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Procuro saber o que, ou quem sou, seria os invernos perdidos, ou náufragos desesperados nas tempestades, congelados ou esquecidos, não... serei os invernos que estão por vir, aquela estrada solitária que no retrovisor se apaga, e aos poucos feito o passado vai ficando para trás, mesmo assim sou essa que vai, levando um desejo que não se esvai.
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Serei o devaneio duma infinita paixão, serei o amor ardendo em triste suspiro, consciente desse acalanto às ilusões, serei assim relutante na busca de forças para resgatar e manter acesa a esperança que enfrenta os medos de cair fundo, serei um livro cuja página à mostra, traz o pó fino das pétalas guardadas, que soprado, espalha o amor quieto à espera de um tempo que não virá... serei lembrança, duma flor que não foi entregue, igual a alma flor, despetalada na fria noite sedutora.
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Serei condenada e refém, de uma lágrima noturna, e fiel... desconsolada serei a alma que voa, sem querer enxergar ou curar as marcas somente escritas, no diário da vida e do tempo, na vontade louca de mudar uma distância que aproxima e ao mesmo tempo isola.
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E as palavras tentam de um jeito inútil amar, traduzir os rastros jamais pisados, mas apagados, não serei, mas estarei às voltas do não desistir, e pelos caminhos estreitos, caminhos do impossível, seguir. Serei as páginas secretas, num diário que conta um amor proibido, serei alma e verso, insistindo em sonhar, contando a própria história de querer, querer, querer, e amar, sem jamais poder alcançar.
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