As estações da alma.
A alma voa, deixando por onde passa... os seus rastros em forma de poesia.
Textos

 

 

Passos

 

 

Sempre deixamos em nossos rastros um tanto dos nossos sonhos mais lindos, também deixamos pingos invisíveis de nossas lágrimas, seja na areia, no asfalto, ou confundidas com as águas que escorrem com a chuva. Sempre deixamos o nosso desejo mais escondido na timidez profunda da lua, que por mais que brilhe misteriosamente, conhece a profundidade que existe na tristeza de um amor não correspondido, perdido pelas ruas.

 

E sente, sente a areia que assistiu a melancolia dos nossos passos, sente o sal de nossas lágrimas às águas que misturadas para sempre se vão, pelo amor que não possui, e temperadas. Quando volta com força o sol, o calor do asfalto, nos fadiga, entorpece a nossa alma que por um amor, triste caminha, sem o seu amor, sozinha.

 

Falta pouco, e sempre haverá de faltar, um riso verdadeiro, um brilho no olhar que alcance para além do infinito, sempre haverá de faltar a alegria de que perdure um sonho, que um dia pudesse se realizar numa história de amor, que em fantasia foi tão bonito, na história que morreu nas páginas de um livro que não foi publicado, sequer folheado, adentra as madrugadas, nessa insônia sem lógica, é que às vezes invade a alma.

 

A poesia é algo muito triste... é a opção que o coração não consegue fazer de poder viver sem o seu amor, toca a vida sem plenitude, nos dias e nas noites, já não se importa se chove lá fora, se todos dormem e ninguém mais ouve, o grito dum amor sem limite e sem esperança, abraça a sua solitude.

 

E os ventos em açoite, avançam, quebrando os galhos que batem forte à janela, como a querer despertar algo que já não existe, quase nada mais pulsa, além da saudade dentro dela, que passou uma vida inteira sonhando, enquanto do outro lado da vida, a própria vida ia passando, sem ela.

 

São sentimentos estranhos e esquisitos. Falta pouco, muito pouco, para tudo o que foi intenso ficar para trás, nem um pequeno conto será, esse amor que de verdade, se tornou uma história que retrata a poesia triste sobre um amor que aconteceu e se tornou um conto muito antigo, desses que não se escreve mais.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 30/03/2024
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