Folhas secas
Não temos mais tempo para as coisas que nos faz sentir melhor, coisas simples, bem como sentar sem pressa num banco de uma praça qualquer, ou no chão, à beira de uma estrada, só para olharmos para as nuvens, sentir o vento, e divagar... sem a qualquer conclusão chegar, sentir o prazer de estarmos sozinhos, livres, de tudo, sem desejar afeto, ou palavras de carinho... apenas sentir a vida, com ou sem dor, mas não temos mais tempo sequer para ficarmos diante do espelho e sentir o tempo caindo sobre nós, sem tempo até de absorver o desamor. Não temos mais tempo de ouvir, a história recontada de nossos pais, vontade, até temos, relembrarmos coisas que nos fizeram felizes, e que não voltarão jamais, não temos tempo para ouvirmos nem mesmo a nossa própria voz.
Queria, ter tempo para assistir paciente as suas queixas e até as minhas, mas não tenho, queria ter tempo para parar num album antigo de fotografias, sorrir ou chorar, lembrando de um tempo inocente, quando eu corria contra o tempo sem nada sentir, pois a esperança de um futuro ardia no peito, sem medo. Tínhamos por certo, que os caminhos nos levariam para um tempo senão perfeito, mas sobraria alguns instantes para vermos as folhas secas pelos céus passando...
e o nosso coração, cheio de amor, pulsando. É isso... agora o nosso tempo acabou, e tanto corremos, e tanto nos cansamos, que no final do dia, refletimos com sono, que de nada adianta correr, pois o nosso tempo de sonhos, está também acabando. E feito a árvore mais antiga que há muito vive em minha rua, feito suas folhas secas, o vento me está me levando, sei... a minha vida está também passando. E o tempo que me resta, ah nem tenho tempo de nele, pensar, tenho pressa, é a vida me chamando.
Liduina do Nascimento