As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
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                                  As roseiras








                                  



Beatriz era uma mulher que se encontrava fora do mercado de trabalho, por não ter há algum tempo encontrado alguém de confiança para que tomasse conta das crianças do seu marido. Quando ela casou com Tomás ele havia perdido a sua primeira esposa que lhe deixou com quatro filhos ...Beatriz sentia muito carinho pelas crianças e se desdobrava para que elas ficassem bem, e muitas vezes ela pensava em sair daquele relacionamento, mas sentia compaixão das crianças.
Entre um ou outro tempo livre, Beatriz gostava de cuidar das suas roseiras e quando ela as podava e via a cada dia o resultado positivo, sentia uma alegria imensa, o colorido das rosas trazia para a Beatriz uma sensação de poesia e de amor, um amor que na sua vida real não existia, o que havia era somente um compromisso e a responsabilidade com os filhos que de certa forma havia adotado, não queria que eles a vissem como a madrasta, mas Tomás, seu marido, com o passar do tempo se revelou muito frio, e tudo estava desgastado demais, Beatriz era muito jovem para desistir de uma vida mais voltada para ela mesma. 
Naquele dia, passava das treze horas, quando Tomás chegou e encontrou Beatriz cuidando do jardim da casa onde eles moravam. Impaciente ele olhou para o relógio que trazia em seu pulso e perguntou se havia almoço pronto, porque ele estava precisando voltar em uma hora para o seu escritório, e perguntou se àquela era hora para cuidar de plantas e onde estavam as crianças, Beatriz falou que haviam almoçado e que estavam descansando, depois de suas tarefas da escola. Depois ela se fechou, não falou mais nada, apenas soltou ali mesmo a pá e o balde com adubo, retirou as luvas das suas mãos e entrou com Tomás, mas ele não reparou que naquele momento ela entrava para dentro de casa, como àquele funcionário insatisfeito de sorriso sem graça para não desgostar o seu patrão.
Ela pôs a refeição dele e lhe deu a desculpa de não estar com apetite, mas sentou-se e lhe fez companhia...  Tomás reclamou de mais uma coisa ou outra, sem olhar nos olhos de Beatriz, que acenava ora sim, ora não, para não desagradar o seu marido, mas ele falava como se estivesse falando para ele mesmo, nem se importava com a opinião dela. Quando ele terminou a refeição, passou mais alguns minutos e saiu reclamando que estava atrasado e que se pegasse engarrafamento, teria sérios problemas.
Tomás se perdeu no fim da rua, Beatriz foi ver se as crianças estavam bem, e voltou, ficou parada em silêncio, à porta, pensando na própria vida, e no encanto das suas rosas, como ela sentia afeição por suas roseiras, elas eram a poesia que lhe restava, um refúgio. Porquê até mesmo quando se tratava dos filhos, ela não tinha o direito de dar opinião, era o Tomás quem mandava em tudo, se ela mimava as crianças, ele dizia que ela estragava a educação de seus filhos. Muitas vezes Beatriz imaginava uma saída, só que não havia, estava entregue a uma vida que não era aquela que havia desejado, mas agora era só uma estrada, sem desvio, não iria relutar, seria impossível largar as crianças para uma suposta desconhecida, o seu sacrifício a sua meta era ser parte da vida daquelas crianças, com empenho iria esperar elas  crescerem,  e com resignação Beatriz voltou às roseiras.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 15/04/2021
Alterado em 16/04/2021
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