Quando alargaram a ruazinha estreita em que morávamos, eu, minha mãe, meu pai, minha avó materna (viúva)
e mais cinco irmãos... nunca eu poderia imaginar por quantos caminhos aquela rua um dia me levaria, na minha inocência sequer, poderia alcançar nem em pensamentos um outro lugar que não fosse aquele onde eu vivia.
Não chegava a ser uma rua de verdade, era um longo risco feito num matagal virgem, cortado por foices, pelas mãos dos meus pais... que fazia chegar até a nossa casinha construída com amor, aos poucos foi chegando um ou outro novo habitante, que distantes um do outro, acabamos sendo os primeiros moradores da antiga Casa Popular, atual bairro Henrique Jorge. Quantos caminhos, há décadas tive que trilhar, dali saí um dia cheia de sonhos...
retornei, acreditando que alguns dos sonhos cessaram, outros acalento e acalentarei. Hoje tanto quanto naquele tempo inocente, já não almejo alcançar tantos outros lugares, encontrei o meu sossego, vou ficar. A vida nem é do jeito que a gente sonha, nem por isso deixamos de amar e valorizar o que foi possível realizar, viver bem, é saber agradecer o que se tem, a vida não foi feita para nos lamentarmos.
Tem gestos tão simples, que sem querer, nos reportam ao passado, feito essa simples flor, e em suas frágeis pétalas asas de borboleta, voei, porém como tudo cessa, tudo seca, um dia nos tornaremos pétalas aos ventos, sem rumo.