Sentir

Caminhar sob a neblina, sentir a areia molhada da praia, sentir o vento

soprando pouco a pouco, um tantinho assim da areia das dunas, 

batendo no rosto, depois sentar-se em frente ao mar, fechar os olhos

e tentar reencontrar os caminhos dos sonhos... sendo em vão.

Esquecer os fardos, tentar entrar, e permanecer na leveza mesmo

em dias difíceis, desejar que ao abrir os olhos, os pensamentos clareiem,

no voltar à caminhar, sentir a mesma solidão daquela gaivota, parada,

contemplando para além do que a visão pode alcançar!

Sem forças para voar, como eu.

O silencio mais demorado possível, quebrado apenas pelo barulho das marés, para que a mente volte certamente, e deixe vagar sem destino, preciso. É preciso desprender-se dos mínimos detalhes do amanhecer, absorver somente a visão da fragilidade das flores esmaecendo as suas cores, ainda belas, caídas, enfeitando agora o chão, delas, uma flor semi morta, desanima.

Adiante um despertar, o olhar se prende-se à ânsia do beija-flor, em busca da flor, que lhe nega amor... sentir tristeza, sentir saudades da alegria, sentir, sentir, ah santa ingenuidade, que me faz tanta falta... nessa minha vida, sem  ti.

Liduina do Nascimento