À janela do trem
Trilhos entrecruzam-se, confundindo o meu olhar, cortando caminhos, em meu rosto estampa-se a loucura dos ventos empurrando os matos, e n'uma sôfrega visão, tudo aparece e se esconde, ficam para trás outros pensamentos e coisas... Não gosto das surpresas que me aguardam num futuro, do presente sou refém. Nesse durante e único, e no enquanto... minha impiedosa alma voa, eu por mim... sou este absurdo silêncio, estou inerte, à janela lá vou eu ciente do que me fez a vida... e que me agradou.
Embriago-me do verde do mato aveludado, em veredas distantes. Ora capinzal ou canavial que se curvam, sentem os meus sonhos. Os variados tons verdes, aqui acolá, flores dos Ipês amarelos, que contrastam e que me empolga... A trepidação, vez por outra me desperta da ilusão que carrego, ora durmo, ora voo nas asas dos ventos, louca que sou... Lentamente conto uma a uma as vírgulas do tempo, elas não pausam a minha
antiga saudade, restou.
Ainda deu tempo de ver um rio que escorria incessantemente, embora entre bem dormindo, sem querer, ainda sonho com você... Perdi a hora do amanhecer, bem como escaparam pensamentos que eu queria dizer... Ansiosamente fujo, a realidade, não busco mais ser feliz, vivo apenas, querendo ao sonho voltar, são visões da mente, e sensações que passam por nossas mentes, para nos afligir ou acalmar, daqui a pouco
tudo perderá o sentido, nada mais haverá.