I n v e r n o s
de
o u t r o r a
O tempo é uma antiga estrada, somos um trem arrastando-se
às cegas, enfrentando obstáculos, querendo alguma estação.
No percurso, inúteis falas aos ventos, em nossos olhos temos
uma venda, e ouvimos só o que nos convém, sem esperarmos
que alguém nos compreenda.
Vamos...
Ao olharmos para trás, aceitamos que tudo se foi, tinha que ir,
pois quem ama, ou desama, sabe que sempre chega a hora
de partir. Quem tentou ficar, não conseguiu, quem tentou
da vida desvendar seus mistérios, desistiu. Sozinho, temos que
o nosso destino cumprir. Se você um dia amou ou foi amado,
se você sonhou e realizou lado a lado, ou no peito levou
somente um velho coração acanhado; Deve o seu caminho seguir.
Foi, também quem não conseguiu abraçar seu amor,
e àquela lágrima triste não secou, foi com o olhar distante,
para além da janela do trem, é assim, o tempo não espera por você,
por mim, nem por ninguém.
Feito saudade
Nascer, significa encontrar um mundo de perfeição à sua volta, onde as cores são tantas, que o contraste cinza dos dias nublados traz à alma a melancolia e reflexão necessária, a minha' aventureira, sonhadora, dessas que se lançou desde que se deu conta do existir e comemora cada segundo de consciência por fazer parte deste espetáculo que é o universo... Quando é madrugada, a manhã traz a brisa, o sol vai clareando tudo, mostrando a cor azul intensa do mar e do céu! Verdes tons, árvores de troncos marrons, que festa que a passarada faz, é céu
é terra, chão que não acaba mais, feito saudade.
A palavra certa
Tão fácil é virar uma página após
a outra, é ir de encontro ao tempo,
fazer novos caminhos, sem olhar para trás,
ah se fosse assim
talvez não houvesse sofrimento, ou quem sabe, se a memória guardasse
só os melhores momentos... Ao contrário de tudo, somos feito os ventos,
e voltamos ao mesmo lugar, embora não nos demoremos.
A impressão que tenho, é a de que
foi a pouco tempo que eu acreditava em alguém... !?
Acreditar não seria a palavra certa,
O certo mesmo é compreender que quando colocamos aflorados sentimentos,
nos expomos sem pensar, com o passar dos anos, você se dá por vencido,
e passa a ver as coisas com outros olhos, quer recuar, mas, já foi,
não tem mais jeito, e não adianta sentir arrependimento ou vergonha,
resta mudar o seu jeito de ser, se fechar, sendo que isso
não quer dizer esquecimento.
Depois do amor
Quanto tempo se leva para esquecermos um amor, não um amor do jeito moderno de amar, mas, um amor daqueles assim bem louco, um amor sem freios, daqueles que mexe com você por inteiro. - Perguntou a si mesma. Sentiu a própria alma, e respirou um ar novo e obteve a resposta... A resposta estava dentro de sua alma que insistia sem se cansar, e investia num vazio imenso, e voava pelos ares, e se lançava por terra e pelos mares,
em vão, um dia, em suas andanças ela se encontrou com ela mesma, numa volta pela estrada, com um olhar de quem pedia socorro, olhar de quem pedia; -Pare com isso, se respeite e se dê valor... Porque o que você sente, pode ser tudo, menos amor... Ela ouviu, e até consentiu com o conselho, mas, só ela sabia que era amor sim o que ela sentia, sem se importar com que o mundo iria achar. Ainda quis ir sem nada dizer diante dela... - Sabe, tem coisas que não dá para explicar, só dá para sentir, porque depois que conheci o amor, tanta coisa em mim, mudou. Depois do amor foi que refleti, deixei doer até sangrar, tudo o que precisava, até pensar em pedir perdão por não haver aprendido a amar. Até sentir que estava pronta, fui em busca de mim... Fui, fui, sem medo. Encontrei por lá, uma menina à beira do abismo, tentando saltar para o outro lado, sem se deixar afundar.
Ela saltou de olhos fechados.
Invernos de outrora
Foi de olhos fechados que ela foi longe demais,
conseguiu alcançar, mas, não esqueceu os invernos de outrora
que marcaram demais a sua alma, um passado inocente
...Rico de lembranças lindas, até hoje, quando chove,
ela fica desejando que a chuva não pare.
Ela fecha os seus olhos e viaja no doce frio e no vento...
A sua infância foi linda demais para ela querer invernos futuros.
Ela vive o hoje, mas, sabe o que se passa por dentro de sua alma
que alimenta cada sonho que enfrenta os seus desertos.
Quando chove eu percebo que os invernos passados
estão todos em mim.
Lembranças
Lembranças...
Chega um dia que você quer dizer,
mas, não consegue,
fogem-lhe as palavras,
por mais que tente,
não tem como descrever o que cada vida é de fato,
só quem a carrega a própria história,
sabe a importância ou não dos momentos que viveu.
Passado
Caminhar pelos dois caminhos do silêncio,
sem pensar no que lhe cerca, dá uma volta no tempo
resgatar fatos que lhe impulsionaram
à querer sair do seu pequeno grandioso mundo,
pairar num tempo esquecido,
do que lhe massacra, ou aflige,
que levam a um reencontro ou à perdição,
assim nos perdemos de vez no nosso próprio espaço.
À beira da estrada
Quando a nossa infância fica para trás,
temos o tamanho das coisas
numa visão menor,
a casa grande nem era tão grande,
as montanhas sim,
continuam tocando as nuvens no céu.
Chego à me perguntar;
Será que a escassez atual de chuva,
faz as minhas lembranças...
Esperar a noite chegar, sabia que o silêncio tem mais palavras à nos dizer,
do que se pode imaginar, quando todos dormissem, e as aves se aquietassem.
Pode ser que debaixo de uma sombra você esqueça a sua alma, e recupere uma outra
alma sua há muito guardada, pode ser num gesto,
ou num simples aceno à beira da estrada, pode ser na poeira da sensação,
que dá no verde que se perde atrás dos montes, ou nunca algo foi tão marcante
a ponto de lhe prender, pode ser que algo muito mais importante esteja para acontecer.
Caminhos
Os mesmos caminhos ainda me esperam
já não estão iguais,
perderam as cores das flores,
agora por lá é tudo asfaltado...
O córrego ganhou a ponte, às vezes ainda paro
por alguns instantes,
para desejar o crepúsculo no fim,
Ouço o chamado do horizonte...
Não sei se quero passar
pelos mesmos caminhos de um dia,
Pensando bem... Não.
Ela sonha com o verão
Noite de estrelas... Raro momento, longe dos conflitos,
sou eu e o meu mundo repleto de poesia...
Tão fácil é sonhar, nem precisa ser mágico,
para me encantar,
embora eu não acredite, que na felicidade ainda possa apostar,
embriago a alma e vivo de falsa ilusão, se chove,
ela sonha com o verão,
Vou enganando esse velho coração.
A frio vento
Depois das chuvas, era quase normal
a festa que as borboletas faziam...
Elas vinham em variações de cores,
pareciam flores se desprendendo dos caules,
causando uma beleza sem igual.
A areia fina molhada, a criançada correndo
feliz e inocente, são essas doces
lembranças que enriquece a vida da gente.
Com as borboletas voavam também
a passarada, o jardim e as roseiras
balançando-se a frio vento... Foi rica a minha
infância, de contentamento.
Forte demais
Vamos falar de vagalumes...
De grilos, de sapinhos barulhentos
à beira do lago.
A rua não seria a mesma
nunca mais, havia
muitos caminhões carregando
enormes postes, outros
carregavam fios, numa verdadeira invasão. Forte demais para
a mente das crianças,
acostumadas a ficarem em volta
da fogueira, comendo
batata assada, olhando para o
fogaréu rasgando a escuridão...
Não acreditei...
Quando os mais velhos diziam; Acabou o nosso sossego,
dê adeus aos banhos de rio, às latadas de maracujá,
dê adeus, à liberdade. A civilização veio para a nossa paz estragar...
A rua vai virar avenida. As margens do rio, irão urbanizar,
o rio vai pouco a pouco desaparecer,
compraram todo o terreno ao redor, quanto aos poetas,
continuarão caminhando à esmo pelas ruas.
Alegria
Quem não se sentou à frente
das árvores,
olhando o bando de pássaros,
só para esperar o fim do dia,
e deliciar-se com seus voos
e algazarras,
quem já não se perguntou;
- O que eles falam uns para
os outros?
Tudo isso é alegria,
ou ou ou o quê?
Claro que é alegria,
devem contar entre si,
o que do alto nas copas das árvores,
puderam observar, e contam, cantam,
eles me encantam e sossegam para
no novo dia recomeçarem,
que em parte se parecem um pouco de nós
quando voltamos aos nossos lares.
Beija sol
E a magia me leva
Leva o beija sol, beija flor, que beija com amor...
A magia me leva,
beijando o sol,vou!
Leva e nem quero estar de volta...
Tudo me acolhe, abre os braços,
alimenta a minha vontade de ser
e de fazer e ir ...
Beijo o sol, beijo a flor, sou puro amor
Danço, canto, escrevo, escrevo como
quem tem que tomar um remédio
para curar uma dor, sem hora marcada...
E sem esperança de cura, o amor é uma espécie
de martírio, por isso quero morrer de amor.
Derramo devaneios
Vou por aí sem rumo...
E... Escrevo, escrevo,
mato minha fome de palavras
e a minha sede de amar,
afogo... Se me completa?
Não, não completa, mas,
gosto desse vazio, gosto.
Gosto dessa busca, busco
e me satisfaço com
os pensamentos...
Derramo devaneios
para ninguém, ninguém!
Até chegar a horta de dormir, sou intensa...
Sofro, sofro? Ninguém me entende,
ninguém me conhece, nem eu mesma.
Caminho por onde não me atropelam
as palavras, antes nelas eu faço minha cama
e adormeço.
Pensar e pensar
Precisava registrar
alguns momentos passados,
por mais tolos que pudessem parecer,
era a vida que havia acontecido,
porque o barulho dos tratores,
a poeira amarela da piçarra,
que encobria o final da rua,
ainda hoje marcava
a sua alma em primeira mão...
Tantas lições foram ficando,
tantas páginas daquele livro foram rasgadas,
ruas que foram fechadas, se tornaram praças,
morada para os pássaros e sonhadores sentados à admirá-los
desejando voar, mas, sem asas, se conformam
à carregar o peso de ser humano
que se dedica à pensar e pensar.
Depois de tantos anos
Dos tantos caminhos que trilhou
tentou se perder,
para que não lhe achassem.
Foi feito um túnel,
para chegar no futuro,
mesmo depois de tantos anos,
ainda podia ouvir
as portas e janelas
batendo com força,
para que dentro
de casa pudesse
sentir-se protegida
daqueles dias assustadores, era a civilização
à passos lentos chegando.
Tudo àquilo parecia tão absurdo, invadindo um mundo restrito,
onde só havia, um rio gigante e turbulento durante o dia,
e à noite, o cri cri dos grilos invadindo
a escuridão, pingando de esperança à noite, dos vagalumes.
Flor despetalada
Posso enxergar você deitado no chão ao relento,
dormindo num surrado papelão...
Depois vou para casa, com minha alma ferida,
dói sabê-lo sem um cobertor, e tão desvalido.
Um desconhecido, precisando de um sorriso,
de braços para abraçar, mãos vazias
sem uma palavra levantando o seu triste olhar.
Feito flor jogada ao vento, despetalada...
Ah a vida e suas adversidades...
No peito um coração
que se compadece pela humanidade.
E passo os meus dias assim durante o ano inteiro,
não importa se é dezembro,
Natal ...Prática para o ano inteiro.
Para a falta esperança ou de consolo;
Todo gesto de amor, é motivação para aliviar o choro.
Não posso matar a sua fome, ou dar um teto.
Posso dar um sorriso, uma palavra de conforto,
olhar dentro dos seus olhos e dar o meu afeto.
No infinito
E eu que sou poeira, estou em todo lugar,
desapareço na chuva não sou deixada
para trás, renasço em qualquer
jardim encharcado, desejando sol,
sou rastro, capacho da solidão,
sou flor, sou música. Sou chão,
Sou borboleta
que passa deixando a ilusão... Sou beija flor,
retiro da sua visão o horror...
Sou outono espalhando as folhas secas,
levo em minha alma as cores das paisagens,
carente de poesia sou, preciso nas noites do brilho
das estrelas para assim sufocar o grito de um amor
que no infinito se calou.