As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos

 

 

 

 

 

Uma pedra

 

 

A janela do tempo chamou

a atenção da vida...

que aos poucos estava indo.

 

À beira do riacho, pensativa,

queria dizer qualquer coisa,

contar

que a menina que havia,

e que corria depois pelos caminhos,

sorrindo, quando as flores azuis

pequeninas colhia...

 

e as amava,

elas lhe causava estranha alegria,

porém a menina, não estava mais.

 

A descoberta aconteceu

no descer as escadas da casa,

no topo da serra, por onde

destemida atravessava o riacho,

envolvia-se com o barulho

das fontes, incessante feito

os pensamentos que ferviam.

 

De fundo, o verde.

 

Inconfundível, chamando,

cantava o sabiá-laranjeira...

ela escutava,

entre outros cantos.

 

De volta à realidade,

sentia a brisa

refrescante, sob o sol brando.

 

Pés de caminho livre, pedras variadas

de cores, algumas delas

escorregadias por força do limo.

 

Um sonho fugindo,

sequer aparecia.

 

O encanto era só da natureza,

e não da sua alma,

por dentro morriam as fantasias.

 

Precisava voltar para um lugar

que já não era refúgio,

enfrentaria o evidente agora!

 

Sem lágrimas ou desgostos,

sem desejos de nada mais percorrer...

 

De nada mais precisava e,

sem pedras nas mãos, delas

apenas uma, e precisava,

para pôr no lugar do coração,

aos poucos estava à morrer.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 29/05/2023
Alterado em 26/06/2023
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