Ímpar
Era mais que aflição, na ânsia, busca incessante, os passos lento e hesitantes, era um existir inacessível, um querer sem querer, um sonhar desacordado, por entre montes e lajeiros, tempestades e pensamentos carregados dos absurdos do mundo inteiro... o difícil não era aonde queria chegar, mas sim o presente caminhar.
Não existia futuro, nem desejos pendurados nos galhos do tempo, era fogo sem ventania, era um existir pesado, olhos pasmos na tristeza, enquanto ao seu redor todo encanto do mundo havia, paisagens belas, e todas as noites o céu reluzia de tantas estrelas, para além da janela, o mundo, este cada vez mais escurecia e tudo se fechava dentro dela.
É assim quando a alma desaprende à voar, quando obstinada, sequer sabe o que vai procurar, perde o prumo, alquebrada esquece o caminho que tão simplesmente leva à felicidade, a ânsia vai se tornando um hábito, um vício que não traz vida, a alma arrasta-se pelas lamas, sem luz e sem vida.
A tristeza é um abismo profundo, de onde quanto mais se tenta sobreviver, mais se afunda... é preciso fé e força interior para não se deixar abater, não aceitar assistir aos poucos cada sonho morrer, é preciso viver, sorrir, sonhar, para fazer valer a pena o nosso ímpar existir.