Saudades, sinto... de chuva, e de ventania levando
e trazendo os galhos da antiga árvore roçando no telhado,
ao longo dos dias... é que a chuva me vem acalentar!
Saudade de sonhos antigos, vinham puxando pensamentos,
transportando a alma para lugares onde não voltarei a pisar...
sinto saudade das conversas banais, saudades das tanajuras voando
e caindo no terreiro da casa, no final do dia depois da enxurrada,
elas invadiam os nossos quintais... saudades das galinhas cacarejando,
subindo em alvoroço no poleiro, ao anoitecer.
Saudades do enjoo do cheiro do querosene invadindo as lamparinas
para alumiar o nosso simples e sempre gostoso jantar.
Saudade é a memória do nosso coração desaprendendo a amar,
para sobreviver ao pouco que restou de nós...
saudades dos meus irmãos reunidos, saudades dos meus pais,
saudades dos meus avós, saudades das broncas, e ensinamentos
eles tudo nos ensinaram, menos a sermos sós.
Saudade da troca de situações que nos coloca diante do tempo,
de geração a geração, saudades dos meus filhos ao meu redor
ouvindo minhas coisas de quando eu fui criança... hoje conversamos
silenciosamente, somente eu e as minhas tolas lembranças.
O tempo passou, e tudo vai se apagando, é inevitável ficarmos
para trás, as coisas vão perdendo o significado, o que resta do passado,
é um álbum de família, triste e amarelado e o meu resto de sorriso.