Estágio da alma
Quando a escuridão da estrada já não causa medo, vamos nos perdendo ante a insensatez dos pensamentos e o sumiço de sentimentos de esperança, voamos para longe dum amanhecer... não, não amanheça, quero a penumbra da longa noite onde me sinto segura. Foi a sombria palidez no final da ponte que intensificou o tédio do viver sem sonhos, abafando os suspiros tudo torna-se com menos peso enquanto vida.
A amargura trava os horizontes, que agrada aos olhos que nada quer alcançar... o sofrer deixou sementes, que ao longo da viagem foi se enraizando, agora a qualquer momento uma pausa para descansar embaixo desses longos braços do tempo, ah que tempo! - Agora resta flutuar sem rumo pelos ares, retornando invisível para não deixar seus rastros e ninguém encontrar.
Mira um vazio aconchegante, adormece, e no sono sorri e abraça os fantasmas que arrancam todas as fantasias, acertando em cheio o abismo que é o nada sem graça, tanto faz aqui ou ali, nem percebe que o orvalho prateado espalha-se cobrindo a sua passagem, não enche os olhos com as cores, nada está como queria, nem sente tristeza ou alegria.