao fundo, a areia branca, do açude.
A nossa memória é um túnel escuro, e um clarão,
de vez em quando a minha alma toma banho naquelas águas.
O tempo levou àquele paraíso de todos nós...
Não,
Fomos nós que dele para sempre nos afastamos.
Sinto falta da plantação de girassóis, e muito mais saudade,
Saudade de mim e dos meus irmãos.
Matávamos o nosso calor, em águas correntes.
O dia amanhecia, voltava tudo, lá íamos nós, à fora vida, outono,
Amávamos àquele pedacinho de chão.
Ali vivíamos livres, uma família humilde, num tempo inocente,
Nem havia vontade de sonhar, viver era o próprio sonho.
_ Liduina do Nascimento