Desenhando as nossas estrelas
O amor perdeu o sentido, a poesia morreu, para que esperar a lua cheia, eu quero mais é viver, sem olhar para o céu. O paraíso está logo ali... Esquecidos de si, partem, submetendo-se à fazerem muitas vezes o que nem lhes agrada, acostumaram-se a viver em grupos, sem romantismo, talvez por não quererem enfrentar as suas solidões, enganam-se que vai tudo bem, mesas fartas, copos cheios, riso frouxo, sem mais anseios. Caminho apressada agora, fujo, prefiro. Quanto mais silêncio, menos rima, menos inspiração em minha alma, é que os versos que me meto à escrever, na verdade não são versos, mas, uma espécie de grito da minha alma que vaga pelas noites, sem aquele amor, sentindo medo e frio, sem chocolate quente, sem abraço, sem cobertor, e sem lamento. Também me acostumei a ser assim, espero a noite se aprofundar e trazer o brilho das estrelas só para mim. Ofuscada, nelas encontro abrigo, deixo de lado o meu triste coração, daqui a pouco começo a lhes contar sobre um amor, ali mesmo ao relento adormeço e esqueço a minha história, no sonho ele vem, me fala as coisas de antes e que me fazia tão bem, me envolve num caloroso abraço, durmo profundamente, reencontrando um jeito de me entregar às fantasias, de repente alguém me chama - Não quero mais despertar. O encanto acaba, o sol é um chato insistente, clareia as calçadas, a vida quer a rotina, quer as pessoas no ir e vir, feito formigas que não irão desistir. Sem poesia, o dia vem, e sem que ninguém perceba, um vulto se afasta, se perde na multidão, foi esconder-se no obscuro refúgio do tempo. Quem sabe seja preciso reaprendermos à desenhar estrelas que não amanhecem nunca, para nela fazermos infinito um grande amor.