Alameda dos Bogaris
Tem lugares que tentei apagar da minha vida... pelo visto não consegui. Acabei de passar pela alameda dos Bogaris, sem querer, a minha mente viajou para um tempo que julguei ter sumido para sempre, junto com os primeiros desenganos, como se eu estivesse depois de tudo, morando numa outra cidade a mais distante daqui, e jamais pudesse voltar a passar por ali, não gostei das lembranças que de súbito vieram, lembrei também das palavras que ouvi da minha mãe sobre àquela alameda que um dia escolhi conhecer e confundir com a rua da felicidade, se é que essa rua um dia eu conheci. Naquele ano ela me disse: espero que a sua escolha possa lhe trazer contentamento e nenhum arrependimento. Certamente ela desejou de todo coração e deseja até hoje a minha dita felicidade, mas naquele tempo, mais pareceu uma admoestação que uma benção.
Sempre gostei de escrever em demasia e falar o mínimo possível, sempre gostei de não me envolver com grupos de amigos, ou coisa parecida, ser reservada, ou até bem mais que isso, de certa forma por uma vida inteira escolhi ser bastante isolada e findarei assim, para não me expor e me proteger de um suposto sofrimento, então quando sequer eu mesma me conhecia, já temia desilusões, ao contrário de hoje que me conheço muito mais, e ainda assim continuo muito mais na minha, prefiro... não escrevo por refúgio, não amo por amar, amo porque conheci alguém que merece todo meu amor, o amor é algo que chega e modifica a alma da gente.
Porém ao passar hoje depois de tantos anos na alameda dos bogaris, senti algo que prefiro não voltar a sentir, a minha vontade foi de me esconder muito mais do mundo, de tudo o que há na vida, me esconder principalmente de mim, esse é um lado do meu eu' que preferia nunca ter conhecido, um tempo em que a ingenuidade confundia somente tudo, se eu tivesse escutado a minha mãe, tanto seria evitado, embora a alameda continue aconchegante.