As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos






 



O rascunho do amor



 
A gente ama e sabe que o amor não é algo que se inventa.
Quando somos amados e o nosso coração não corresponde
não nos sentimos responsáveis pelo outro. Às terças,
sempre que posso vou à uma cafeteria que fica na histórica
Praça do Ferreira, aqui em Fortaleza no Ceará;
Na antiga Rua do Ouvidor, há muito tempo passou a ser
Rua Guilherme Rocha. _ Então peço um café expresso,
enquanto tomo observo o grande movimento da Praça,
próprio do horário comercial. Outro dia lembrei de
uma moça aos vinte e um anos de idade, que passava
sempre apressada por essa Rua do Ouvidor, seguia
de segunda à sexta-feira, depois do trabalho,  fazia esse
trajeto, de encontro à estação para pegar a condução que
a levava para a escola, onde estava concluindo seu curso.
Pensando amiúde naquela moça cheia de sonhos,
fiz uma pequena viagem no tempo e me vi lá... Depois
acabei no ponto de partida naquela pausa para o café que
esfriou. Fui saindo, me levantei, paguei pelo café.
Quando encontrei um papel amassado caído ao chão
da referida cafeteria _ O que nele chamou a minha atenção,
estava escrito com letras graúdas com tinta preta, a palavra
amor, apanhei o papel, quando eu ia abri-lo na curiosidade
de ler o conteúdo do rascunho, naquele instante, uma mão
tocou o meu ombro e uma voz forte, falou: _ Tudo bem?
Levei um susto, (no automático coloquei o papel dentro
do bolso do meu casaco, cumprimentei o velho amigo,
que me convidou para um café, aceitei. Mais um café?
Conversamos por horas, relembrando o colegial, conversa
solta, e banal... Que me impacientou... Depois fui para casa,
esqueci de tudo daquele momento besta e segui. Esqueci
totalmente o papel no bolso do casaco que já nem estava
usando, pois havia colocado em meu braço esquerdo, enfim,
chegando em casa, pendurei o casaco. Hoje fui colocá-lo
para ser lavado, sempre costumo examinar se não tem alguma
coisa para não estragar a máquina, foi aí que encontrei o papel
amassado, ah! Sentei e fui ler, para minha surpresa.
O bilhete foi deixado de propósito, era do dito amigo que
me abordou no café, e que jogou por um tempo a conversa
mole fora, sem dizer nada do que estava escrito neste bendito
papel. Encontrei palavras bem interessante no bilhete, que
até em outra época me valesse de alguma coisa, mas
infelizmente não havia mais tempo em minha vida,
para esse jeito de amar, rasguei o bilhete onde além da confissão
de amor, que resistiu a um tempo, e que tempo! Estava escrito
no papel também o número do telefone dele, ele era mesmo
muito tímido. Lamentávelmente o tempo engoliu as palavras.
Porque o único amor do passado  pelo qual eu ia me interessar
à esta altura da vida,  era o amor de um passado mais recente,
porém amor impossível. Nada tenho contra o amor, eu que
há muito tempo desisti, prefiro ficar quieta e só.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 27/09/2020
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