Pela manhã eles chegam cantando, a visita é rápida, alegram o dia,
sobem pelo telhado... tocam sempre bem fundo o meu coração,
quando se vão, fico me perguntando, onde irão? Os meus olhos seguem,
à não alcançá-los mais, os meus pensamentos junto se vão, e retornam.
Depois de você, outro; jamais.
Adoço o instante... escrevo um trivial, acalmo, sem medo, alma à dentro,
refaço as asas relutantes, perderam o jeito de voar, enquanto o corpo
insiste em sobreviver, com as asas sofridas, partidas - Desiludidas.
Com frágeis voos, rasos, buscando abrigo, voltam ao chão, temendo
escorregar para o abismo, enfrentaram várias tempestades, penando
nem sabem o que dizer às lágrimas ligeiras, escorrendo, rio incontrolável.
Adianta? Amor platônico é um dia amanhecido, escuro, sem réstia de sol,
numa casa deserta, abandonada, com as janelas fechadas, sem ventania,
de folhas secas, roçando o telhado, ferindo sem dó, sem alegria, terreno
abandonado, espaço baldio.
Amar sozinho, ouvidos moucos, paixão desilusão, estarrecido coração.
Telhado há pouco cantante, agora vazio, amor de ilusão, sonhos soltos,
passarinhos livres, lua nova deslumbrante, olhos tristes, alma errante.
Não é a solidão aumentando, nem a paz que vai acabando... mais que isso,
desejos perdidos, largados num terreno da vida, totalmente esquecidos.
Amar sem ter amor, sono aturdido, confusão de gatos rasgando as noites,
arrebentando um silêncio cortante, agasalho, invernos, pássaros da ilusão,
ventos uivantes, cegueira sem cor é a paixão, olhos fitam o céu sem amor,
a paz aos poucos se acabando... perdida, é uma alma sem amor.