https://efigiepoesia.blogspot.com/2025/01/invernos-de-outrora.html
Hoje
A antiga, e primeira escola onde há décadas, eu na minha infância estudei, continua funcionando, hoje com modernidade, todos os dias ao sair para o meu trabalho, eu passo em frente dela, pois moro a uma quadra, quando os meus pensamentos estão mais livres e não me sinto tão focada em coisas que preciso resolver, passo bem devagar e vejo o entra e sai dos alunos e os seus pais os tomando pelas mãos para o seu dia de aula, nas primeiras horas da manhã... Penso no evoluir do tempo, onde alguns costumes se repetem de geração em geração, porém longe do rigor do azul marinho do fardamento, da simetria do plissado das saias bem abaixo dos joelhos, das camisas branquinhas de algodão, engomadas (passadas no grude) com o ferro a carvão, ardendo em brasas. Dos calçados Vulcabrás, e as meias longas e brancas. Tudo impecável.
Dizem que os velhos vivem de lembranças, discordo, mas é inevitável, não deixar de ainda ouvir os gritos daquela criançada correndo na grama, onde corríamos numa liberdade inocente enquanto chegava aos nossos ouvidos, o grito irritante daquela sirene, e sem fôlego enfileirávamos para chegar pontualmente para rezar o pai nosso, uma ave maria, (ali a laicidade ainda não prevalecia) depois ao hastear da Bandeira do Brasil, todos em forma, cantávamos o Hino Nacional entre outros, Hino da bandeira, Hino do Ceará e da nossa cidade de Fortaleza, era implícito decorarmos, tal qual uma tabuada. E tantos outros válidos ensinamentos.
Hoje eu dei uma viajada legal no tempo, quase não voltei, cá estou pensando nas belezas e nos íngremes caminhos que passei para chegar em 2025... Percorri campos abertos e também labirintos, agora confesso que fiquei um pouco cansada, e bateu uma vontade imensa de retornar mais cedo para casa... Para sentir-me livre das amarras que obrigatoriamente a vida nos faz usar, quando a nossa alma é livre, é mais difícil nos deixarmos aprisionar, seja por qual motivo for.
A escola não mudou de nome, continua sendo FELIPE DOS SANTOS, por onde eu e os meus irmãos passamos, depois os meus filhos e os filhos do meu filho. Foi muito bom fazer hoje essa pequena passagem mais lenta em frente ao colégio, ah como tenho tantas e tantas coisas lindas, para da minha infância recordar. Foi bom, mas o importante é hoje, o hoje que ainda me pertence, dele quero viver cada segundo, sem nada para lamentar.