De galho em galho
Quero toda a intensidade da vida, suas dores, suas alegrias,
quero pisar no chão, descalça sentir a grama ou a areia,
hoje eu vou sair de casa sem medo, remoendo segredos
tão meus, quero botar para fora desapontamentos
e castigos do meu coração, quero reavivar as cores,
refazer a minha alma, rasgar o peito, arrancar espinhos
dos meus pensamentos, sem deixar de admirar os girassóis.
Que eu possa pelos caminhos, sentir a brisa, quero me banhar
suavemente com a neblina, assistir os voos dos pássaros cantando refrescados, quero seus pousos de galho em galho,
hoje vou ganhar esse dia como o presente mais precioso.
Quero pegar meu rumo, seja ele qual for, quero de peito aberto
o meu destino, sem escolher os caminhos, sem agasalho.
Com o direito de me sentir livre alegre ou triste, seguir
aparentemente quieta, em meu silêncio quero deixar a minha
alma gritar antigas e as mais recentes poesias que já pude ou
venha a escrever.
Não quero fugir da tristeza, não quero me esconder do passado,
hoje eu vou de encontro às coisas das quais por muito tempo
tentei esquecer, quem me magoou e a quem feri sem querer.
Vou deixar a dor doer, rasgar as feridas que nunca cicatrizaram,
depois esperar que o tempo que tudo cura... Sare. Depois talvez
para sempre me cale, hoje quero passar a limpo a minha história
nada fácil, dentro de cada poeta sempre haverá tantos gritos,
exclamações... quero me livrar desses anseios, lembrar que o amor
que guardei e guardo é somente meu.
Consciente que em mim, nada restou de seu. Quero viver tudo
por hoje, amanhã quero acordar sentir a vida como uma folha
em branco, reescrever tudo com mais gosto, me importar com tudo,
sem com nada me importar, ser chegada ou despedida.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 28/09/2020