"Acalma a aflição acalenta a alma e silencia"
Liduina do Nascimento - Poesia ❤️
Textos






Um café sem coisa e tal



Outro dia fui mais que risonha para casa, eu diria de peito lavado, depois de um dia cansativo de bastante trabalho, eu mesma me perguntava a razão daquela minha súbita euforia, porquê o dia realmente não havia sido fácil, tive que driblar as más intenções, correr para trazer as respostas certas e solucionar críticas e delicadas situações, e com um sorriso amarelo e pesar na minha alma, por ter que dizer um não, e outros nãos... Tem casos que nos tocam, que por mais impotentes que sejamos, nasce uma vontade louca de ajudarmos e fazermos o impossível para atendermos, mas, não, tem casos na área do social, que não nos mostram a mínima condição de resolvermos à contento. E num dia duro desses, bem na hora da minha saída, eu me sento à porta do meu trabalho e dou de cara com alguém me esperando, alguém que um dia significou tudo para mim... Quis o destino criado por ele mesmo, que nos afastássemos para sempre, sempre, desses casos que só havia um jeito; O fim. Só que naquele instante, pela minha experiência, eu previ o que iria acontecer... Que coisa engraçada, por ele eu já não sofria, a vida me ensinou à definitivamente lhe esquecer. Na maior cara de pau, ele pede para falar comigo, só um instante, eu, fui tomada de surpresa, há muito tempo, havia ensaiado um jeito de agir se um dia ele reaparecesse, mas, num ímpeto natural, ...o cumprimento e digo; quem é vivo sempre aparece, e como era de costume, sorri para ele, afinal ele foi o meu último caso de amor digamos, real, daí, ele primeiro pede o meu telefone e diz que precisa falar urgente comigo, olho para a rua, olho para o relógio, o trânsito horrível em determinados horários, então falei, - Senta aí, vou matar o tempo, e diz o que é que você quer. Sou mesmo determinada, às vezes sou fera, sou feito homem, daqueles nada delicado, esqueço que dizem que a parte mais frágil é a mulher...   ..Daí, ele me chama para um café, e eu digo, café à noite só no nome, tomarei um chá, café é forte demais, causa-me muita insônia, mas, sempre estou forte para o que der e vier, pode começar... Pois não é que sujeito teve a coragem de me pedir pra eu voltar para ele! Eu quase não acreditei, e lhe disse sem pestanejar; Vamos sim conversar... Alguns minutos depois... - Diante de tudo o que você me diz, exatamente sete anos depois, só me dá vontade de rir, o que houve entre nós foi um acidente, me esqueça, estou muito bem sem você, obrigada, de você eu só preciso cada vez mais de distância, olhe bem para mim, tenho sessenta anos, quatro netos, três filhos e aprendi há muito tempo que a vida é cheia de novidades, e de esperança, não quero perder o meu tempo com as suas mentiras e lambanças. O que houve entre você e eu, não foi nada mais que um acidente, sim, respondendo às suas perguntas, vivo de poesia e assim é que eu vivo contente.
 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 10/12/2018
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