As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos

 
 



Trajetória
   P o e s i a



Alguém um dia me avisou que tudo aquilo iria passar.
Aos poucos irá deixando em alguma parte da estrada
fragmentos da sua alma que não irá recuperar,
fará de agora em diante, a sua própria construção.
Quando deixei de ser somente
uma paisagem agradável na casa, aos olhos
do que se dizia meu dono, que com o passar dos anos,
nem me via... Mas por perto me queria,
para querer controlar até os meus pensamentos.
Quando fui viver a minha vida longe da sua possessividade
quando não me preocupei com quem eu poderia ser,
redescobri o meu mundo, e recuperei a minha liberdade.
E nesse novo caminho eu prometi para mim mesma,
tentar não repetir alguns erros e não mais, nunca mais.
Ruas, quantas ruas sem saída, criar três filhos sozinha,
quedas, lutas, conquistas, sem versos, muito drama,
por muitos anos foi assim o que eu chamava de minha
vida! Tudo era tão incerto, tantos medos, guardo tantas
lembranças de humilhaçoes, disso não faço segredo.
Hoje tudo aquilo, transfomei em prosa e verso.
Vinte e oito anos se passaram, ah tempo, sofrimento,
levou metade de uma vida. Hoje sou outra.
Deixando para trás momentos de desilusões...
Que não foram de poesia, mas senti doer  na alma
tantas decepções.
Chegou um momento de consciência, aprendi as lições.
Agora é respirar e sentir a brisa, o gosto da vitória!
Eu me chamo recomeçar sempre, essa é a minha trajetória.
Agora, até o reflexo da lua eu percebo, sinto o vento,
sinto na pele os raios do sol no amanhecer, chegando no lago, 
sou só gratidão espelho-me em doce realidade.
Lembro das grades que o destino quis a mim, impor
para que eu não alcançasse a minha liberdade.
Fui rebelde, fui corajosa, audaciosa, corri atrás,
não me dexei morrer segregada.
Quantas vezes precisei e pensei em escrever, mas não,
tinha medo que ele pudesse o meu desabafo encontrar.
Por entre lágrimas, eu escrevia, depois da separação,
para descrever a minha infelicidade, colocava o meu rosto
entre as mãos. 
O meu olhar pairava no horizonte,
então eu sonhava, criava forças e sorria, escrevia,
sem rima, e sem constrangimentos.
Longe de mim, ser poeta, longe de mim, ser escritora.
Se existisse um certificado para o sofrimento,
eu seria na vida pós graduada, tinha diploma de sofredora.
Para minha felicidade, tudo isso não passa de lembranças
de uma história de um dia muito distante,
agora me resta sorrir, alcancei o tão sonhado horizonte.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 27/08/2020
Alterado em 30/08/2020
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.