Uma palavra
Gosto do excesso das palavras, gosto, mesmo quando nada conseguem transmitir, porque delas, o sentido, quem dita é a alma, a palavra uma vez escrita, esvazia qualquer coisa, escrevo como quem toma uma estrada sem destino e sem intento, estou naquele trem antigo, à janela, acomodada, o vento soprando o meu rosto, querendo ou não, algo sempre faz lembrar, reportando a outros lugares, depois retorno ao percurso, vida à frente, o que passou passou, é quando os meus olhos se prendem aos pequenos e simples detalhes, é um pouso da ave aparentemente atenta, e na velocidade, ainda posso ouvir, ela cantou, como a me encantar! Outras rápidas paisagens estão a passar, não me detenho, tenho que partir e partir, porém, por dentro, estou sem pressa, sempre a fugir.
Nessa viagem vou sem uma estação certa onde eu queira ficar... Olhando tudo o que vai passando, a vida parece mágica, nesse tanto de chão que um dia terá fim. Antes esse chão acabe, lembro quando eu só sonhava, tanto sonhei, que muitas vezes esquecia de acordar, acabei perdida e tão longe, muito longe fui, nisso, fui ficando sem mim. No fundo eu sempre soube que , tem sonhos, que nunca iremos realizar.
Um dia entreguei-me a um amor... dele, inocentemente, fiz o meu viver, amando, louca, acreditei nas palavras, me enganei sem perceber, o amor deixa quebrada uma alma, muitas vezes ao tentar remendar um coração, se sofre até descobrir que cristais quebrados, podemos até dar outro jeito para recuperar, o amor não... um amor desencontrado, joga você vida à fora, sem nunca mais juntar as partes da alma, que ele levou, daí em diante, você nunca mais acredita na palavra amor.