Saudades da serra
O cotidiano me atrai, as crônicas locais, as opiniões conclusivas,
costumo resguardar meu ponto de vista, evasão, só na imaginação.
Compreendo a essência racional, esqueço o instinto natural
e os motivos.
Volto as lembranças dos sons e aromas;
faz tempo que não sinto cheiro de milho assado,
faz tempo que não como pamonha feito na palha,
faz tempo que não vou à serra, mais tempo estou, sem ouvir
o coachar das rãs nas bananeiras, o cri cri dos grilos...
E de noite o toque na casa grande, com os sanfoneiros.
Saudade de Redenção,
e das noites de lua cheia.
Saudade das feiras aos domingos, e do badalar do sino
na matriz, chamando para a primeira missa às sete da manhã.
Preciso voltar à beira do açude, pescar, sentindo o cheiro
das flores de laranjeira.
Faz tempo que não escuto o galo cantando, faz tempo não ouço
o apito do trem, chegando a velha estação... (extinta)
O capinzal, os caminhos estreitos, o cheiro de terra molhada,
faz tanto tempo que estou longe da serra, e das estradas...
Faz tempo que a minha alma só passeia em sua imaginação,
faz tanto bem, daquele pedaço de chão recordar, coisas tão lindas,
somente quem se identifica, compreende, sente e sabe valorizar.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 23/07/2021